Pam Belluck - NYT
Basta dar uma espiada na loja online Condomania para apreciar a variedade de camisinhas que existe por aí.
Sabores como batida de abacaxi, banana split e chiclete. Camisinhas com anéis vibratórios com pilhas que duram até 20 minutos. Camisinhas que brilham no escuro e prometem "30 minutos de diversão brilhante".
E sob a categoria "camisinhas de celebridades", há o "Pacote de Estímulo Obama", com cada camisinha decorada com uma imagem do presidente de polegar em riste.
Mas mesmo que o selo de aprovação do presidente fosse real, não resolveria um problema crônico e grave da saúde pública: a maioria dos homens não gosta de camisinhas.
A Fundação Bill e Melinda Gates, hoje influente na saúde pública, está entrando no jogo. A fundação acaba de coletar inscrições para o que chama de Grande Desafio: desenvolver uma "camisinha de última geração que preserva e aumenta o prazer."
O objetivo é combater dois problemas significativos: gravidez indesejada e doenças sexualmente transmissíveis como a Aids. As camisinhas são uma forma barata de prevenir ambos, mas em todo o mundo apenas 5% dos homens as usam e há 2,5 milhões de infecções de HIV por ano. Para interromper essa onda, o número de homens que usam camisinhas regularmente precisa dobrar, dizem os especialistas em saúde.
"A redução do prazer sexual costuma ser o motivo predominante para que eles não usem camisinha", diz Stephen Ward, funcionário do programa da Fundação Gates. "Será que podemos torná-las mais desejáveis? É o nosso objetivo."
Mais de 500 inscrições chegaram para o concurso da fundação, que contemplará os vencedores com US$ 100 mil este ano, e até US$ 1 milhão na sequência. E pela primeira vez num desafio da fundação, as pessoas enviaram amostras, disse Ward.
"Caixas de camisinhas, acessórios para camisinhas, estojos discretos para guardar camisinhas para que as mulheres possam carregá-las sem alarde", disse ele. "Recebemos um kit completo com camisinhas, lubrificantes e balinhas de menta."
Os participantes do concurso foram aconselhados a não discutir sua inscrição em público, o que significa que o criador de um vídeo no YouTube que tenta vender para Gates uma arma aplicadora de camisinhas provavelmente não é um concorrente sério.
Mas especialistas em camisinhas – alguns dos quais estudam o assunto há anos – têm ideias sobre o que pode funcionar e o que definitivamente não funciona.
"Acho que ainda não vimos uma camisinha que surpreenda a todos", disse Ron Frezieres, vice-presidente de pesquisa e avaliação no Conselho para a Saúde da Família da Califórnia, que há muito testa camisinhas para a indústria, o governo e organizações sem fins lucrativos.
"Os homens iriam gostar se, acima de tudo, parecesse que não estivessem usando nada", disse Frezieres. "E, em segundo lugar, é bom que seja um pouco melhor do que eles estão acostumados. Ainda precisamos encontrar a solução perfeita."
O perfeito pode não ser inimigo do bom neste caso, mas é muito difícil de acertar.
"Quando vi o anúncio da fundação Gates, escrevi dizendo 'que bom que vocês estão fazendo isso, porque eu já passei por isso, e espero que vocês encontrem algo que eu não consegui encontrar'", disse Jeff Spieler, conselheiro técnico sênior sobre população e saúde reprodutiva na Agência de Desenvolvimento Internacional dos Estados Unidos.
"Esta tem sido minha paixão por anos a fio", acrescentou Spieler. "Comecei pensando, 'caramba, e se pudéssemos desenvolver uma camisinha que tornasse o sexo melhor do que sem ela...' Se pelo menos ela não retirasse o prazer sexual, não seria como tomar banho usando uma capa de chuva."
Primeiro, ele se lembra, seus chefes disseram: "Ei, Jeff, tenha cuidado. Não queremos que o Congresso nos critique porque Jeff Spieler está tentando melhorar o sexo."
Vários fabricantes trabalharam em camisinhas mais atrativas. Alguns modelos, como a Pleasure Plus e Twisted Pleasure, desenhadas pelo cirurgião indiano Alla Venkata Krishna Reddy, que Spieler chama de "Leonardo da Vinci das camisinhas", lidaram com as queixas de serem muito apertadas e causarem atrito. Elas são mais espaçosas, com gomos, "como a espiral de um sorvete de máquina", disse Spieler. O movimento causado pelo material extra tem a intenção de estimular.
