Estudantes estrangeiros ficam de mal com a França
Benoît Floc?h - Le monde
Apesar do mea culpa do governo, a “circular Guéant”, que prejudica os estudantes estrangeiros, causa polêmica
A “circular Guéant” corre o risco de manchar a imagem da França. Esse texto, que data de 31 de maio e tende a limitar a possibilidade de os universitários estrangeiros permanecerem na França para trabalhar, tem criado polêmica em todo o mundo. “Sim, foi feito um estrago”, garante Pierre Tapie, presidente da Confederação de Grandes Escolas (CGE). “Esse caso causou muita comoção na Índia, no Brasil, na China, no Marrocos...”, alimentado por universitários “amargurados” por essa espécie de “decepção amorosa” sofrida em relação à França. “As equipes que saem para recrutar no exterior representando escolas francesas foram ‘assediadas’ sobre essa questão”, relata Tapie.
Vista da China, a posição da França surpreende. “Na guerra internacional dos talentos, todo país que complique a obtenção de vistos para estudantes, a possibilidade de trabalhar durante os estudos ou de viver uma primeira experiência profissional após a formatura, está dando um tiro no pé”, alerta John Quelch, reitor da China Europe International Business School (CEIBS).
O século 21 muitas vezes é apresentado supostamente como o da economia e do conhecimento. Mais do que nunca, é o saber e a inovação que criarão as riquezas. Isso explica a importância de se atrair os melhores dentre os 200 milhões de estudantes que o mundo deverá ter até 2015. “Esse tipo de política restritiva privará a Europa dos cérebros dos quais ela precisa”, teme Patrick Aebischer, presidente da Escola Politécnica Federal de Lausanne. “Grande parte do Vale do Silício depende da importação dos melhores pesquisadores, por exemplo, aqueles que vêm dos Indian Institutes of Technology e que fazem doutorado em Stanford ou em Berkeley.”
Esses estudantes, futuros pesquisadores ou empreendedores, hoje questionam as intenções da França. O ex-premiê Jean-Pierre Raffarin sentiu isso, ao visitar um Salão do Estudante em Pequim. “Estudantes chineses se reuniram e me interpelaram sobre essa questão, enquanto eu era entrevistado pelas TVs chinesas”, ele conta.
Outro lugar, mesma perplexidade. Há algumas semanas, Bernard Ramanantsoa, diretor-geral da HEC (faculdade de Administração), promovia sua escola durante um fórum realizado em Moscou, quando uma estudante o abordou: “O que o senhor acha dessa circular?”, ela disse.
No Marrocos, professores de escolas francesas escreveram ao embaixador da França, no dia 14 de outubro, para avisar sobre o “efeito desastroso produzido no Marrocos e especialmente sobre a consternação das famílias que escolheram colocar seus filhos em escolas da rede de ensino francês”.
Nabil Sebti, 25, é um deles. Marroquino formado pela HEC, ele é porta-voz do Coletivo de Estudantes Estrangeiros. Depois de entrevistá-lo, o “New York Times” constatou, no dia 9 de novembro: “O francês é sua língua materna, eles citam Sartre e Camus e estudaram em algumas das escolas mais elitistas do país. No entanto, o endurecimento das regras de imigração pela França acaba de obrigar diversos estrangeiros recém-formados a voltarem para a África do Norte, onde poucas oportunidades de trabalho os aguardam, possivelmente privando o país de uma mão de obra produtiva e altamente qualificada.”
Preocupado com a polêmica, o governo francês incumbiu os ministros de acalmarem a situação. O premiê escreveu a Pierre Tapie no dia 22 de novembro. Ele garante que os estudantes estrangeiros que obtiverem pelo menos um mestrado na França poderão permanecer para uma primeira experiência profissional sem que a situação de emprego possa ser usada contra eles. François Fillon afirma: “Nosso objetivo é atrair os melhores estudantes do mundo”.
