Mato sem cachorro
ELIANE CANTANHÊDE - FSP
BRASÍLIA
- A campanha do PSDB anda animada com os ventos de última hora em
grandes redutos eleitorais, mas Aécio Neves está num mato sem cachorro.
Se correr, o bicho pode pegar; se ficar, o bicho pode comer.
A
boa notícia para o tucano no Datafolha é que ele cresceu seis pontos em
São Paulo, por exemplo, e no geral está só nove pontos atrás de Marina
Silva, a segunda colocada. A má notícia é que faltam poucos dias e o
grande risco de Aécio, ao bater em Marina, é favorecer Dilma, não ele
próprio.
A única chance de Aécio chegar ao segundo turno é atacar
as fragilidades de Marina. Mas, se ele não calibrar bem os ataques,
pode obter o efeito inverso ao que gostaria: a vitória de Dilma já no
primeiro turno.
Depende de uma combinação de dados: o quanto
Marina cair e o quanto ele subir. Aécio precisa bater, mas não pode
bater muito. Tem de ser o suficiente para enfraquecer Marina e herdar os
seus votos, não a ponto de enfraquecê-la demais e transferir pontos
diretos dela para Dilma.
Uma operação delicada, ainda mais se
Dilma tem todas as condições e vantagens. Quanto mais brotam notícias
ruins da economia e quanto mais se sabe que ela não cumpriu as promessas
de 2010, mais ela cresce. O que se discute não é o crescimento pífio,
as contas públicas, o desequilíbrio externo. É se Marina é a candidata
dos banqueiros. Raia o ridículo.
Isso comprova que as versões e o
marketing valem mais do que os fatos e a realidade. São eles que
determinam os rumos das eleições. E, além de todos os seus trunfos
objetivos, Dilma conta com a oposição dividida, competindo entre si,
atarantada, para fazer o jogo dela.
Aécio precisa medir
adequadamente os ataques no primeiro turno. E PSDB, PSB, Rede, DEM e PPS
não podem explodir pontes para uma rearticulação de forças no segundo.
Senão, ficará cada vez mais difícil enfrentar o rolo compressor do
governo e do PT. Apesar de tudo e de todo o grande desgaste,
aparentemente irreversível, do partido.
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