Outro projeto, a camisinha eZ-On, atacava o problema da colocação. Feita de poliuretano, e não de látex, ela era larga, "guardada dentro do que eu chamo de babado", disse Frezieres. "Não era direcional, então você podia puxá-la de ambos os lados" – ou, como Spieler colocou, "como colocar o pé dentro de uma meia aberta".
Mas só alguns homens apreciaram essa característica. Ficou claro que as camisinhas são alvo de uma ampla variedade de gostos.
"Alguns homens querem que elas sejam totalmente transparentes, para ao olhar para baixo achem que não estão usando nada", disse Frezieres. "Outros querem que elas sejam vermelhas e vibrantes, como um luminoso de neon."
Frezieres e sua colega Terri L. Walsh realizaram estudos com camisinhas com lubrificantes que criavam uma sensação de aquecimento. "Alguns homens disseram 'isso está me queimando'", disse ele, mas outros relataram uma sensação suave e agradável ou até mesmo orgasmos mais intensos. Por outro lado, como aponta Walsh, uma camisinha estimulante pode piorar as coisas para homens que sofrem de ejaculação precoce, então para eles, a questão é, "o quanto mais excitante você quer que seja a camisinha?"
Outro dilema dos testes, disse Spieler, é que "não dá para comparar uma experiência sexual com outra. A pessoa pode ter acabado de brigar e estar fazendo sexo para se reconciliar. Ou pode ter três dias de sexo ruim, então a nota que vai dar para a camisinha não será muito boa."
Isso não impediu a inovação na indústria de camisinhas. Há camisinhas com anéis vibratórios como a Durex Play – Ring of Bliss, diz Bidia Deperthes, conselheira técnica sobre HIV para o Fundo de Populações da ONU. (Spieler a chama de "czarina das camisinhas".) Alguns homens invariavelmente reclamam da duração da bateria: "Bidia, 20 minutos, não é muito tempo". A resposta dela: "Rapazes, poupem-me. Quinze minutos já é muito para vocês."
Deperthes, cujo escritório tem uma parede cheia de camisinhas, tem versões embrulhadas como pirulitos, caixas miniatura de leite achocolatado e balas embaladas em celofane.
E o que ela tem pendurado na blusa de seda? Um broche de tecido tingido. Mas do outro lado do fecho, adivinhem, há uma camisinha. Isso que é arte "prêt-à-porter".
Uma inovação fracassada foi a camisinha Hat, que lembrava uma pequena touca de banho, desenhada "para cobrir apenas a ponta e fornecer o máximo de sensações", disse Frezieres. Mas, infelizmente, "nos testes clínicos, os casais acharam difícil evitar que a camisinha Hat escapasse", disse ele.
Outra ideia foi a camisinha de spray, resultado de aplicar látex líquido para criar uma camisinha sob medida para cada homem. "Um ótimo conceito", disse Frezieres. Mas ela não tinha uma ponta para coletar o sêmen, e "nossa dúvida era: como tirá-la depois?"
Um projeto promissor, já disponível em algumas partes do mundo, é a camisinha Pronto 4:Secs, com uma caixa decorada com personagens à la Dick Tracy. A 4:Secs, cujo nome é ao mesmo tempo uma piada e o tempo que leva para vesti-la, é uma camisinha com um aplicador plástico que lembra uma boia salva-vidas.
"Isso é ótimo", disse Deperthes, demonstrando como o aplicador se parte para permitir que o preservativo seja colocado do lado certo.
E talvez o produto mais inovador fabricado nos EUA seja a camisinha Origami, ainda em teste. Seu inventor, Danny Resnic, disse que foi motivado por sua própria experiência quando uma "camisinha de látex rompeu e ele acabou com um diagnóstico de HIV positivo."
Anos de experimentação o levaram a criar uma camisinha com dobras como de uma sanfona, larga para permitir o movimento dentro dela. Feita de silicone, que teoricamente proporciona uma sensação mais semelhante à da pele, ela é colocada em menos de um segundo", disse ele, e "não há como errar ao colocá-la."
Além das camisinhas masculinas, que Origami chama de "camisinhas externas", a companhia tem uma versão feminina (uma "camisinha interna") e os primeiros preservativos para sexo anal e oral, diz Resnic.
O concurso da Fundação Gates também recebeu inscrições de projetos de camisinhas femininas, mas estas historicamente são menos populares.
Enquanto alguns homens preferem a experiência, e algumas mulheres sentem que elas oferecem uma capacidade maior de se protegerem, elas são muito mais caras e precisam ser posicionadas corretamente para evitar que sejam empurradas para dentro ou deslocadas para o lado.
