Claire Cain Miller - NYT
Entre todas as etapas marcantes no caminho para a vida adulta, as pessoas estão cada vez mais abandonando uma das mais importantes: o casamento.
Vinte por cento dos adultos com mais de 25 anos,
cerca de 42 milhões de pessoas, nunca se casaram, 9% a mais do que em
1960, de acordo com dados de um relatório do Pew Research Center
publicado na quarta-feira (17).
A tendência tem se mantido constante há décadas. Desde 1970, cada grupo de jovens adultos tem mostrado uma probabilidade menor de se casar do que a geração anterior. Embora parte da tendência possa ser atribuída ao fato de que as pessoas estão simplesmente se casando mais tarde, as projeções do Pew estimam que um quarto dos jovens adultos de hoje não se casarão até 2030, o que seria a maior porcentagem da história moderna.
Então, enquanto a esquerda e a direita debatem a relação entre casamento, filhos e pobreza, os jovens parecem estar enviando uma mensagem aos políticos: o casamento não está necessariamente no plano. Essa mudança pode remodelar não só as famílias norte-americanas, mas também as políticas de impostos, filhos e benefícios.
Sob muitos aspectos, o afastamento do casamento é resultado da evolução dos papéis de gênero. Mas o declínio também resulta da divisão socioeconômica que se aprofunda no país. Até algumas décadas atrás, o casamento era principalmente uma equação econômica: os homens ganhavam dinheiro para sustentar a família enquanto as mulheres administravam o lar.
Mas com o aumento do controle de natalidade, da tecnologia no lar e das mulheres na força de trabalho, o casamento passou a acontecer menos por motivos econômicos e mais por amor, como a historiadora social Stephanie Coontz descreve em seu livro "Marriage, a History: How Love Conquered Marriage" [literalmente: "Casamento, uma História: Como o Amor Conquistou o Casamento"].
A porcentagem de pessoas com alta renda e escolaridade que se casam ainda é grande e elas tendem a permanecer casadas, de acordo com economistas e demógrafos. Permanecer solteiro é mais comum entre as pessoas de menor escolaridade, negros e jovens, revelou o Pew.
Os homens tem uma probabilidade maior de permanecerem solteiros do que as mulheres, 23% contra 17%. Parte disso se deve ao fato de que a porcentagem de homens entre 25 a 54 anos que não trabalham vem aumentando há 50 anos. Ao mesmo tempo, 78% das mulheres que nunca se casaram dizem que um parceiro com emprego fixo é muito importante para elas, mais do que qualquer outra característica ao escolher um marido. O Pew analisou o grupo de homens empregados e solteiros em comparação com todas as mulheres solteiras e descobriu que há 65 homens empregados para cada 100 mulheres.
Os negros dão mais importância do que os brancos a encontrar um parceiro com um emprego fixo antes do casamento, de acordo com o Pew, e entre os jovens negros solteiros, há 51 homens empregados para cada 100 mulheres.
"Os homens sem diplomas universitários estão indo tão mal no mercado de trabalho que não parecem boas perspectivas para as mulheres em suas vidas", diz Isabel V. Sawhill, codiretora do Centro sobre Crianças e Famílias na Brookings Institution, cujo livro sobre o tema, "Generation Unbound: Drifting Into Sex and Parenthood Without Marriage" [algo como "Geração Sem Compromisso: Sexo e Filhos sem Casamento"], foi lançado na quinta-feira (18).
Mas ela diz que não é um fenômeno totalmente econômico, é também uma mudança de papeis sociais. "Acho que tem algo a ver com o fato de que, na classe profissional, como os homens estão indo muito bem, eles não são ameaçados de forma alguma por uma mulher que trabalhe ou que também seja bem sucedida", disse ela. "Entre os homens da classe trabalhadora, pode ser um pouco mais ameaçador se a esposa ou a namorada ganhar tanto quanto ele e, como resultado, passar a fazer novas demandas."
À medida que o casamento moderno se tornou mais relacionado ao amor do que à sobrevivência, estar casado se transformou em um luxo que está mais ao alcance das pessoas ricas, diz Justin Wolfers, economista que escreve para o The Upshot e estudou o casamento e o divórcio. Os benefícios de compartilhar interesses em comum têm mais chances de favorecer as pessoas que têm tempo e dinheiro para investir neles, disse ele.
Embora o casamento já tenha sido a base da estabilidade econômica, os jovens adultos de hoje veem a estabilidade financeira como um pré-requisito para o casamento. Mais de um quarto daqueles que dizem querer se casar um dia afirmam que não o fizeram ainda porque não estão financeiramente prontos, de acordo com o Pew.
"Se voltarmos atrás uma geração ou duas, os casais literalmente embarcavam juntos e construíam suas finanças e seu pé de meia juntos", diz Kim Parker, diretora de pesquisa em tendências sociais do Pew. "Agora, parece existir essa atitude entre os adultos jovens, de construir seus lares antes de se casar."
