Paz, desenvolvimento e democracia
Levaremos ao plenário da ONU boas notícias:
os primeiros dados disponíveis para o último ano indicam queda de mais
de 20% do desmatamento na Amazônia
Michel Temer - O Globo
Amanhã, terei novamente a honra de representar o Brasil na abertura da
Assembleia Geral da ONU, em Nova York. Ali, cada país expõe sua visão de
mundo, seu diagnóstico sobre os desafios globais, suas propostas para
enfrentá-los. No caso do Brasil, o momento reveste-se de importância
singular: por tradição, nosso país tem o privilégio, a cada ano, de ser o
primeiro a discursar perante as Nações Unidas.
Levaremos à ONU aquelas que são opções fundamentais da sociedade
brasileira — a paz, o desenvolvimento, e a democracia e os direitos
humanos.
Foi a busca por uma paz duradoura que motivou o Brasil a assumir
papel destacado nas negociações do Tratado sobre a Proibição de Armas
Nucleares, que assinarei em Nova York. É documento histórico, que visa a
banir as únicas armas de destruição em massa ainda não proscritas no
direito internacional. Reforçaremos ainda mais, em matéria de
desarmamento e não proliferação nuclear, a autoridade do Brasil, que,
voluntariamente, introduziu a vedação de armas nucleares em sua própria
Constituição. Os recentes testes na Península Coreana não nos deixam
esquecer que o tema guarda preocupante atualidade.
Reiteraremos
também, em Nova York, o imperativo do desenvolvimento sustentável, em
suas três dimensões: econômica, social e ambiental. Reafirmaremos nossa
convicção de que um sistema de comércio internacional aberto e baseado
em regras é decisivo para o crescimento, para a criação de empregos,
para a geração de renda. Renovaremos nosso compromisso com o Acordo de
Paris sobre mudança do clima e com a preservação do meio ambiente — tema
em que o Brasil, com a maior cobertura de florestas tropicais e uma das
matrizes energéticas mais limpas do planeta, é ator de reconhecido
protagonismo. E levaremos ao plenário da ONU boas notícias: os primeiros
dados disponíveis para o último ano indicam queda de mais de 20% do
desmatamento na Amazônia.
Será igualmente firme a defesa que faremos do primado da democracia.
E, mais do que nunca, é preciso clareza quanto ao fato de que não há
democracia sem respeito aos direitos humanos. A prevalência dos direitos
humanos é princípio constitucional da política externa brasileira. Na
ONU, nossa palavra será inequívoca: em todos os lugares, há que garantir
que cada indivíduo possa viver com dignidade, segundo suas convicções e
suas escolhas, sem discriminação e opressão. De volta ao Conselho de
Direitos Humanos da ONU, o Brasil aporta a contribuição de um país cuja
adesão às liberdades democráticas é inegociável, de um país que se
construiu, e ainda se constrói, no pluralismo e na tolerância.
As Nações Unidas apresentam-se como espaço único para que sigamos
promovendo essas que são nossas opções fundamentais. Espaço tanto mais
necessário neste tempo de incertezas, em que ganham terreno soluções
simplistas e tendências isolacionistas. Daí o interesse do Brasil em
fortalecer a Organização, em trabalhar para torná-la mais legítima e
eficaz. Daí a mensagem de renovado engajamento com a ONU que
transmitirei a chefes de Estado e de governo de todo o mundo.
Nenhum comentário:
Postar um comentário