Futuro do pretérito
DORA KRAMER - O Estado de S.Paulo
Fala-se em reforma ministerial mais ou menos como se falou da dita faxina ética: sem confrontar as condições objetivas do cenário real com a expectativa de um quadro ideal.
Como se redução de pastas, extinção de igrejinhas partidárias, substituição de ministros e toda gama de boas intenções que começam a ser proclamadas pelo Palácio do Planalto não tivessem implicações profundas.
Há, para início de conversa, uma contradição básica com a qual Dilma Rousseff deverá se confrontar se o que pretende é realmente reformular o modo de operação de governo, a partir da constatação feita na semana passada pelo empresário Jorge Gerdau, presidente da Câmara de Gestão criada pela presidente.
Caso ela concorde com Gerdau que "é impossível administrar com 40 ministérios" e resolva enxugar a máquina, estará se contrapondo à lógica do governo Luiz Inácio da Silva com a qual compartilhou como principal gestora.
Uma ruptura com o passado, cuja execução equivaleria a dizer que o conceito de Lula estava errado, vai muito além da questão do estilo.
Bate de frente com o conteúdo, pois Dilma estaria renegando uma concepção da qual não foi mera herdeira, mas parceira. Por concordar com o modo lulista de governar é que se elegeu presidente sob o estandarte da continuidade absoluta.
Do Blog:
De que adianta trocar um canalha, cafajeste, corrupto por um outro canalha, cafajeste, corrupto do mesmo partido, com a mesma disposição de roubar o dinheiro público?
Procedendo dessa maneira, o Zagueirão se mostra de verdade, é igual a eles em todos os aspectos.
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