Estrutura vai servir para armazenar e processar dados equivalentes a 250 bilhões de DVD’s
Flávia Barbosa - O Globo
Uma placa adverte eventuais transeuntes a não cruzar a área militar de Bluffdale, em Utah: volume titânico - Rick Bowmer / AP/7-6-2013
WASHINGTION - No deserto que os mórmons consideram a terra prometida, cercado pelas impressionantes montanhas Wasatch e Oquirrh, no estado de Utah, os EUA erguem seu templo da espionagem, em Bluffdale. O altar terá 9.300 metros quadrados, dedicados à devoção de um Titã. Assim foi batizado o supercomputador ao qual vão se conectar centenas de servidores e roteadores, distribuídos em quatro grandes alas do novo e maior Centro de Dados da Agência de Segurança Nacional (NSA) americana.
Ao novo complexo, com previsão de inauguração em outubro, serão enviados os dados coletados por quatro satélites geoestacionários, filtrados numa unidade da Aeronáutica no Colorado; as informações captadas por três outros centros da NSA — Havaí (focado na Ásia e onde trabalhava Snowden), Texas (América Latina, Oriente Médio e Europa) e Geórgia (Oriente Médio, Europa e Norte da África) —; e as interceptações telefônicas feitas por postos de escuta nos EUA e no exterior.
Será a “nuvem” da comunidade de inteligência dos EUA, permitindo a ela ser um tipo de “Big Brother”. O que gerar alerta e informação de interesse será analisado pelo quartel-general da NSA — onde se define a ação adequada dentro da política de contraterrorismo americana.
Segundo a agência, os programas Prism e Boundless Informant — revelados por Snowden e cuja missão é o monitoramento do tráfego de internet no exterior e da intensidade de comunicação sobre temas sensíveis ao redor do planeta, respectivamente — serão ferramentas do novo centro de dados.
Igreja também guarda dados
No campo doméstico, há ao menos 29 tipos de informação de interesse. A NSA diz acompanhar desde todo o movimento de internet até tíquetes de estacionamento, recibos de compras e faturas de cartão de crédito, passando por programas assistidos na TV a cabo, itinerários de viagem e histórico médico.
A avalanche de informação requer uma tração de informática que até então os EUA não tinham, mas que o Titã, lançado pelo Departamento de Energia em outubro do ano passado, e programas correlatos, desenvolvidos numa unidade de pesquisa multidisciplinar comandada pela NSA, começam a resolver. O centro de dados de Utah terá capacidade de processamento de 20 quadrilhões de cálculos por segundo — ou, na linguagem cibernética, 20 petaflops.
O armazenamento de dados também é um colosso. É estimado em 5 zettabytes — cada zetta tem 1 trilhão de gigabytes (para situar o leitor, o iPad mais vendido é o de 32 gigas). É um espaço equivalente ao de um trilhão e 250 bilhões de DVD’s, segundo a gigante de informática Cisco.
A unidade de Utah será fundamental dos esforços da NSA para quebrar códigos, a chamada criptografia. Isso porque cada vez mais dados circulam com uma “casca cibernética” — isso vale tanto para e-mails comuns como para transações entre empresas, organizações e documentos militares e de governo. É a “internet profunda”, protegida por uma barreira de codificação que a NSA reconhece ser dificílima de furar. Para decodificar informações trancadas a sete chaves, são necessários computadores ultrarrápidos capazes de fazer ataques (tentativas de combinações) e uma imensa quantidade de dados — como os de Utah.
O armazenamento de informação em larga escala é familiar à região — sede da Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, que mantém ali o maior acervo de registros civis do mundo: mais de dois bilhões de nomes (uma enormidade se comparado à parcela da Humanidade viva em épocas de registro).
Os mórmons também têm em Utah uma fortaleza de dados: o Cofre de Registros da Montanha de Granito, referência à área escavada no Little Cottonwood Canyon, parte das Montanhas Rochosas. É guardado por seis grandes portões de ferro, tem seis câmaras de armazenamento, com condições naturais favoráveis à preservação, três grandes túneis internos e acesso restrito.