No mesmo dia, no “Le Monde”, Claude Guéant criticava “uma apresentação inexata” da política conduzida, e garante que tudo está sendo feito para solucionar os casos que surgirem. Ele explica, no entanto, que não decidiu “assumir cinicamente a pilhagem de cérebros nos países de origem, que muitas vezes precisam formar para si uma classe de executivos.”
Política de desenvolvimento, competição internacional, forte desemprego dos jovens na França, campanha presidencial sobre a qual paira a sombra de Marine Le Pen... O governo se encontra pressionado.
Mencionando “uma política de imigração desajeitada”, o jornal “The Australian” aponta esse último aspecto em um artigo do dia 23 de novembro: “A implacável ascensão da extrema direita na Europa não é mais um assunto puramente acadêmico para as universidades de excelência francesas.” E o jornal de Sydney diz ainda: “A abordagem francesa é mais do que uma lição para a Austrália do que não se deve fazer”. No entanto, a Austrália, assim como outros países, tem enfrentado esses problemas, lembra o “New York Times” do dia 13 de outubro: “Neste ano, várias nações ocidentais, entre elas a Austrália, o Reino Unido e a Suécia, decidiram restringir o acesso a suas universidades para os estudantes estrangeiros”.
O caso da “circular” “é blá-blá-blá populista de visão curta”, se revolta William Lawton, diretor do Observatório Britânico do Ensino Superior Transnacional, “e isso reflete exatamente o que se passa no Reino Unido. Aqui também o governo acreditou que seria obrigado a anunciar uma redução da imigração durante a campanha eleitoral de 2010”. Até hoje, os universitários formados não europeus podiam ficar para trabalhar por dois anos, mas “esse direito automático acabará no ano que vem”, explica Lawton. “Deve-se frisar que esse era um dos atrativos para vir estudar aqui. A mensagem passada para o resto do mundo, portanto, tem um efeito negativo.” Por outro lado, a pesquisa americana sofreu com a era Bush.
Será que esse recuo do governo francês será o suficiente para acalmar a polêmica? Assim que foi recebida a carta de François Fillon, as grandes escolas e universidades acreditaram que ela permitia que “os mal-entendidos e as preocupações se dissipassem”. “Se ela for aplicada, a máquina vai voltar a funcionar”, acredita Tapie.
Jean-Pierre Raffarin, bastante irritado com essa “estratégia internacional absurda” que constitui uma “desglobalização”, quer acreditar que “isso pode ser corrigido”. Ele recomenda que se seja “mais sutil na comunicação. É preciso ser severo com a imigração ilegal, contanto que se aceite aquela que é legal. E os estudantes são o cerne desta última”.
Mas, na realidade, são as estatísticas sobre o número de estudantes estrangeiros que dirão se o mal será duradouro ou remediável. “A essa altura, penso que o mal ainda não foi feito na França”, acredita Della Bradshaw, jornalista do “Financial Times”, “ao contrário do Reino Unido, onde as candidaturas a MBA despencaram este ano”.
Enquanto isso, o Canadá se empolga. O país procura segurar os jovens que vêm estudar em seu território, lembra Lawton. “E o Canadá”, ele diz, “está evidentemente muito bem posicionado para receber estudantes estrangeiros francófonos que buscam um destino receptivo para realizar estudos de qualidade”. Assim, nos cursos que ele ministra no Québec, Jean-Pierre Raffarin tem muitos estudantes magrebinos. “Entre uma administração canadense receptiva e uma administração francesa um pouco fechada, eles logo fazem sua escolha”, ele explica.
