Às vésperas do fim do mandato de Janot, Cármen Lúcia criticou a atuação do chefe da PGR
Relação de aparências Rodrigo Janot teve uma
vitória diante das câmeras, na quarta-feira (13), quando o Supremo
rejeitou, por unanimidade, o pedido de Michel Temer para declará-lo
suspeito. No mesmo dia, porém, recebeu um recado duríssimo. Presidente
do STF, Cármen Lúcia chamou o subprocurador-geral, Nicolao Dino, para
uma conversa reservada. Disse a ele que o tribunal considerava a atuação
de Janot desastrada, avisou que o desconforto era grande e que a corte
havia cansado de sobressaltos.
A origem A Dino, Cármen Lúcia explicitou que havia
forte rejeição no Supremo à forma como Janot apresentou ao país o áudio
que implodiu a delação de Joesley Batista. Ela se referia ao fato de o
procurador-geral ter dito que o diálogo insinuava o envolvimento de um
membro da corte em ilicitudes.
Sem baixaria No dia anterior, terça (12), a
presidente do STF esteve com Raquel Dodge, sucessora de Janot no comando
da PGR. Disse a ela que era preciso recolocar a atuação das
instituições em um “patamar republicano”.
Por todos A ausência de Gilmar Mendes na sessão em
que a suspeição de Janot foi discutida está vinculada a esses
movimentos. Cármen Lúcia pediu a ele que não comparecesse. Queria evitar
mais um episódio de forte embate.
Concessão Aos colegas que estavam irritados com o
procurador-geral, a presidente garantiu que a questão de ordem que pode
inutilizar provas da delação da J&F não seria votada naquele dia.
Errou a mão O PT diz que Janot tirou o entusiasmo da
esquerda em relação à nova denúncia ao apontar o partido como fio
condutor de uma organização criminosa até 2016. Votará contra o
presidente, mas não fará uma defesa enfática da peça da PGR.
Tem jogo O PP puxa a fila de insatisfeitos que
usarão a nova denúncia para cobrar mudanças no governo. Dirigentes da
sigla têm conversado com a oposição e dito que, se o Planalto der a
vitória como certa, pode quebrar a cara.
Sempre eles O PSDB está na gênese da crise na base e
dá sinais de que viverá novo dilema. A liderança da sigla na Câmara,
comandada por Ricardo Tripoli (SP), da ala anti-governo, prepara parecer
em que aponta a nova acusação como “cinco vezes mais grave” do que a
anterior.
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