Em outras palavras, o casamento deixou de ser a forma pela qual as pessoas organizam suas vidas para se tornar algo com o qual concordam depois de terem feito isso sozinhas.
Tradutor: Eloise De Vylder
A tendência tem se mantido constante há décadas. Desde 1970, cada grupo de jovens adultos tem mostrado uma probabilidade menor de se casar do que a geração anterior. Embora parte da tendência possa ser atribuída ao fato de que as pessoas estão simplesmente se casando mais tarde, as projeções do Pew estimam que um quarto dos jovens adultos de hoje não se casarão até 2030, o que seria a maior porcentagem da história moderna.
Então, enquanto a esquerda e a direita debatem a relação entre casamento, filhos e pobreza, os jovens parecem estar enviando uma mensagem aos políticos: o casamento não está necessariamente no plano. Essa mudança pode remodelar não só as famílias norte-americanas, mas também as políticas de impostos, filhos e benefícios.
Sob muitos aspectos, o afastamento do casamento é resultado da evolução dos papéis de gênero. Mas o declínio também resulta da divisão socioeconômica que se aprofunda no país. Até algumas décadas atrás, o casamento era principalmente uma equação econômica: os homens ganhavam dinheiro para sustentar a família enquanto as mulheres administravam o lar.
Mas com o aumento do controle de natalidade, da tecnologia no lar e das mulheres na força de trabalho, o casamento passou a acontecer menos por motivos econômicos e mais por amor, como a historiadora social Stephanie Coontz descreve em seu livro "Marriage, a History: How Love Conquered Marriage" [literalmente: "Casamento, uma História: Como o Amor Conquistou o Casamento"].
A porcentagem de pessoas com alta renda e escolaridade que se casam ainda é grande e elas tendem a permanecer casadas, de acordo com economistas e demógrafos. Permanecer solteiro é mais comum entre as pessoas de menor escolaridade, negros e jovens, revelou o Pew.
Os homens tem uma probabilidade maior de permanecerem solteiros do que as mulheres, 23% contra 17%. Parte disso se deve ao fato de que a porcentagem de homens entre 25 a 54 anos que não trabalham vem aumentando há 50 anos. Ao mesmo tempo, 78% das mulheres que nunca se casaram dizem que um parceiro com emprego fixo é muito importante para elas, mais do que qualquer outra característica ao escolher um marido. O Pew analisou o grupo de homens empregados e solteiros em comparação com todas as mulheres solteiras e descobriu que há 65 homens empregados para cada 100 mulheres.
Os negros dão mais importância do que os brancos a encontrar um parceiro com um emprego fixo antes do casamento, de acordo com o Pew, e entre os jovens negros solteiros, há 51 homens empregados para cada 100 mulheres.
"Os homens sem diplomas universitários estão indo tão mal no mercado de trabalho que não parecem boas perspectivas para as mulheres em suas vidas", diz Isabel V. Sawhill, codiretora do Centro sobre Crianças e Famílias na Brookings Institution, cujo livro sobre o tema, "Generation Unbound: Drifting Into Sex and Parenthood Without Marriage" [algo como "Geração Sem Compromisso: Sexo e Filhos sem Casamento"], foi lançado na quinta-feira (18).
Mas ela diz que não é um fenômeno totalmente econômico, é também uma mudança de papeis sociais. "Acho que tem algo a ver com o fato de que, na classe profissional, como os homens estão indo muito bem, eles não são ameaçados de forma alguma por uma mulher que trabalhe ou que também seja bem sucedida", disse ela. "Entre os homens da classe trabalhadora, pode ser um pouco mais ameaçador se a esposa ou a namorada ganhar tanto quanto ele e, como resultado, passar a fazer novas demandas."
À medida que o casamento moderno se tornou mais relacionado ao amor do que à sobrevivência, estar casado se transformou em um luxo que está mais ao alcance das pessoas ricas, diz Justin Wolfers, economista que escreve para o The Upshot e estudou o casamento e o divórcio. Os benefícios de compartilhar interesses em comum têm mais chances de favorecer as pessoas que têm tempo e dinheiro para investir neles, disse ele.
Embora o casamento já tenha sido a base da estabilidade econômica, os jovens adultos de hoje veem a estabilidade financeira como um pré-requisito para o casamento. Mais de um quarto daqueles que dizem querer se casar um dia afirmam que não o fizeram ainda porque não estão financeiramente prontos, de acordo com o Pew.
"Se voltarmos atrás uma geração ou duas, os casais literalmente embarcavam juntos e construíam suas finanças e seu pé de meia juntos", diz Kim Parker, diretora de pesquisa em tendências sociais do Pew. "Agora, parece existir essa atitude entre os adultos jovens, de construir seus lares antes de se casar."
Em outras palavras, o casamento deixou de ser a forma pela qual as pessoas organizam suas vidas para se tornar algo com o qual concordam depois de terem feito isso sozinhas.
Tradutor: Eloise De Vylder
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