sábado, 27 de setembro de 2014

Grupos de proteção ambiental alertam sobre temporada de caça aos cetáceos
Martine Valo - Le Monde
Ativistas protestam contra caça brutal de golfinhos em Taiji (Japão)
18.jan.2014 - Foto divulgada pela Sea Shepherd Conservation Society no dia 21 de janeiro de 2014 mostrando pescadores japoneses capturando golfinhos em Taiji, na parte ocidental do Japão. Os pescadores mataram aproximadamente 40 golfinhos para vender sua carne. Ativistas dizem que foi o maior número de mortes que testemunharam nos últimos anos. Sea Shepherd, mais conhecido por suas atividades anti-caça, disse que cerca de 250 golfinhos foram capturados e que os pescadores primeiro selecionam 52 para serem mantidos vivos e vendidos a aquários e outros clientes. Eles incluíram até um filhote albino raro e sua mãe AP Photo/Sea Shepherd Conservation Society
Durante a temporada de 2013, dos 1.450 golfinhos capturados na baía de Taiji, no Japão, 834 foram mortos, 158 vendidos a aquários de golfinhos e 457 foram soltos, segundo a Réseau-Cétacés (associação protetora de baleias e golfinhos). Assim como todo ano desde 2005, às vésperas da volta da temporada de caça que se estende de 1º de setembro a 31 de março, os membros dessa organização se mobilizam durante um dia mundial de ação pela proteção dos mamíferos marinhos.
Com o intuito de conscientizar a opinião pública francesa, a Réseau-Cétacés e várias outras associações conduziram ações públicas, na tarde do dia 30 de agosto, na praça do Trocadéro em Paris e na praça Magenta em Nice. "É nossa maneira de apoiar a ação de Ric O'Barry, que todo ano vai ao Japão para documentar esses massacres", explica Sandra Guyomard, presidente da rede. Sempre que tem oportunidade, ela divulga as imagens brutais do documentário "The Cove" (A Enseada), para defender a causa dos golfinhos. O filme, rodado em 2009, mostra como os animais conduzidos para os riachos vizinhos pouco profundos do pequeno porto de Taiji são arpoados em massa.
Ric O'Barry, um ex-treinador que preparava os golfinhos que encarnavam o Flipper na famosa série de TV, é uma das figuras principais dessa luta. Todo ano, ele recebe voluntários que se revezam nessa península japonesa para ali registrar os massacres e tentar, em vão, impedi-los.
"Em termos de barbárie, de quantidade de sangue derramado, Taiji é provavelmente o que há de pior", acredita Sandra Guyomard. Ela explica que a caça ali tem duas motivações: alimentícia, por um lado --mas o consumo vem caindo, pois a carne dos golfinhos se tornou tóxica, carregada de mercúrio e metais dissolvidos--, e comercial, de outro. Os aquários de golfinhos que encomendam grandes golfinhos ou golfinhos-listrados a pescadores contribuem para manter essas práticas cruéis.
"Os cetáceos são enviados para parques aquáticos da Europa, do Egito, da Turquia, mas a maioria deles vai para a China, que é a maior importadora", conta Sandra Guyomard. "Vários países, como a Índia ou a Suíça, proibiram essa indústria de animais em cativeiro." Denunciar esse tráfico se tornou a principal bandeira da luta pela proteção dos golfinhos na costa do Japão.
Longe de lá, no Atlântico norte, ativistas carregando a bandeira do Sea Shepherd se empenhavam em impedir o "grind". Trata-se de uma outra caça tradicional, praticada nas Ilhas Faroe, que também consiste em conduzir cetáceos --golfinhos globicéfalos, também chamados de baleias-piloto--, para arpoá-los no fundo de baías fechadas, cujas águas ficam vermelhas de sangue.

Seiscentos ativistas e sete barcos

Desde o início do verão, por três vezes esses voluntários do Sea Shepherd permitiram que grupos de cetáceos se salvassem levando-os para alto-mar. Mas as tropas do ativista ambiental Paul Watson não se contentam com suas táticas habituais de batalha naval; elas também tentam convencer os ilhéus a pararem definitivamente com esses massacres.
Eles não pouparam meios para isso. De junho a setembro, 600 ativistas, no total, passaram por lá, e sete de seus barcos fizeram uma patrulha contínua. "Nossas primeiras operações nas Ilhas Faroe começaram em 1986, mas elas nunca haviam sido tão amplas e tão longas como esta", conta Lamya Essemlali, encarregada dessa campanha e presidente do Sea Shepherd França. "Nós estamos espalhados por todo o arquipélago e conversamos muito com as pessoas em festivais, no rádio... Alguns simpatizam com nossos argumentos, mas são pouquíssimos os que ousam dizer isso em público."
O Sea Shepherd aposta a fundo na mídia. Durante todo o verão, a ONG recebeu visitas de apoio de celebridades tão diversas quanto a atriz norte-americana Pamela Anderson, a navegadora Florence Arthaud e a bailarina Sylvie Guillem.
"Estamos em 2014, está na hora de parar de matar globicéfalos incomíveis! Dessa vez, pretendemos ficar o tempo que for preciso", avisa Lamya Essemlali.
A luta está longe de ser ganha. Em 29 de agosto, o Sea Shepherd relatou a matança brutal de cinco baleias que haviam encalhado nas margens de Suduroy, uma das Ilhas Faroe.

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