Tradução: Lana Lim
quarta-feira, 30 de novembro de 2011
CRISTÃOS SÍRIOS SENTEM-SE AMEAÇADOS PELOS MUÇULMANOS
Por medo, cristãos ficam ao lado do ditador da Síria
Bastian Berbner - Der Spiegel
O presidente está explorando o medo dos cristãos com relação aos islamitas para seus próprios fins
Muitos dos 2,5 milhões de cristãos da Síria estão apoiando o presidente Bashar Assad em meio aos protestos no país. Eles preferem um ditador brutal que garante os direitos das minorias religiosas ao futuro incerto que a partida de Assad traria. O presidente está explorando o medo deles dos islamitas para seus próprios fins.
A rebelião contra ele tinha começado há apenas poucos dias quando o ditador sírio Bashar Assad convocou os líderes cristãos de seu país ao palácio presidencial, no noroeste de Damasco. O patriarca ortodoxo sírio Ignatius foi. Ele tem 78 anos e está gravemente doente, mas ainda é uma figura poderosa. Bispos e arcebispos representando católicos, armênios, arameus e assírios também estavam presentes. Ao todo, havia uma dúzia de líderes religiosos representando cerca de 2,5 milhões de cristãos sírios.
A mensagem que receberam de seu chefe de Estado foi curta e simples: apoiem-me ou suas igrejas queimarão.
Ao que parece, Assad, um membro dos alauitas, uma seita do islamismo xiita, não queria presumir que os cristãos da síria continuariam afastados da política. Sentindo que não apenas sua autoridade, mas talvez sua própria sobrevivência estava em jogo, ele recorreu aos mesmos meios que seu pai, Hafez Assad, usava para manter o poder: pressão e violência.
A Liga Árabe suspendeu a Síria, isolando o país internacionalmente. Damasco perdeu o prazo da última sexta-feira para que Assad colocasse um fim ao derramamento de sangue e permitisse a entrada de uma comissão de observadores no país. A Liga permitiu uma breve prorrogação, mas no domingo impôs sanções econômicas duras contra o país. Na quarta-feira, a Turquia impôs suas próprias sanções econômicas contra a Síria.
Lealdade assumida
O regime matou pelo menos 3.500 pessoas desde março. Há relatos de tortura, execuções de indivíduos desarmados e execuções em massa de desertores do exército. Mas nada disso dissuadiu os membros da oposição. Vídeos pela Internet mostram milhares continuando a marchar pelas ruas de Homs, Hama, Daraa e Damasco pedindo a queda de Bashar.
Enquanto isso, os bairros e vilarejos cristãos têm permanecido em grande parte quietos, sem nenhuma grande manifestação, cantos ou pichações fazendo críticas ao regime. Em vez disso, há silêncio. Ou pior, manifestações de lealdade ao regime.
“O presidente Assad é um homem muito culto”, disse Gregorios Elias Tabé, 70 anos, o arcebispo católico sírio de Damasco. Ele chama toda a imprensa de mentirosa e os manifestantes de terroristas. Todo domingo, ele prega na Capela de São Paulo, no sudeste da cidade velha de Damasco, que recebe seu nome do apóstolo Paulo, que teria escapado da cidade há 2 mil anos. As congregações cristãs da Síria estão entre as mais antigas do mundo e o arcebispo gostaria que continuassem existindo por muito mais anos –o que lhe dá um motivo para ficar ao lado de Assad.
“Nós somos uma nação de 23 milhões”, disse Tabé, “e nenhuma lei jamais agradará a todos. Isso vale para qualquer país –sempre haverá 10% de sacrificados”. É um estado das coisas que ele pode aceitar, desde que os cristãos não sejam o segmento da população sendo sacrificado.
Do ponto de vista do arcebispo, é possível viver bem na Síria. O presidente garante os direitos das minorias religiosas, os cristãos podem praticar sua fé livremente e as igrejas são protegidas. Assad costuma nomear membros de seu próprio grupo, os alauitas, para importantes postos do governo e das forças armadas, mas os cristãos também ocupam vários altos cargos em instituições importantes, como a guarda presidencial e os serviços de inteligência. O presidente do banco central do país é um cristão, assim como o novo ministro da Defesa. Muitos cristãos pertencem às fileiras dos privilegiados dentro do sistema e poucos ousariam se unir à oposição, não quando permanecem tão próximos do presidente.
