
Caetano Veloso e Deltan Dallagnol – Leo Aversa/Pablo Jacob / Divulgação/Agência O Globo
Leio no GLOBO
sobre o dia em que Caetano Veloso recebeu em casa o procurador do
powerpoint. Quer dizer que Paulinha faz canapés na Vieira Souto e não me
convida? Eu, que sou o biógrafo oficial da esquerda caviar? Os radicais
chiques de Nova York ao menos convidavam Tom Wolfe. Mas ingratidão à
parte, acho que ficou ruim foi para quem foi convidado, e aceitou. O caso do convidado de honra, claro, procurador Dartagnol, quer dizer, Dallagnol. Seguem alguns trechos:
Empratados
de comida nordestina, canapés, vinho, água e coca-cola embalaram um
improvável encontro há quatro semanas no apartamento de Caetano Veloso de
frente para o mar na Avenida Vieira Souto, em Ipanema, no Rio. O
compositor recebeu para uma conversa sobre política um dos mais
comedidos integrantes da força-tarefa Lava-Jato em Curitiba, o procurador Deltan Dallagnol.
O
encontro, que parece saído de uma canção tropicalista, foi “quase
clandestino”, na definição do senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP),
responsável por levar o procurador à casa de Caetano e Paula Lavigne.
Desde o primeiro semestre ela tem promovido bate-papos reunindo artistas
e políticos para discutir a conjuntura brasileira. São convidados desde
gente mais identificada com a esquerda a grupos mais à direita, com o
intuito de vencer diferenças e fortalecer uma pauta comum.
[…]
Na
conversa, falou-se sobre a percepção de que a Lava-Jato tinha como alvo
apenas o PT. Deltan lembrou de que a mesma força-tarefa prendeu Eduardo
Cunha (PMDB-RJ) e inevitavelmente tem atuação limitada em relação a
políticos com foro privilegiado.
— O MPF tá
ocupando um papel que tem de cumprir, atacando à esquerda e à direita.
Ser crítico hoje ao MPF é estar aliado ao que há de mais atrasado na
política brasileira – diz Randolfe, que nos encontros tenta, segundo
ele, “traduzir um pouco das loucuras que se passam em Brasília, o
significado das coisas”.
[…]
O GLOBO
perguntou a Caetano se suas percepções iniciais sobre a Lava-Jato se
mantiveram depois do encontro, e o que o unia e o afastava, hoje, do
“procurador do powerpoint”. Caetano respondeu com um artigo,
no qual menciona os acordos de leniência como “modificadores do
capitalismo brasileiro” e alerta para a necessidade de evitar que
“movimentações importantes não venham a servir à manutenção das nossas
desigualdades”. Deltan não quis dar entrevista.
No fim do seu texto,
o compositor cita a desigualdade e a corrupção como ideias em campos
diferentes. De fato, os malfeitos com dinheiro público parecem ter
ocupado todos os espaços da agenda pública dos últimos anos. E a
preocupação com a desigualdade perdido a vez. Mas que Deltan não lhe
ouça. Para o procurador, a corrupção está para a desigualdade como dois e
dois são quatro.
Ou seja, o procurador das redes sociais
ainda levou uma espécie de pito do anfitrião, por pegar demais no pé do
PT. E claro, é preciso deixar bem claro que não há tal viés, que outros
também foram presos ou acusados (porque preso o condenado Lula ainda nem
está, não se sabe bem o motivo).
É a turma que não é “nem de esquerda nem
de direita”, e só quer combater a corrupção, em abstrato, mas nunca
punir os corruptos de carne e osso, especialmente se forem de esquerda.
As máscaras dessa turma vão caindo uma a uma. As pretensões políticas
vão ficando mais claras. Assim como os companheiros políticos, o pessoal
que joga a rede para pescar “isentões” que até ontem defendiam o PT.
Eu gostaria de fazer uma só pergunta ao procurador com viés jacobino: o que ele acha disso aqui?

Será que a função de procurador combina
com a de artista engajado que banca o revolucionário contra o “sistema”,
posando inclusive de black bloc em apoio aos vândalos baderneiros que
colocam máscaras e saem por aí depredando patrimônio público, quando não
matando inocentes?
Sobre isso tudo, sobre os ícones da esquerda caviar, sobre os “igualitários” do Projaquistão, só tenho uma coisa a dizer:

E ainda tem quem caia nessa?
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