terça-feira, 13 de dezembro de 2011

PIMENTEL E A (FALTA) DE ÉTICA

Proteção às avessas
Se Pimentel não pode ir ao Senado, força-nos à conclusão de que não tem como defender correção ética
Jânio de Freitas - FSP
A PROTEÇÃO que o governo e o PT dão ao ministro Fernando Pimentel contra sua possível convocação, logo mais, para depor no Senado, contém um significado mais forte que o da pretendida proteção.
Em condições normais, a convocação oposicionista oferece a oportunidade, para um depoente hábil, de levar os seus esclarecimentos à altura de espetáculo demolidor da oposição.
Ganhos, muitos ganhos, para o governo e para o ministro.
Vá lá que a Fernando Pimentel faltem as qualidades da artilharia eloquente e incisiva.
A carência, em todo caso, lhe deixaria a primeira parte da oportunidade existente na convocação: o esclarecimento que, invertendo a atual situação, protegesse o governo de desgastes e ao próprio ministro de enfraquecimento político.
Se Fernando Pimentel não pode se submeter nem a essa possibilidade oferecida pela convocação, força-nos à conclusão de que não tem como defender a correção ética ou a legalidade das condutas que lhe são criticadas.
Proteção de quê, portanto, lhe dão o governo e o PT? Só pode ser contra a certeza do insucesso, oprimido por perguntas a que não pode liquidar e comprovações que não conseguiria fazer.
Caso não seja assim, suspende-se a proteção-acusação e Fernando Pimentel dá à opinião pública, por intermédio do Senado, os esclarecimentos devidos de um lado e desejados de outro.
Mas não sei quem, à volta de Pimentel ou no governo, fosse capaz de aconselhá-lo a aceitar o depoimento. O apontado pagamento de empresa que o negou ("nem teria faturamento para isso") e a contratação discutível, pela atual Prefeitura de Belo Horizonte, de empreiteira a que o ex-prefeito Fernando Pimentel deu consultoria, ficam a cada dia engrossados com mais um pormenor.
Quem sugere, quem pratica e quem aceita a tal proteção sabe as razões que tem para isso.





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