domingo, 30 de junho de 2013

Em Espanha, Itália e Grécia, movimentos de rejeição a políticos tradicionais enfrentam desafios
Falta de lideranças claras, pautas demasiado abrangentes e reivindicações difusas estão entre os entraves
O GLOBO

Espanhóis protestam contra uma financeira na cidade de Valência com cartazes “contra o abuso e fraudes financeiras”
Foto: HEINO KALIS / REUTERS
Espanhóis protestam contra uma financeira na cidade de Valência com cartazes “contra o abuso e fraudes financeiras” - HEINO KALIS / REUTERS
GENEBRA e MADRI - Primeiro foram os espanhóis, que saíram às ruas aos borbotões dois anos atrás atiçados pela crise econômica que devasta seu país. Depois, os gregos insurgiram-se contra o que viam como desmandos da classe dirigente, que impunha sacrifícios intoleráveis para a maior parte da população num severo plano de austeridade anticrise. Por fim, os italianos seguiram os mesmos passos, aderindo em massa ao repúdio aos políticos tradicionais por não conseguirem superar o estado de paralisia do país, igualmente assolado pela maior crise econômica das últimas décadas.
A indignação popular na Europa mediterrânea foi alimentada pela mesma percepção de que há um fosso intransponível entre os políticos e a população, que não mais se sente por eles representada. Algo semelhante ao que as ruas do Brasil passaram a demonstrar com clareza nas últimas semanas, num processo que vai desde o rechaço puro e simples ao sistema político vigente — como na Espanha e na Itália — à rejeição pontual aos partidos dominantes, como na Grécia. Falta de lideranças claras, pautas demasiado abrangentes, reivindicações difusas, tudo repete-se por aqui no cenário de uma peça política já encenada em outros palcos. Mas com roteiros diferentes.
Na Espanha, surgiu o movimento 15-M, sigla de fácil apelo popular que acabou batizando os Indignados, e agora enfrenta a decisão de aderir ao jogo político já estabelecido ou continuar fiel ao espírito de independência total que o originou. Na Itália, o novato Movimento 5 Estrelas, do comediante Beppe Grillo, que na roupagem de partido conquistou o maior número de cadeiras na Câmara dos Deputados, enfrenta dilema semelhante. Na Grécia, o novato partido esquerdista Syriza ganhou as eleições, mas não formou coalizão de governo. Três países, três enredos, mas com desfechos ainda a serem escritos.

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