Assad não apenas permite a influência dos cristãos, mas também alimenta o maior temor deles: os islamitas, a lei Sharia e a perspectiva de igrejas serem incendiadas. Os bispos provavelmente preferem um ditador brutal que lhes permite rezar em paz do que a Irmandade Muçulmana, que exigiria uma parcela do poder em uma Síria sem Assad.
Reunião em segredo
Mas também há jovens cristãos como Mohammed, como pede para ser chamado, que estão organizando a resistência em Bab Sharqi, um distrito na cidade velha de Damasco, onde também fica a igreja do arcebispo Gregorios. Mohammed formou um comitê organizador juntamente com sete outros amigos. Os ativistas têm todos entre 20 e 29 anos, a maioria estudantes. Eles se reúnem em locais secretos e se comunicam por e-mail e telefone por satélite.
No momento, os protestos do grupo ainda são modestos, diz Mohammed. Por exemplo, cerca de três dúzias se reuniram recentemente diante da Igreja de Maria, a apenas 300 metros da Capela de São Paulo, onde o arcebispo Gregorios prega seu assunto favorito, a moralidade cristã. De modo hesitante, teve início um canto contra Assad na multidão. Em poucos minutos, dezenas de capangas do governo, vestidos à paisana e armados com porretes, investiram contra a manifestação e dispersaram o grupo pelo labirinto de ruas estreitas da cidade velha.
Dentro de Damasco, há apenas poucas centenas de cristãos assumindo um papel ativo como Mohammed. Até o momento, o apoio a eles vem principalmente de outros cristãos que vivem no exílio, que formaram grupos de oposição nos Estados Unidos e no Reino Unido. Eles também estão planejando montar um na Alemanha.
Trabalhando em conjunto com o Conselho Nacional Sírio, o grupo de oposição mais importante, esses ativistas estão buscando aumentar a pressão sobre o Ocidente. A primeira opção deles seria uma intervenção semelhante ao envolvimento da Otan na Líbia. Eles não veem nenhuma chance de sucesso sem apoio militar e não entendem por que Washington, Paris, Londres e Berlim são tão contrários à ideia.
Ao ser perguntado sobre uma possível intervenção, o arcebispo Gregorios riu alto. Como cristão, ele disse, ele não acredita no poder das armas, apenas na paz e democracia.
Aparentemente, ele também acredita no presidente Assad.
Tradução: George El Khouri Andolfato
Bastian Berbner - Der Spiegel
O presidente está explorando o medo dos cristãos com relação aos islamitas para seus próprios fins
Muitos dos 2,5 milhões de cristãos da Síria estão apoiando o presidente Bashar Assad em meio aos protestos no país. Eles preferem um ditador brutal que garante os direitos das minorias religiosas ao futuro incerto que a partida de Assad traria. O presidente está explorando o medo deles dos islamitas para seus próprios fins.
A rebelião contra ele tinha começado há apenas poucos dias quando o ditador sírio Bashar Assad convocou os líderes cristãos de seu país ao palácio presidencial, no noroeste de Damasco. O patriarca ortodoxo sírio Ignatius foi. Ele tem 78 anos e está gravemente doente, mas ainda é uma figura poderosa. Bispos e arcebispos representando católicos, armênios, arameus e assírios também estavam presentes. Ao todo, havia uma dúzia de líderes religiosos representando cerca de 2,5 milhões de cristãos sírios.
A mensagem que receberam de seu chefe de Estado foi curta e simples: apoiem-me ou suas igrejas queimarão.
