quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

MÉNAGE À TROIS

Lupi ama Dilma, que ama Pimentel
Ricardo Noblat - O Globo
Estou "tranquilíssimo", ditou Fernando Pimentel, ministro do Desenvolvimento, na última sexta-feira em viagem a Buenos Aires.
E se o Congresso o convocasse para depor?
Pimentel respondeu que atenderia à convocação sem vacilar.
Mas como o Congresso poderia convocá-lo se o governo ali tem maioria e não deixa?
Ontem mesmo não deixou.
Bem, nesse caso, Pimentel não poderia atender a uma convocação inexistente.
É verdade que ele poderia se oferecer para depor. Não haveria maioria com cara de pau suficiente para barrar sua vontade.
Ocorre que a presidente Dilma Rousseff adiantou-se e decretou que Pimentel não tem obrigação de ir ao Congresso falar sobre seus ganhos como consultor antes de entrar no governo.
Dilma com a palavra:
- O governo só acha o seguinte: é estranho que o ministro preste satisfações ao Congresso da vida privada, da vida pessoal passada dele. Se ele achar que deve ir, ele pode ir. Se ele achar que não deve ir, ele não vai”.
Quer dizer: Dilma liberou Pimentel para depor no Congresso ("se ele achar que deve ir..."). Mas qualificou de "estranho" um eventual gesto dele nessa direção.
E concluiu: ministro só é “obrigado” a se manifestar no Congresso sobre “assuntos do governo”.
Agora, me digam: mesmo que quisesse Pimentel poderia ir depor no Congresso depois do que Dilma disse? Seria uma afronta ao que ela pensa.
Palhaçada! É disso que se trata.
A presidente da República deveria estimular o comparecimento ao Congresso de qualquer auxiliar que estivesse no centro de uma polêmica. E cuja presença fosse requesitada por uma fatia de congressistas - pouco importa o tamanho da fatia.
A transparência na administração e a boa conduta dos homens públicos só teriam a ganhar com isso.
Mas Dilma não está destinada a renovar nossos costumes políticos. Nem interessada nisso.
Entre os políticos de maior estatura do país, não enxergo um capaz de enfrentar uma tarefa de tal natureza.
Eles se limitam a reproduzir o comportamento dos seus pares. Ou daqueles que os antecederam.
E sempre para pior.

Nenhum comentário: