Clóvis Rossi - FSP
A mais recente patuscada do ditador venezuelano Nicolás Maduro: o "Plano Coelho", que viria a ser a criação em casa de coelhos que, uma vez crescidos, serviriam para alimentar os famintos venezuelanos.
A tolice, sejamos justos, não é ideia de Maduro, mas lhe foi soprada
pelo ministro Freddy Bernal, da Agricultura Urbana (haverá nessa
patética Venezuela um Ministério da Agricultura Rural?).
Reação instantânea do poeta Leonardo Padrón, autor de algumas das mais celebradas telenovelas do país: "Bernal diz que aos coelhos já não há que vê-los como mascotes mas como dois quilos de carne. Em quanto tempo dirá o mesmo sobre os cachorros?".
O plano tem uma origem óbvia: a Venezuela bolivariana tornou-se incapaz de produzir proteínas, seja carne bovina, ovina, de frango ou de porco. Ou qualquer outro alimentos na quantidade necessária para atender a uma população levada à miséria.
O "Plano Coelho" seria apenas patético, não fosse a dramaticidade da situação venezuelana. Tão dramática que consegue ser pior do que a Síria, essa Síria cujas ruínas você vê regularmente em telejornais.
A comparação é feita por um brilhante repórter, Yan Boechat, colaborador desta Folha, com a experiência de quem conhece ambas as situações. Passou um tempo no meio da guerra na Síria e está agora na Venezuela. De ambos os países, produziu um conjunto admirável de reportagens.
Consultei Yan sobre a possibilidade de fazer alguma analogia entre Síria e Venezuela. Sua resposta foi chocante: "Acho que a situação aqui [na Venezuela] é mais caótica. Na Síria, o Estado não consegue controlar todo o território. Não tem capacidade de controlá-lo fisicamente. Mas, onde está instalado, os serviços básicos mal ou bem funcionam".
Já na Venezuela, "o Estado consegue controlar bem seu território, mas é incapaz de abastecê-lo com itens muito básicos. Não consegue suprir a demanda de papel moeda, de alimentos, de itens de higiene e principalmente de remédios".
Consequência inexorável: "As pessoas estão morrendo porque não há um antibiótico, dos mais simples. Já na Síria, há comida, há dinheiro físico, há medicina, principalmente na área comandada pelo governo, que é a que conheço um pouco".
Conta Yan que uma médica venezuelana lhe disse: "Estamos fazendo medicina de cem anos atrás".
Reação instantânea do poeta Leonardo Padrón, autor de algumas das mais celebradas telenovelas do país: "Bernal diz que aos coelhos já não há que vê-los como mascotes mas como dois quilos de carne. Em quanto tempo dirá o mesmo sobre os cachorros?".
O plano tem uma origem óbvia: a Venezuela bolivariana tornou-se incapaz de produzir proteínas, seja carne bovina, ovina, de frango ou de porco. Ou qualquer outro alimentos na quantidade necessária para atender a uma população levada à miséria.
O "Plano Coelho" seria apenas patético, não fosse a dramaticidade da situação venezuelana. Tão dramática que consegue ser pior do que a Síria, essa Síria cujas ruínas você vê regularmente em telejornais.
A comparação é feita por um brilhante repórter, Yan Boechat, colaborador desta Folha, com a experiência de quem conhece ambas as situações. Passou um tempo no meio da guerra na Síria e está agora na Venezuela. De ambos os países, produziu um conjunto admirável de reportagens.
Consultei Yan sobre a possibilidade de fazer alguma analogia entre Síria e Venezuela. Sua resposta foi chocante: "Acho que a situação aqui [na Venezuela] é mais caótica. Na Síria, o Estado não consegue controlar todo o território. Não tem capacidade de controlá-lo fisicamente. Mas, onde está instalado, os serviços básicos mal ou bem funcionam".
Já na Venezuela, "o Estado consegue controlar bem seu território, mas é incapaz de abastecê-lo com itens muito básicos. Não consegue suprir a demanda de papel moeda, de alimentos, de itens de higiene e principalmente de remédios".
Consequência inexorável: "As pessoas estão morrendo porque não há um antibiótico, dos mais simples. Já na Síria, há comida, há dinheiro físico, há medicina, principalmente na área comandada pelo governo, que é a que conheço um pouco".
Conta Yan que uma médica venezuelana lhe disse: "Estamos fazendo medicina de cem anos atrás".
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