Uma ideia para torná-las mais atraentes, diz Frezieres, é ligar a camisinha feminina a uma "calcinha fio-dental".
No mundo em desenvolvimento, os preservativos levantam outras questões. Em algumas culturas, os homens têm tanta resistência que as mulheres precisam entrar em delicadas "negociações". E as mulheres que carregam camisinhas podem ser consideradas prostitutas.
Deperthes e Franck DeRose, diretor-executivo do Projeto Camisinha, sem fins lucrativos, usa músicas e danças sobre preservativos para tentar deixá-los mais divertidos, e fornece às mulheres meios para carregá-los de forma mais discreta, entre eles estojos que parecem caixas de balas de menta.
Deperthes também quer mais opiniões; por exemplo, ela observou que os dois tamanhos padrão eram muito grandes para alguns homens, então tamanhos menores podem ser incluídos nos pacotes doados a países em desenvolvimento.
E ela quer mais variedade.
"Eu disse ao grupo de trabalho dos preservativos na USAid: "pessoal, vocês são muito, muito, muito entediantes'", disse Deperthes. O preservativo padrão que os países recebem "não cheira bem – cheira a borracha."
Quando soube que havia 18 opções, ela disse que era necessário um marketing melhor, uma vez que a maior parte dos países escolhem o mesmo tipo comum de preservativo. Deperthes está desenvolvendo uma "caixa de bombons" para exibir os diferentes tipos de camisinhas como se fossem trufas, para enviar para ministros da saúde estrangeiros. De fato, dada a ampla variedade de diferenças pessoais e culturais, disse ela e outros entrevistados, que o valor do concurso da Fundação Gates pode estar em encontrar diversos tipos de camisinhas – talvez de materiais novos – e ajudá-las a serem produzidas de forma barata o suficiente para o mundo em desenvolvimento.
Como diz DeRose: "Às vezes você quer usar botas, às vezes você quer usar sandálias."
"Nós chamamos isso de sexo pela ciência", disse Amy, que, como Max, tem 26 anos. (Eles concordaram em falar à reportagem sob condição de não divulgar seus sobrenomes.)
Eles são tão diligentes que preenchem os formulários logo depois de testar uma camisinha. "Se eu caio no sono e deixo para preencher na manhã seguinte, não vou conseguir lembrar da resposta para nenhuma pergunta", diz Max.
As perguntas que os casais têm de responder são detalhadas. Elas incluem "o que gostaram, o que não gostaram, se a camisinha se rompeu, se ela virou, se machucou, como foi o sexo, como foi o orgasmo", diz Ron Frezieres, vice-presidente de pesquisa e avaliação para o conselho, que recruta muitos dos participantes dos estudos através da internet.
Mas não era muito fã de camisinhas. Por cerca de 18 meses, ele e Amy, que moram em Los Angeles e estão juntos há oito anos, usaram camisinhas para evitar filhos, e "Deus, era estressante", disse ele.
"Quando você está nu com uma outra pessoa nua na cama, e você não está 100% concentrado na coisa, como vou dizer isso apropriadamente. É muito difícil. E é uma situação em que você normalmente não está com as duas mãos livres."
Além disso, disse ele, "se acontece de surpresa e você não está perto de sua gave de camisinhas, você precisa sair atrás de uma".
Amy tem menos queixas. "Sim, às vezes era a pior coisa que acontecia na face da Terra", disse ela. "Mas mesmo quando você está no calor do momento, pode ser quase uma pausa divertida porque você é obrigado a se segurar por mais um tempo."
Quando eles começaram a testar camisinhas para o conselho, nenhum deles ficou muito impressionado com as novas versões, que eram na maior parte preservativos comuns feito de outros materiais que não látex.
Eles tiveram algumas divergências de opinião. Amy gostou do poliuretano, por exemplo, porque "ele como que esquenta um pouco mais", disse ela. Max disse: "a sensação era muito plastificada. O látex estica, e outros materiais não esticam tanto."
Mas eles foram unânimes em sua antipatia em relação à camisinha feminina. Segundo Max: "nós dois achamos a camisinha feminina extremamente desestimulante. E não parecia fazer muita diferença em termos de sensação, mas visualmente nós pensamos: 'ah, não, devíamos simplesmente parar.'"
Tradução: Eloise de Vylder
Sabores como batida de abacaxi, banana split e chiclete. Camisinhas com anéis vibratórios com pilhas que duram até 20 minutos. Camisinhas que brilham no escuro e prometem "30 minutos de diversão brilhante".