Ao que parece, Assad, um membro dos alauitas, uma seita do islamismo xiita, não queria presumir que os cristãos da síria continuariam afastados da política. Sentindo que não apenas sua autoridade, mas talvez sua própria sobrevivência estava em jogo, ele recorreu aos mesmos meios que seu pai, Hafez Assad, usava para manter o poder: pressão e violência.
A Liga Árabe suspendeu a Síria, isolando o país internacionalmente. Damasco perdeu o prazo da última sexta-feira para que Assad colocasse um fim ao derramamento de sangue e permitisse a entrada de uma comissão de observadores no país. A Liga permitiu uma breve prorrogação, mas no domingo impôs sanções econômicas duras contra o país. Na quarta-feira, a Turquia impôs suas próprias sanções econômicas contra a Síria.
Lealdade assumida
O regime matou pelo menos 3.500 pessoas desde março. Há relatos de tortura, execuções de indivíduos desarmados e execuções em massa de desertores do exército. Mas nada disso dissuadiu os membros da oposição. Vídeos pela Internet mostram milhares continuando a marchar pelas ruas de Homs, Hama, Daraa e Damasco pedindo a queda de Bashar.
Enquanto isso, os bairros e vilarejos cristãos têm permanecido em grande parte quietos, sem nenhuma grande manifestação, cantos ou pichações fazendo críticas ao regime. Em vez disso, há silêncio. Ou pior, manifestações de lealdade ao regime.
“O presidente Assad é um homem muito culto”, disse Gregorios Elias Tabé, 70 anos, o arcebispo católico sírio de Damasco. Ele chama toda a imprensa de mentirosa e os manifestantes de terroristas. Todo domingo, ele prega na Capela de São Paulo, no sudeste da cidade velha de Damasco, que recebe seu nome do apóstolo Paulo, que teria escapado da cidade há 2 mil anos. As congregações cristãs da Síria estão entre as mais antigas do mundo e o arcebispo gostaria que continuassem existindo por muito mais anos –o que lhe dá um motivo para ficar ao lado de Assad.
“Nós somos uma nação de 23 milhões”, disse Tabé, “e nenhuma lei jamais agradará a todos. Isso vale para qualquer país –sempre haverá 10% de sacrificados”. É um estado das coisas que ele pode aceitar, desde que os cristãos não sejam o segmento da população sendo sacrificado.
Do ponto de vista do arcebispo, é possível viver bem na Síria. O presidente garante os direitos das minorias religiosas, os cristãos podem praticar sua fé livremente e as igrejas são protegidas. Assad costuma nomear membros de seu próprio grupo, os alauitas, para importantes postos do governo e das forças armadas, mas os cristãos também ocupam vários altos cargos em instituições importantes, como a guarda presidencial e os serviços de inteligência. O presidente do banco central do país é um cristão, assim como o novo ministro da Defesa. Muitos cristãos pertencem às fileiras dos privilegiados dentro do sistema e poucos ousariam se unir à oposição, não quando permanecem tão próximos do presidente.
Assad não apenas permite a influência dos cristãos, mas também alimenta o maior temor deles: os islamitas, a lei Sharia e a perspectiva de igrejas serem incendiadas. Os bispos provavelmente preferem um ditador brutal que lhes permite rezar em paz do que a Irmandade Muçulmana, que exigiria uma parcela do poder em uma Síria sem Assad.
Reunião em segredo
Mas também há jovens cristãos como Mohammed, como pede para ser chamado, que estão organizando a resistência em Bab Sharqi, um distrito na cidade velha de Damasco, onde também fica a igreja do arcebispo Gregorios. Mohammed formou um comitê organizador juntamente com sete outros amigos. Os ativistas têm todos entre 20 e 29 anos, a maioria estudantes. Eles se reúnem em locais secretos e se comunicam por e-mail e telefone por satélite.