A finalidade não é nada mundana. O zelo dos mórmons com a genealogia está relacionada à importância que a crença dedica à identificação dos mortos. Os mórmons acreditam em batismo após a morte e na reunião eterna das famílias e estão engajados na digitalização de todo o acervo.
Ao novo complexo, com previsão de inauguração em outubro, serão enviados os dados coletados por quatro satélites geoestacionários, filtrados numa unidade da Aeronáutica no Colorado; as informações captadas por três outros centros da NSA — Havaí (focado na Ásia e onde trabalhava Snowden), Texas (América Latina, Oriente Médio e Europa) e Geórgia (Oriente Médio, Europa e Norte da África) —; e as interceptações telefônicas feitas por postos de escuta nos EUA e no exterior.
Será a “nuvem” da comunidade de inteligência dos EUA, permitindo a ela ser um tipo de “Big Brother”. O que gerar alerta e informação de interesse será analisado pelo quartel-general da NSA — onde se define a ação adequada dentro da política de contraterrorismo americana.
Segundo a agência, os programas Prism e Boundless Informant — revelados por Snowden e cuja missão é o monitoramento do tráfego de internet no exterior e da intensidade de comunicação sobre temas sensíveis ao redor do planeta, respectivamente — serão ferramentas do novo centro de dados.
Igreja também guarda dados
No campo doméstico, há ao menos 29 tipos de informação de interesse. A NSA diz acompanhar desde todo o movimento de internet até tíquetes de estacionamento, recibos de compras e faturas de cartão de crédito, passando por programas assistidos na TV a cabo, itinerários de viagem e histórico médico.
A avalanche de informação requer uma tração de informática que até então os EUA não tinham, mas que o Titã, lançado pelo Departamento de Energia em outubro do ano passado, e programas correlatos, desenvolvidos numa unidade de pesquisa multidisciplinar comandada pela NSA, começam a resolver. O centro de dados de Utah terá capacidade de processamento de 20 quadrilhões de cálculos por segundo — ou, na linguagem cibernética, 20 petaflops.
O armazenamento de dados também é um colosso. É estimado em 5 zettabytes — cada zetta tem 1 trilhão de gigabytes (para situar o leitor, o iPad mais vendido é o de 32 gigas). É um espaço equivalente ao de um trilhão e 250 bilhões de DVD’s, segundo a gigante de informática Cisco.
A unidade de Utah será fundamental dos esforços da NSA para quebrar códigos, a chamada criptografia. Isso porque cada vez mais dados circulam com uma “casca cibernética” — isso vale tanto para e-mails comuns como para transações entre empresas, organizações e documentos militares e de governo. É a “internet profunda”, protegida por uma barreira de codificação que a NSA reconhece ser dificílima de furar. Para decodificar informações trancadas a sete chaves, são necessários computadores ultrarrápidos capazes de fazer ataques (tentativas de combinações) e uma imensa quantidade de dados — como os de Utah.
O armazenamento de informação em larga escala é familiar à região — sede da Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, que mantém ali o maior acervo de registros civis do mundo: mais de dois bilhões de nomes (uma enormidade se comparado à parcela da Humanidade viva em épocas de registro).
Os mórmons também têm em Utah uma fortaleza de dados: o Cofre de Registros da Montanha de Granito, referência à área escavada no Little Cottonwood Canyon, parte das Montanhas Rochosas. É guardado por seis grandes portões de ferro, tem seis câmaras de armazenamento, com condições naturais favoráveis à preservação, três grandes túneis internos e acesso restrito.
A finalidade não é nada mundana. O zelo dos mórmons com a genealogia está relacionada à importância que a crença dedica à identificação dos mortos. Os mórmons acreditam em batismo após a morte e na reunião eterna das famílias e estão engajados na digitalização de todo o acervo.
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