E sob a categoria "camisinhas de celebridades", há o "Pacote de Estímulo Obama", com cada camisinha decorada com uma imagem do presidente de polegar em riste.
Mas mesmo que o selo de aprovação do presidente fosse real, não resolveria um problema crônico e grave da saúde pública: a maioria dos homens não gosta de camisinhas.
A Fundação Bill e Melinda Gates, hoje influente na saúde pública, está entrando no jogo. A fundação acaba de coletar inscrições para o que chama de Grande Desafio: desenvolver uma "camisinha de última geração que preserva e aumenta o prazer."
O objetivo é combater dois problemas significativos: gravidez indesejada e doenças sexualmente transmissíveis como a Aids. As camisinhas são uma forma barata de prevenir ambos, mas em todo o mundo apenas 5% dos homens as usam e há 2,5 milhões de infecções de HIV por ano. Para interromper essa onda, o número de homens que usam camisinhas regularmente precisa dobrar, dizem os especialistas em saúde.
"A redução do prazer sexual costuma ser o motivo predominante para que eles não usem camisinha", diz Stephen Ward, funcionário do programa da Fundação Gates. "Será que podemos torná-las mais desejáveis? É o nosso objetivo."
Mais de 500 inscrições chegaram para o concurso da fundação, que contemplará os vencedores com US$ 100 mil este ano, e até US$ 1 milhão na sequência. E pela primeira vez num desafio da fundação, as pessoas enviaram amostras, disse Ward.
"Caixas de camisinhas, acessórios para camisinhas, estojos discretos para guardar camisinhas para que as mulheres possam carregá-las sem alarde", disse ele. "Recebemos um kit completo com camisinhas, lubrificantes e balinhas de menta."
Os participantes do concurso foram aconselhados a não discutir sua inscrição em público, o que significa que o criador de um vídeo no YouTube que tenta vender para Gates uma arma aplicadora de camisinhas provavelmente não é um concorrente sério.
Mas especialistas em camisinhas – alguns dos quais estudam o assunto há anos – têm ideias sobre o que pode funcionar e o que definitivamente não funciona.
"Acho que ainda não vimos uma camisinha que surpreenda a todos", disse Ron Frezieres, vice-presidente de pesquisa e avaliação no Conselho para a Saúde da Família da Califórnia, que há muito testa camisinhas para a indústria, o governo e organizações sem fins lucrativos.
"Os homens iriam gostar se, acima de tudo, parecesse que não estivessem usando nada", disse Frezieres. "E, em segundo lugar, é bom que seja um pouco melhor do que eles estão acostumados. Ainda precisamos encontrar a solução perfeita."
O perfeito pode não ser inimigo do bom neste caso, mas é muito difícil de acertar.
"Quando vi o anúncio da fundação Gates, escrevi dizendo 'que bom que vocês estão fazendo isso, porque eu já passei por isso, e espero que vocês encontrem algo que eu não consegui encontrar'", disse Jeff Spieler, conselheiro técnico sênior sobre população e saúde reprodutiva na Agência de Desenvolvimento Internacional dos Estados Unidos.
"Esta tem sido minha paixão por anos a fio", acrescentou Spieler. "Comecei pensando, 'caramba, e se pudéssemos desenvolver uma camisinha que tornasse o sexo melhor do que sem ela...' Se pelo menos ela não retirasse o prazer sexual, não seria como tomar banho usando uma capa de chuva."
Primeiro, ele se lembra, seus chefes disseram: "Ei, Jeff, tenha cuidado. Não queremos que o Congresso nos critique porque Jeff Spieler está tentando melhorar o sexo."
Vários fabricantes trabalharam em camisinhas mais atrativas. Alguns modelos, como a Pleasure Plus e Twisted Pleasure, desenhadas pelo cirurgião indiano Alla Venkata Krishna Reddy, que Spieler chama de "Leonardo da Vinci das camisinhas", lidaram com as queixas de serem muito apertadas e causarem atrito. Elas são mais espaçosas, com gomos, "como a espiral de um sorvete de máquina", disse Spieler. O movimento causado pelo material extra tem a intenção de estimular.
Outro projeto, a camisinha eZ-On, atacava o problema da colocação. Feita de poliuretano, e não de látex, ela era larga, "guardada dentro do que eu chamo de babado", disse Frezieres. "Não era direcional, então você podia puxá-la de ambos os lados" – ou, como Spieler colocou, "como colocar o pé dentro de uma meia aberta".
