MEC diz que 14 questões vazaram do pré-teste do Enem 2011
UOL - FSP
O MEC (Ministério da Educação) afirmou nesta quinta-feira (27) que 14 questões vazaram do pré-teste do Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) aplicado no Colégio Christus, de Fortaleza, em outubro do ano passado. Segundo o órgão, duas turmas (uma com 47 e outra com 44 alunos) fizeram as provas. Na quarta-feira (26), o UOL Educação já havia mostrado que os itens saíram dos pré-testes aplicados na escola.
O ministério também afirma que as questões não poderiam ser memorizadas pelos alunos. "Enfatiza-se que as questões reproduzidas não eram de domínio público, e não poderiam ter sido memorizadas pelos estudantes, devido ao grau de detalhismo e similaridade", diz. O órgão afirma que "está afastada a hipótese de que as questões teriam circulado pela web antes da realização da prova".
O governo afirma que os pré-testes "têm o mesmo rigor de segurança dos demais exames". Os itens estavam em apostilas distribuídas pelo colégio, e cópias delas foram colocadas em redes sociais na internet por estudantes na noite de terça-feira (25). Após a divulgação, o MEC confirmou que pelo menos nove questões eram idênticas às aplicadas no último final de semana.
Segundo o MEC, o colégio fazia parte da amostra de escolas que participaram da chamada calibragem de itens do exame -- nesta etapa do processo, o Inep/MEC aplica algumas questões a alunos de todo o Brasil para "classificá-las" em relação ao nível de difidiculdade. São sorteadas escolas de três grupos (com baixo, médio e alto desempenho). No caso, o Colégio Christus foi sorteada como uma instituição de alto nível.
O MEC aplicou 384 testes (16 cadernos com 24 questões) nesse grupo amostral de que a escola faz parte. Após a aplicação do pré-teste, os cadernos de prova são retornados ao Inep e são incinerados. Segundo o órgão, todos os cadernos de pré-teste da calibragem de outubro de 2010 foram devolvidos e queimados.
O Inep tem controle dos cadernos de pré-teste que são aplicados. Em outras ocasiões, o próprio órgão já retirou do banco de itens questões pré-testadas que não foram devolvidas. Quando elas voltam para o Inep, caem em um banco unificado de questões.
Segundo o diretor do colégio, Davi Rocha, “não é possível afirmar” que as questões saíram do banco de questões do MEC, mas que “imagina que tenha”. De acordo com ele, o Christus não teve acesso ao pré-teste, somente alguns estudantes –e que eles podem ter colocado os itens no banco do colégio. Rocha disse que os alunos são “colaboradores” do colégio para a formulação de questões. “Nosso banco de questões é formado por diversos colaboradores” afirmou.
O governo estuda anular a prova dos mais de 600 alunos do colégio e reaplicá-las em breve. O MEC também anunciou que pediu à Polícia Federal que investigue o suposto vazamento das questões.
O Colégio Christus divulgou uma nota na tarde desta quarta em que reitera que os próprios alunos que fizeram o pré-teste podem ter sugerido as questões que foram parar no material da escola. A instituição diz ser “impossível que mantivesse qualquer tipo de contato prévio com o exame [Enem]”.
Em relação à redação proposta pelo colégio (sobre “redes sociais”, o mesmo do Enem 2011), a nota afirma que a escolha do tema “decorreu de uma avaliação contextual, mediante pesquisas e consultas a diversas fontes”. O Christus diz, ainda, que sua redação focou-se na “capacidade das redes na mobilização popular” e, a do Enem, nos “limites entre o público e privado nas relações interpessoais”.
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