Suplicy — acreditem — quer “ajudar” na paz entre as duas Coreias, que as grandes potências não conseguem, com um jogo de futebol
Blod do RICARDO SETTI - VEJA
Amigos do blog, a tensão entre as duas Coreias, a do Sul, capitalista, rica, próspera e país de ponta em matéria de avanço tecnológico, e a do Norte, comunista, miserável, submetida a um regime de escravidão e fome por uma ditadura que passa de pai para filho, é uma das últimas fronteiras da guerra fria.
E perigosa, perigosíssima, porque o desvairado regime do ditador Kim Jong-il muito provavelmente dispõe de bomba atômica, e, apesar da miséria do país, possui mísseis de médio alcance que podem atingir até o Japão. Há quem calcule que igualmente tenha capacidade de alcançar o Alaska, nos Estados Unidos, que, por sinal, mantêm tropas e uma força de dissuasão nuclear tanto na Coreia do Sul como no Japão.
Negociações para estabelecer a paz entre as Coreias existem desde que terminou a Guerra da Coreia, em 1953. A tentativa de desarmar nuclearmente a Coreia do Norte vem sendo empreendida, desde 2003, por meio de negociações entre seis partes: as duas Coreias, a China, os Estados Unidos, o Japão e a Rússia. Já se prometeu à Coreia dinheiro, comida, desenvolvimento de energia nuclear para fins pacíficos – o diabo, e o ditador ainda não cedeu.
Como um garoto chupando pirulito no meio de um tiroteio
Pois bem, eis que, aqui no longínquo Brasil, como um garoto chupando pirolito em meio a um tiroteio entre gangues de traficantes, vem o senador Eduardo Suplicy (PT-SP) e propõe, oficialmente, que o novo embaixador do Brasil em Pyongyang, capital da Coreia do Norte, diplomata Roberto Colin, tente “ajudar” na paz entre as Coreias por meio do futebol brasileiro.
Como se não tivesse mais nada de importante a fazer, Suplicy apresentou a proposta durante sessão da Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional que sabatinou e aprovou a indicação do diplomata para o cargo, fazendo o mesmo com o diplomata Eduardo Gradilone para embaixador na Nova Zelândia.
Suplicy lembrou o famoso “Jogo da Paz” da Seleção brasileira no Haiti devastado por uma guerra civil, em 2004, realizado pouco depois de o Exército desembarcar no país como parte da missão pacificadora da ONU. E disse que a popularidade dos jogadores brasileiros “poderia ajudar a reduzir a tensão atual entre a Coreia do Sul e a do Norte”.
Sugeriu, então, que a equipe brasileira participasse de duas partidas contra um time misto das duas Coreias: uma em Seul e outra em Pyongyang, respectivamente capitais da Coreia do Sul e da Coreia do Norte.
Polido, o futuro embaixador em Pyongyang disse achar boa a ideia e afirmou que fará o possível para colocá-la em prática.
Imagino o que não deve ter pensado, intimamente, do nobre senador., que cada vez mais se empenha em ser campeão de abobrinhas e não perde uma oportunidade de aparecer.
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