sábado, 2 de junho de 2012

SEGUE O JOGO...

Ministro da Defesa de Israel considera morto o processo de paz com os palestinos
Ana Garralda - El Pais
As palavras que Ehud Barak pronunciou na quarta-feira (30) caíram como uma pedra no gabinete do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu. Na véspera da entrega de 91 cadáveres para a Autoridade Palestina (AP), prevista como um gesto para promover uma nova rodada de negociações, o ministro da Defesa israelense turvou o clima político ao anunciar que Israel poderia optar por uma retirada unilateral da Cisjordânia --semelhante à realizada em agosto de 2005 da Faixa de Gaza- caso as negociações com a AP não conduzam a um acordo de paz permanente.
A proposta do ministro da Defesa foi desautorizada pelo vice-primeiro-ministro, Moshe Yaalon, que afirmou que a proposta de Barak seria contraproducente do ponto de vista político. Vários altos funcionários palestinos atacaram o ex-dirigente trabalhista e atual líder do partido Atzmautz, que foi o artífice da retirada unilateral do sul do Líbano em 2000, quando era primeiro-ministro.
O porta-voz da presidência, Nabil Abu Rudeina, qualificou de "inaceitável" a hipótese, argumentando que agravaria ainda mais o conflito e poria fim à já malfadada solução de dois Estados, ao tornar inviável o palestino.
Segundo o plano de Barak, Israel só se retiraria das áreas A e B da Cisjordânia, anexando-se 10% de seu lado ocidental --no qual penetra o chamado muro de separação--, e outros 30% do lado oriental, onde fica o vale do Jordão.
Entretanto, a AP, com seu presidente, Mahmud Abbas, recebia com todas as honras os restos de 91 combatentes (mujahedin) caídos em ações guerrilheiras e atentados terroristas desde 1967. Os caixões envoltos na bandeira palestina foram recebidos na Muqata de Ramallah com salvas de tiros da guarda presidencial.
Esse gesto, qualificado de "boa vontade" pelo porta-voz do gabinete do primeiro-ministro, Ofir Gendelman, foi criticado pelas associações de vítimas do terrorismo, para as quais trata-se de "meros terroristas". No entanto, no entorno de Netanyahu se acredita que a entrega pode ajudar a criar um novo clima de entendimento com a AP, administrada por um Executivo interino e dependente da formação de um novo governo de união nacional.
Entre os cadáveres entregues estão os de autores de atentados como o cometido por um comando da Organização para Libertação da Palestina (OLP) contra o Hotel Savoy de Tel Aviv em 1975. Mas, além de responsáveis por ataques "históricos", na entrega de quinta-feira também havia restos de terroristas suicidas recentes, como os de Heba Daragme, que se imolou em 2003 em um centro comercial de Afula (norte), em um ato que causou várias mortes.
Tradutor: Luiz Roberto Mendes Gonçalves

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