O dever da conscientização
João Bosco Leal*
Muitas
vezes reclamamos até da preguiça de levantarmos da cama, onde dormíamos
com o ar condicionado e o humidificador ligados, enquanto milhões de
brasileiros não possuem sequer um teto para se abrigar do calor ou das
intempéries, ou dizemos que estamos até indispostos por termos comido
demais, sem sequer nos lembrarmos dos que estão morrendo de fome.
Somente em nosso país, ainda existem
milhões de pessoas sem rede de esgoto em suas ruas, eletricidade em suas
casas ou acesso a uma escola digna, que as ensine o básico para sua
sobrevivência em uma sociedade cada vez mais culta, que exige mão de
obra cada vez mais especializada, mesmo para o trabalho mais simples.
Os que nasceram em lares mais
privilegiados – e talvez até por isso mesmo -, vivem em um mundo tão
distante dessas pessoas, que são incapazes de enxergar e valorizar todas
as facilidades que possuem, desde a água encanada até o transporte
privado e, por isso, nem percebem a diferença que existe entre esses
dois mundos dentro de um mesmo país,
Essa situação continuará assim por no
mínimo mais uma geração, pois as crianças que não frequentam a escola
hoje serão os trabalhadores subempregados que levarão sessenta e cinco
anos, para se aposentarem.
Analfabetos ou semianalfabetos
continuarão sendo facilmente conduzidos, como massa de manobra, pelos
políticos corruptos que aí estão e que facilmente os “compra” com os
mais diversos tipos de “bolsas” ou “vales” e, por constituir a maioria
populacional, continuarão decidindo as eleições como ocorre atualmente.
A maneira mais fácil de mudar essa
situação seria através do voto que promovesse uma faxina geral,
excluindo do país todos os políticos profissionais e corruptos que
atualmente estão no poder, coisa impossível com a maioria “comprada”.
Então, para que essa transformação
ocorra, o primeiro passo seria o de que os cidadãos brasileiros
conscientes, independente de sua classe social ou cultural, passem a
lutar, diariamente, para que essa maioria tenha pelo menos o básico,
como educação, saúde e moradia dignas.
E isso seria feito não só nas eleições,
com o voto dessa minoria, mas em todos os ambientes a que cada um tenha
acesso, como na conversa com seus funcionários, colegas de trabalho,
amigos, nos pontos de ônibus, no metrô, nas filas dos bancos, nas festas
e reuniões em geral.
Nessas ocasiões deve-se divulgar,
sempre, a quantidade de impostos que se paga, os descontados do salário
de cada trabalhador, cobrados em todos os mantimentos, contas de luz,
água, telefone, etc…, e a contrapartida obtida por cada cidadão nas mais
diversas áreas, como a de saúde, educação, transporte e outros que
seriam de competência dos governos municipais, estaduais e federais, que
“evaporam” com tanta corrupção.
É imprescindível que os brasileiros
criem climas de protestos diversos, exigindo a principal mudança que
será a responsável por todas as outras: a educação para todos, em todos
os rincões do país.
Só com educação aqueles hoje
“manobrados” conseguirão um bom trabalho, com o qual terão – e poderão
proporcionar a seus filhos -, muito mais do que hoje recebem através de
qualquer tipo de “doação” dos políticos.
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