No momento, os protestos do grupo ainda são modestos, diz Mohammed. Por exemplo, cerca de três dúzias se reuniram recentemente diante da Igreja de Maria, a apenas 300 metros da Capela de São Paulo, onde o arcebispo Gregorios prega seu assunto favorito, a moralidade cristã. De modo hesitante, teve início um canto contra Assad na multidão. Em poucos minutos, dezenas de capangas do governo, vestidos à paisana e armados com porretes, investiram contra a manifestação e dispersaram o grupo pelo labirinto de ruas estreitas da cidade velha.
Dentro de Damasco, há apenas poucas centenas de cristãos assumindo um papel ativo como Mohammed. Até o momento, o apoio a eles vem principalmente de outros cristãos que vivem no exílio, que formaram grupos de oposição nos Estados Unidos e no Reino Unido. Eles também estão planejando montar um na Alemanha.
Trabalhando em conjunto com o Conselho Nacional Sírio, o grupo de oposição mais importante, esses ativistas estão buscando aumentar a pressão sobre o Ocidente. A primeira opção deles seria uma intervenção semelhante ao envolvimento da Otan na Líbia. Eles não veem nenhuma chance de sucesso sem apoio militar e não entendem por que Washington, Paris, Londres e Berlim são tão contrários à ideia.
Ao ser perguntado sobre uma possível intervenção, o arcebispo Gregorios riu alto. Como cristão, ele disse, ele não acredita no poder das armas, apenas na paz e democracia.
Aparentemente, ele também acredita no presidente Assad.
Tradução: George El Khouri Andolfato
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UNE prepara ‘Ocupe Esplanada’ para reivindicar 10% do PIB para educação
Protesto está marcado para ocorrer entre os dias 5 e 12 de dezembro
OESP
SÃO PAULO - Pelo menos 400 pessoas devem ocupar na próxima semana parte da Esplanada dos Ministérios, em Brasília. O movimento, preparado pela União Nacional dos Estudantes (UNE), reivindica cinco questões ligadas à educação.
O protesto está marcado para ocorrer entre os dias 5 e 12 de dezembro, mas a data de término pode ser alongada ou antecipada de acordo com a mobilização dos estudantes.
Segundo o presidente da UNE, Daniel Iliescu, o aumento do investimento público em educação para 10% do PIB será o carro-chefe do protesto. Além disso, os estudantes ligados à entidade querem que 50% do Fundo Social do Pré-sal sejam vinculados ao investimento em educação e no desenvolvimento científico e tecnológico.
Na pauta também estão o aumento da qualidade do ensino, a aprovação do Estatuto da Juventude e do Plano Nacional de Educação (PNE) ainda este ano e a regulamentação da meia-entrada para estudantes em todos os eventos, incluindo a Copa de 2014.
“É uma forma de pressionar as autoridades para dar a atenção necessária para a educação. As principais reivindicações, como os 10% do PIB, já são antigas”, afirma Iliescu.
Protesto está marcado para ocorrer entre os dias 5 e 12 de dezembro
OESP
SÃO PAULO - Pelo menos 400 pessoas devem ocupar na próxima semana parte da Esplanada dos Ministérios, em Brasília. O movimento, preparado pela União Nacional dos Estudantes (UNE), reivindica cinco questões ligadas à educação.
O protesto está marcado para ocorrer entre os dias 5 e 12 de dezembro, mas a data de término pode ser alongada ou antecipada de acordo com a mobilização dos estudantes.
Segundo o presidente da UNE, Daniel Iliescu, o aumento do investimento público em educação para 10% do PIB será o carro-chefe do protesto. Além disso, os estudantes ligados à entidade querem que 50% do Fundo Social do Pré-sal sejam vinculados ao investimento em educação e no desenvolvimento científico e tecnológico.
Na pauta também estão o aumento da qualidade do ensino, a aprovação do Estatuto da Juventude e do Plano Nacional de Educação (PNE) ainda este ano e a regulamentação da meia-entrada para estudantes em todos os eventos, incluindo a Copa de 2014.
