segunda-feira, 3 de outubro de 2011

A Rosa Profunda


Jorge Luis Borges

A lua ignora que é tranquila e clara


E não pode sequer saber que é lua;


A areia, que é a areia. Não há uma


Coisa que saiba que sua forma é rara.






As peças de marfim são tão alheias


Ao abstrato xadrez como essa mão


Que as rege. Talvez o destino humano,


Breve alegria e longas odisséias,






Seja instrumento de Outro. Ignoramos;


Dar-lhe o nome de Deus não nos conforta.


Em vão também o medo, a angústia, a absorta






E truncada oração que iniciamos.


Que arco terá então lançado a seta


Que eu sou? Que cume pode ser a meta?



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