terça-feira, 11 de outubro de 2011

REINALDO AZEVEDO

Os petistas querem falar em “práticas fascistizantes”? Eu topo! Ou: Ira-ny tem de fazer campanha queimando sutiãs em praça pública! Adiante, valente!

Sinto especial prazer em desmoralizar petistas - até mais, confesso, do que em desmoralizar militantes dos outros partidos por uma razão simplíssima: eles se colocam publicamente como monopolistas da virtude, embora não acreditem nem no que dizem. Cínicos de outras legendas são sempre menos convincentes porque não carregam aquela aura de defensores dos oprimidos. Já os petistas… Ah, parte da reputação desses valentes se deve a seu suposto apego à causa dos que mais sofrem. Assim, alegam ter não só o monopólio da virtude como o da caridade.
Paulo Teixeira, líder do PT na Câmara, assina uma nota (ver post anterior) em defesa da censora Ira-ny Lopes, titular da Secretaria das Mulheres, e acusa seus críticos de “colunistas inspirados no fascistizante (anda ouvindo Arnaldo Jabor…) Tea Party”. Ulalá. De práticas fascistizantes, eu entendo um pouquinho porque estudo o tema. De práticas fascistizantes, Paulo Teixeira e seus pares entendem bastante porque as praticam.
Coisa de fascistas é mobilizar a Polícia Legislativa, como fez um deputado do PT, com o beneplácito do presidente da Câmara, também do partido, para perseguir um sem-terra, um lavador de carros e um segurança porque os três decidiram dar com a língua nos dentes e confessar que participaram de um crime eleitoral praticado pelo nobilíssimo parlamentar. No caso, refiro-me ao deputado Roberto Policarpo, do PT do Distrito Federal. A reportagem está na VEJA desta semana. Acima, há um link do post que escrevi a respeito. Não é a primeira vez. Quantos petistas saíram em defesa do caseiro Francenildo?
Isto sim, senhor Paulo Teixeira (e companheirada), é coisa de fascistas: uma estrutura que deve servir a um ente do estado brasileiro foi usada vergonhosamente em benefício de um deputado e da legenda, numa prática que junta constrangimento ilegal, intimidação e uso da máquina pública para atender a interesses privados. Não, eu não me inspiro no “Tea Party”, embora reconheça que o movimento é expressão da mais legítima democracia, mas o PT certamente se inspira nos “Camisas Negras” de Mussolini e na SA do nazista Ernst Röhm…
Prática fascistizante é montar dossiês recheados de falsidades contra adversários políticos; prática fascistizante é montar uma estrutura para comprar o Parlamento, tentando criar um Poder Legislativo paralelo; prática fascistizante é aparelhar sindicatos e fazer deles mera seções do partido; prática fascistizante é recorrer permanentemente aos instrumentos da democracia para solapá-la. Prática fascistizante é tentar impor no berro as idiossincrasias de uma minoria à maioria do país. Prática fascistizante é mobilizar a máquina do estado para estabelecer, ainda que pelo constrangimento, a chamada linha justa a uma propaganda de TV, a um quadro humorístico ou a uma telenovela. Prática fascistizante é partir do pressuposto de que os indivíduos não têm discernimento para recusar eventuais mensagens que considerem incômodas. Prática fascistizante é um partido se considerar o bedel das consciências, como se tivesse recebido tal missão de alguma superior divindade.
Logo, especialistas em praticar várias formas de fascismo são os petistas, ora liderados pelo deputado Paulo Teixeira.
Mas a minha crítica não pára por aí, não! Abordo agora uma outra questão, que considero ainda mais relevante. Será mesmo o PT um partido especialmente afeito à defesa das mulheres, dos negros, dos gays, dos direitos humanos - de grupos e temas, enfim, que seriam relegados pela sociedade “reacionária”? Uma ova! Essa gente tem é um desprezo solene por todas essas causas e só as utiliza como instrumento de sua luta pelo poder. O PT defende, sim, o negro, desde que esse negro carregue a bandeira do partido - se não for assim, o sujeito é acusado de “preto de alma branca”. O PT defende, sim, a mulher, desde que ela carregue a bandeira do partido - se não for assim, ela é acusada de agente de machismo. O PT defende, sim, os gays, desde que o gay carregue a bandeira do partido; se não for assim, ele será acusado de bicha reacionária.
Ora, então não vimos a ministra Maria do Rosário (Direitos Humanos), a defensora entusiasmada da “Comissão da Verdade”, na festa de lançamento do livro do “chefe de quadrilha” (como diz a PGR) José Dirceu? Estava lá, como diria Agripina Inácia, só “a nível de militante”? Não! Um ministro de estado o é em tempo integral, razão porque conta, inclusive, com segurança paga pelo estado 24 horas por dia, e não apenas durante o expediente. Maria do Rosário estava nos dizendo que comparecer ao lançamento do livro do deputado cassado sob acusação de corrupção era uma forma de privilegiar os… direitos humanos.
Uma das características mais evidentes do fascismo é corromper um valor universal e transformá-lo em mero instrumento da militância de um grupo ou de uma milícia. É o que fazem os petistas cotidianamente, de modo organizado e metódico. Por isso afirmo que eles têm, de fato, um desprezo solene pelas causas que prodigalizam. São meros discursos de manipulação da opinião pública.
Dona Ira-ny não tem competência funcional, moral partidária e, lamento, equipamento intelectual (se é que me entendem…) para ser juíza de uma propaganda, de uma quadro de humor ou de uma novela de TV. “Mas ela não pode falar o que quiser?” Pode, sim, lembrando sempre que não fala como uma cidadã qualquer, mas como ministra de estado. E se expõe à crítica dos que não gostam daquilo que ela diz, ora essa!
De todo modo, e já vou encerrando, tenho a ligeira desconfiança de que, sem agenda, sem pauta e sem proposta, Ira-ny só está tentando aparecer no noticiário para ganhar pontos como pré-candidata do PT à Prefeitura de Vitória.
Que vá queimar sutiãs e calcinhas em praça pública em nome da libertação das mulheres! Mas que não torre a paciência dos defensores da liberdade de expressão com a pauta fascistizante de seu partido. Se o fizer, levará o troco da democracia!

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