Grandeza e riqueza
Gustavo Patu - FSP
BRASÍLIA - Se, por um milagre da diplomacia, todos os países africanos decidissem se unir sob um mesmo governo, seus habitantes passariam a viver em uma das maiores economias do planeta.
Guerras civis, epidemias, fome e outras mazelas que moldaram o imaginário coletivo sobre a região permaneceriam as mesmas. Mas a nova nação disputaria alguma das dez primeiras colocações no ranking global do Produto Interno Bruto.
Haveria, sim, vantagens em potencial. O governo único africano se tornaria uma voz importante nos fóruns políticos e econômicos multilaterais -afinal, estariam sob sua responsabilidade enormes cifras de população, mercado consumidor, exportações, recursos naturais, oportunidades de investimento.
Não é irrelevante, portanto, a projeção de que o PIB brasileiro deverá superar neste ano o do Reino Unido e proporcionar ao país o status de sexta maior economia mundial.
Embora facilitada pela crise europeia, a ascensão do país não é fortuita. Assim como os outros gigantes emergentes, caso de China, Índia e Rússia, o Brasil escalou a hierarquia da geopolítica internacional quando voltou a exibir um processo mais consistente de crescimento.
Não se sabe se tal protagonismo contribuirá, à frente, para maior desenvolvimento humano. Mas o ministro Guido Mantega preferiu faturar já o esperado benefício de amanhã. Em nota, avaliou que "o Brasil pode demorar entre dez e 20 anos para fazer com que o cidadão brasileiro tenha um padrão de vida europeu".
É mais do que otimismo exagerado. Dividindo pela população, o PIB inglês é o triplo do brasileiro. No ritmo atual, só depois de 2040 a renda per capita brasileira atingirá o padrão britânico de hoje -para não falar da qualidade da educação, da saúde, das instituições.
A não ser, é claro, que Mantega conte com um uma ou duas décadas de depressão econômica na Europa.
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