Falta de verbas suspende ações de segurança das Forças Armadas no Rio
Segundo CML, a corporação aguarda o "provimento de recursos orçamentários para o desencadeamento de novas operações"
Elenilce Bottari - O Globo
Por falta de recursos orçamentários, as Forças Armadas não
participaram das últimas ações integradas das Forças de Segurança no
estado, entre elas, a Operação Constantinopla, realizada em Campos, na
região Norte Fluminense do Rio, no dia 13, quando foram cumpridos cerca
de 50 mandados de prisão. Segundo fontes da Segurança, das quatro
operações realizadas com a participação das Forças Armadas, duas delas
ainda não teriam os recursos orçamentários quitados, conforme antecipou o jornalista Ancelmo Gois em sua coluna
nesta sexta-feira. Os gastos teriam, inclusive, saído de fontes de
custeio destas unidades. Em nota, a seção de comunicação social do
Comando Militar do Leste confirmou a suspensão provisória das ações no
estado:
"O Estado-Maior Conjunto, composto por representantes das três Forças
Armadas e de órgãos de Segurança Pública federais e estaduais, permanece
em condições de realizar o planejamento e a coordenação de ações
integradas, mediante solicitação da Secretaria de Estado de Segurança
(SESEG), e aguarda provimento de recursos orçamentários para o
desencadeamento de novas operações. O balanço de operações é divulgado
pela SESEG", diz a nota.
O emprego das Forças Armadas em novas operações no Rio foi decidido
em julho passado, devido ao recrudescimento da violência no estado, com
aumento dos casos de roubos de carga e conflitos em comunidades entre
facções rivais e a polícia, em meio a grave crise financeira do Rio.
Inicilamente o pedido era para que o Governo Federal liberasse recursos
para o pagamento em atraso do RAS (Regime Adicional de Serviços). Foi
quando, o governo federal decidiu implantar um plano nacional de ações
integradas no país. Segundo o ministro da Defesa, Raul Jungmann, as
forças atuariam de forma pontual, em operações programadas até, pelo
menos, o final do mandato do presidente Temer, mas desde o último dia 21
de agosto, quando homens do Exército participaram de uma ação em sete
comunidades da zona norte do Rio de Janeiro, entre elas , o Complexo do
Chapadão, Manguinhos e Jacarezinho, os militares não voltaram às ruas.
De acordo com o CML, no entanto, o "Decreto do Poder Executivo de 28
de julho de 2017 e a Diretriz Ministerial Nº 16/2017, do Ministério da
Defesa, que tratam do emprego das Forças Armadas para a Garantia da Lei e
da Ordem em apoio às ações do Plano Nacional de Segurança Pública, no
Estado do Rio de Janeiro" ainda está em vigor.
A falta de recursos também foi a tônica de declarações do próprio comandante do Exército.
“Conduzo seguidas reuniões sobre a gestão dos cortes orçamentários
impostos ao @exercitooficial. Fazemos nosso dever de casa, mas há
limites”, postou no seu twitter Villas Boas.
Outra
operação conjunta ocorreu na Rodovia Presidente Dutra, na altura da
Serra das Araras, no dia 10 e reuniu agentes da Polícia Rodoviária
Federal (PRF) e policiais civis da Delegacia Especializada em Armas,
Munições e Explosivos (Desarme). Nela foram apreendidos três fuzis
calibre 7,62, uma pistola calibre 45 e 2.019 balas, além de drogas,
durante uma fiscalização na Rodovia Presidente Dutra, na altura da Serra
das Araras. Foi a primeira ação conjunta entre forças federais e
estaduais que terminou com apreensão de fuzis desde o início da operação
integrada.
Em nota, a Secretaria de Estado de Segurança (Seseg), por meio das
polícias Civil e Militar, com o apoio de Forças Federais (Marinha,
Exército, Aeronáutica, Polícia Federal, Polícia Rodoviária Federal,
Força Nacional de Segurança Pública e Agência Brasileira de
Inteligência) deflagrou, no último mês, três grandes operações.
Denominadas Onerat (carga em latim), Dose Dupla (por abranger tráfico de
drogas e roubos de veículos e pedestres) e Conisi (reforço em latim),
as ações viabilizaram a prisão de 88 pessoas. Elas foram realizadas em
pontos distintos da Região Metropolitana, incluindo Niterói e as Zonas
Norte e Oeste da Capital.
"Enquanto as polícias Civil e Militar atuavam nas comunidades no
cumprimento de mandados, as Forças Armadas ficaram responsáveis pelo
cerco no entorno das áreas e garantindo a ordem sem que nenhum distúrbio
tenha sido registrado nas grandes operações. A ação das Forças Armadas
nas operações se soma a um extenso e exitoso histórico de ações
integradas com a Seseg".
Segundo a Segurança, o trabalho com as outras forças de segurança continua.
"A Força Nacional de Segurança Pública vem realizando operações de
combate ao roubo de cargas e apoia várias ações das polícias, sendo que
esta semana participou da Operação Constantinopla, responsável pela
prisão de 43 criminosos de quadrilha de homicidas e traficantes na
cidade de Campos, no norte fluminense. A Polícia Federal também
participa do trabalho integrado com agentes, viaturas e aeronaves.
Somados ao reforço da Polícia Rodoviária Federal nas estradas, o esforço
das forças de segurança impacta positivamente nos indicadores de
criminalidade".
Dados parciais do mês de agosto divulgados mostram que os roubos de
cargas vêm apresentando redução em 2017 desde o mês de maio. Quando
consideramos os delitos pela data do fato, a redução entre maio e agosto
é de 27%. Cinco delegacias distritais responderam por quase 2/3 da
redução observada entre esses meses - 21ª DP (Bonsucesso), 39ª DP
(Pavuna), 40ª DP (Coelho Neto), 26ª DP (Lins de Vasconcelos) e 58ª DP
(Posse).
"É importante ressaltar também a queda dos roubos de carga na AISP 03
- que abrange Lins de Vasconcelos, Méier, Jacarezinho e Bandeira 2 -
locais onde foram deflagradas duas operações integradas em agosto
(Onerat e Conisi). Naquela região, os roubos de carga apresentaram
redução de 34% entre julho e agosto", informou a assessoria da Seseg em
nota.
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