“É uma forma de pressionar as autoridades para dar a atenção necessária para a educação. As principais reivindicações, como os 10% do PIB, já são antigas”, afirma Iliescu.
O PAÍS É UMA ZONA!
Polícia encontra plantação de maconha em cadeia da Bahia
Presos afirmam que sementes foram jogadas por detentas que fugiram há um mês
BARREIRAS (BA) – Presos baianos encontraram uma forma criativa de obter drogas sem se preocupar em introduzi-la na cadeia: resolveram cultivar maconha na carceragem. Quatro pés de maconha foram encontrados pela Policia Civil durante uma revista no interior da Cadeia Velha, em Barreiras, para onde foram transferidos os 90 presos que não participaram da fuga em massa, ocorrida semana passada em que 82 homens fugiram da carceragem do Complexo Policial.
As plantas (ainda pequenas) estariam em um canteiro, comum à ala feminina e masculina e, de acordo com o titular da Primeira Delegacia da cidade, Joaquim Rodrigues, alguns presos afirmaram que as sementes foram jogadas por duas detentas que fugiram do local há cerca de um mês. As plantas foram destruídas pelos policiais. Além da maconha, foram encontrados dois celulares, uma faca e um pedaço de ferro pontiagudo.
Presos afirmam que sementes foram jogadas por detentas que fugiram há um mês
BARREIRAS (BA) – Presos baianos encontraram uma forma criativa de obter drogas sem se preocupar em introduzi-la na cadeia: resolveram cultivar maconha na carceragem. Quatro pés de maconha foram encontrados pela Policia Civil durante uma revista no interior da Cadeia Velha, em Barreiras, para onde foram transferidos os 90 presos que não participaram da fuga em massa, ocorrida semana passada em que 82 homens fugiram da carceragem do Complexo Policial.
As plantas (ainda pequenas) estariam em um canteiro, comum à ala feminina e masculina e, de acordo com o titular da Primeira Delegacia da cidade, Joaquim Rodrigues, alguns presos afirmaram que as sementes foram jogadas por duas detentas que fugiram do local há cerca de um mês. As plantas foram destruídas pelos policiais. Além da maconha, foram encontrados dois celulares, uma faca e um pedaço de ferro pontiagudo.
QUE FALTA DE HUMOR!
Claro que eu sei o faz o IBAMA! Ele cuida do mico-leão-da-cara-dourada (coisa muuuuito importante num país que possui mais de um terço dos adolescentes na miséria - 38%). E se bobear, cuida também de moluscos, especialmente aqueles que são chegados numa cachaça.
CHAMEM O IBAMA - O QUEIJO CASEIRO CORRE RISCO DE EXTINÇÃO!
Queijos artesanais podem se extinguir, segundo produtores
LUIZA FECAROTTA - FSP
Os queijos artesanais brasileiros, preparados com leite cru, estão em risco de extinção.
Essa é a opinião de produtores, acadêmicos e associações sem fins lucrativos, que estiveram reunidos na última semana em Fortaleza, no primeiro Simpósio de Queijos Artesanais do Brasil.
Um objetivo comum os uniu ali, por três dias de palestras, debates e discussões: preservar os processos seculares de produção desses queijos, que carregam, em si, valores culturais e históricos.
"É mais que um alimento, é uma expressão profunda da nossa forma de vida", disse Kátia Karan, do movimento Slow Food (a favor da pequena produção camponesa).
Não importa se o queijo é feito no Rio Grande do Sul, nas serras de Minas Gerais ou no agreste pernambucano.
Todos são de "terroir", ou seja, estão relacionados ao clima, à pastagem e ao tipo de bactérias de cada região.
São feitos em pequena escala com leite cru (não pasteurizado), em propriedades familiares, de receitas tradicionais -o saber fazer passa de geração para geração.
Entraves impostos pela legislação federal -que impede que esses produtos de leite cru circulem no país sem que haja cumprimento de uma série de exigências- são os principais elementos destacados por produtores e entusiastas para justificar a lenta perda dessa tradição.