Mas só alguns homens apreciaram essa característica. Ficou claro que as camisinhas são alvo de uma ampla variedade de gostos.
"Alguns homens querem que elas sejam totalmente transparentes, para ao olhar para baixo achem que não estão usando nada", disse Frezieres. "Outros querem que elas sejam vermelhas e vibrantes, como um luminoso de neon."
Frezieres e sua colega Terri L. Walsh realizaram estudos com camisinhas com lubrificantes que criavam uma sensação de aquecimento. "Alguns homens disseram 'isso está me queimando'", disse ele, mas outros relataram uma sensação suave e agradável ou até mesmo orgasmos mais intensos. Por outro lado, como aponta Walsh, uma camisinha estimulante pode piorar as coisas para homens que sofrem de ejaculação precoce, então para eles, a questão é, "o quanto mais excitante você quer que seja a camisinha?"
Outro dilema dos testes, disse Spieler, é que "não dá para comparar uma experiência sexual com outra. A pessoa pode ter acabado de brigar e estar fazendo sexo para se reconciliar. Ou pode ter três dias de sexo ruim, então a nota que vai dar para a camisinha não será muito boa."
Isso não impediu a inovação na indústria de camisinhas. Há camisinhas com anéis vibratórios como a Durex Play – Ring of Bliss, diz Bidia Deperthes, conselheira técnica sobre HIV para o Fundo de Populações da ONU. (Spieler a chama de "czarina das camisinhas".) Alguns homens invariavelmente reclamam da duração da bateria: "Bidia, 20 minutos, não é muito tempo". A resposta dela: "Rapazes, poupem-me. Quinze minutos já é muito para vocês."
Deperthes, cujo escritório tem uma parede cheia de camisinhas, tem versões embrulhadas como pirulitos, caixas miniatura de leite achocolatado e balas embaladas em celofane.
E o que ela tem pendurado na blusa de seda? Um broche de tecido tingido. Mas do outro lado do fecho, adivinhem, há uma camisinha. Isso que é arte "prêt-à-porter".
Uma inovação fracassada foi a camisinha Hat, que lembrava uma pequena touca de banho, desenhada "para cobrir apenas a ponta e fornecer o máximo de sensações", disse Frezieres. Mas, infelizmente, "nos testes clínicos, os casais acharam difícil evitar que a camisinha Hat escapasse", disse ele.
Outra ideia foi a camisinha de spray, resultado de aplicar látex líquido para criar uma camisinha sob medida para cada homem. "Um ótimo conceito", disse Frezieres. Mas ela não tinha uma ponta para coletar o sêmen, e "nossa dúvida era: como tirá-la depois?"
Um projeto promissor, já disponível em algumas partes do mundo, é a camisinha Pronto 4:Secs, com uma caixa decorada com personagens à la Dick Tracy. A 4:Secs, cujo nome é ao mesmo tempo uma piada e o tempo que leva para vesti-la, é uma camisinha com um aplicador plástico que lembra uma boia salva-vidas.
"Isso é ótimo", disse Deperthes, demonstrando como o aplicador se parte para permitir que o preservativo seja colocado do lado certo.
E talvez o produto mais inovador fabricado nos EUA seja a camisinha Origami, ainda em teste. Seu inventor, Danny Resnic, disse que foi motivado por sua própria experiência quando uma "camisinha de látex rompeu e ele acabou com um diagnóstico de HIV positivo."
Anos de experimentação o levaram a criar uma camisinha com dobras como de uma sanfona, larga para permitir o movimento dentro dela. Feita de silicone, que teoricamente proporciona uma sensação mais semelhante à da pele, ela é colocada em menos de um segundo", disse ele, e "não há como errar ao colocá-la."
Além das camisinhas masculinas, que Origami chama de "camisinhas externas", a companhia tem uma versão feminina (uma "camisinha interna") e os primeiros preservativos para sexo anal e oral, diz Resnic.
O concurso da Fundação Gates também recebeu inscrições de projetos de camisinhas femininas, mas estas historicamente são menos populares.
Enquanto alguns homens preferem a experiência, e algumas mulheres sentem que elas oferecem uma capacidade maior de se protegerem, elas são muito mais caras e precisam ser posicionadas corretamente para evitar que sejam empurradas para dentro ou deslocadas para o lado.
Uma ideia para torná-las mais atraentes, diz Frezieres, é ligar a camisinha feminina a uma "calcinha fio-dental".
No mundo em desenvolvimento, os preservativos levantam outras questões. Em algumas culturas, os homens têm tanta resistência que as mulheres precisam entrar em delicadas "negociações". E as mulheres que carregam camisinhas podem ser consideradas prostitutas.
Deperthes e Franck DeRose, diretor-executivo do Projeto Camisinha, sem fins lucrativos, usa músicas e danças sobre preservativos para tentar deixá-los mais divertidos, e fornece às mulheres meios para carregá-los de forma mais discreta, entre eles estojos que parecem caixas de balas de menta.
Deperthes também quer mais opiniões; por exemplo, ela observou que os dois tamanhos padrão eram muito grandes para alguns homens, então tamanhos menores podem ser incluídos nos pacotes doados a países em desenvolvimento.
E ela quer mais variedade.
"Eu disse ao grupo de trabalho dos preservativos na USAid: "pessoal, vocês são muito, muito, muito entediantes'", disse Deperthes. O preservativo padrão que os países recebem "não cheira bem – cheira a borracha."
Quando soube que havia 18 opções, ela disse que era necessário um marketing melhor, uma vez que a maior parte dos países escolhem o mesmo tipo comum de preservativo. Deperthes está desenvolvendo uma "caixa de bombons" para exibir os diferentes tipos de camisinhas como se fossem trufas, para enviar para ministros da saúde estrangeiros. De fato, dada a ampla variedade de diferenças pessoais e culturais, disse ela e outros entrevistados, que o valor do concurso da Fundação Gates pode estar em encontrar diversos tipos de camisinhas – talvez de materiais novos – e ajudá-las a serem produzidas de forma barata o suficiente para o mundo em desenvolvimento.
Como diz DeRose: "Às vezes você quer usar botas, às vezes você quer usar sandálias."
Testar preservativos: alguém tem de fazer isso
Como cobaias em experimentos clínicos, Amy e Max H. levam seu compromisso a sério. Eles fazem os testes requeridos para cada produto pelo menos algumas vezes. Eles preenchem os formulários exigidos. Afinal, consideram uma grande responsabilidade: testar camisinhas para o Conselho de Saúde da Família da Califórnia."Nós chamamos isso de sexo pela ciência", disse Amy, que, como Max, tem 26 anos. (Eles concordaram em falar à reportagem sob condição de não divulgar seus sobrenomes.)
Eles são tão diligentes que preenchem os formulários logo depois de testar uma camisinha. "Se eu caio no sono e deixo para preencher na manhã seguinte, não vou conseguir lembrar da resposta para nenhuma pergunta", diz Max.
As perguntas que os casais têm de responder são detalhadas. Elas incluem "o que gostaram, o que não gostaram, se a camisinha se rompeu, se ela virou, se machucou, como foi o sexo, como foi o orgasmo", diz Ron Frezieres, vice-presidente de pesquisa e avaliação para o conselho, que recruta muitos dos participantes dos estudos através da internet.
Mas não era muito fã de camisinhas. Por cerca de 18 meses, ele e Amy, que moram em Los Angeles e estão juntos há oito anos, usaram camisinhas para evitar filhos, e "Deus, era estressante", disse ele.
"Quando você está nu com uma outra pessoa nua na cama, e você não está 100% concentrado na coisa, como vou dizer isso apropriadamente. É muito difícil. E é uma situação em que você normalmente não está com as duas mãos livres."
Além disso, disse ele, "se acontece de surpresa e você não está perto de sua gave de camisinhas, você precisa sair atrás de uma".
Amy tem menos queixas. "Sim, às vezes era a pior coisa que acontecia na face da Terra", disse ela. "Mas mesmo quando você está no calor do momento, pode ser quase uma pausa divertida porque você é obrigado a se segurar por mais um tempo."
Quando eles começaram a testar camisinhas para o conselho, nenhum deles ficou muito impressionado com as novas versões, que eram na maior parte preservativos comuns feito de outros materiais que não látex.
Eles tiveram algumas divergências de opinião. Amy gostou do poliuretano, por exemplo, porque "ele como que esquenta um pouco mais", disse ela. Max disse: "a sensação era muito plastificada. O látex estica, e outros materiais não esticam tanto."
Mas eles foram unânimes em sua antipatia em relação à camisinha feminina. Segundo Max: "nós dois achamos a camisinha feminina extremamente desestimulante. E não parecia fazer muita diferença em termos de sensação, mas visualmente nós pensamos: 'ah, não, devíamos simplesmente parar.'"
Tradução: Eloise de Vylder
Nenhum comentário:
Postar um comentário