Em comum, argumentam que a legislação federal é "antiga", de 1952, inspirada no "higienismo norte-americano", e impõe "padrões inatingíveis em nome da saúde".
"A legislação parte do princípio de que o leite precisa ser pasteurizado e despreza essa cultura de queijos produzidos há centenas de anos por causa de um conceito estreito de saúde", disse Helvécio Ratton, diretor do documentário "O Mineiro e o Queijo".
"Temos muitos aniversariantes da família com 100 anos. Minha avó morreu neste ano aos 101 anos e 206 dias", diz Francisco Nogueira Neto, de uma família que produz queijo de coalho há 140 anos no Ceará.
INDÚSTRIA
Para Luciano Machado, produtor da serra da Canastra, em Minas Gerais, o principal problema é "colocar as mesmas normas da indústria ao pequeno produtor".
"O que não pode acontecer é uma imposição dos valores do mundo industrial para omundo artesanal", disse Clóvis Dorigon, pesquisador da Epagri (Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina).
Surge, então, o mercado informal desses queijos, nas próprias cidades e entre Estados. "São produtos que não se enquadram na forma da lei e isso não quer dizer que eles tenham problemas. Ilegal é narcotráfico", diz Dorigon.
Como viabilizar a saída do mercado informal sem excluir agricultores e sem descaracterizar os produtos é o grande problema que envolve esse tema, para a maioria dos participantes do simpósio.
Para o Ministério da Agricultura, o Estado "nunca esteve contra os pequenos produtores". "A gente não quer proibir, mas a questão é que precisamos regulamentar esse setor", diz Clério Alves da Silva, chefe do serviço de inspeção de produtos de origem animal em Minas.
Diante das exigências da lei, pela primeira vez surge uma articulação de produtores para pressionar o governo na criação de legislação que os contemple para que possam preservar os queijos artesanais brasileiros.
Do Blog:
Na Itália existem cidades pequenas que são visitadas por muitos turistas para comprar queijos caseiros e presunto (eu fui um deles). O negócio trouxe prosperidade para as cidades, abriram pousadas, hotéis, etc.
Pena que o governo brasileiro não seja intelectualmente evoluído para perceber isso.
LUIZA FECAROTTA - FSP
Os queijos artesanais brasileiros, preparados com leite cru, estão em risco de extinção.
Essa é a opinião de produtores, acadêmicos e associações sem fins lucrativos, que estiveram reunidos na última semana em Fortaleza, no primeiro Simpósio de Queijos Artesanais do Brasil.
Um objetivo comum os uniu ali, por três dias de palestras, debates e discussões: preservar os processos seculares de produção desses queijos, que carregam, em si, valores culturais e históricos.
"É mais que um alimento, é uma expressão profunda da nossa forma de vida", disse Kátia Karan, do movimento Slow Food (a favor da pequena produção camponesa).
Não importa se o queijo é feito no Rio Grande do Sul, nas serras de Minas Gerais ou no agreste pernambucano.
Todos são de "terroir", ou seja, estão relacionados ao clima, à pastagem e ao tipo de bactérias de cada região.
São feitos em pequena escala com leite cru (não pasteurizado), em propriedades familiares, de receitas tradicionais -o saber fazer passa de geração para geração.
Entraves impostos pela legislação federal -que impede que esses produtos de leite cru circulem no país sem que haja cumprimento de uma série de exigências- são os principais elementos destacados por produtores e entusiastas para justificar a lenta perda dessa tradição.
Em comum, argumentam que a legislação federal é "antiga", de 1952, inspirada no "higienismo norte-americano", e impõe "padrões inatingíveis em nome da saúde".
"A legislação parte do princípio de que o leite precisa ser pasteurizado e despreza essa cultura de queijos produzidos há centenas de anos por causa de um conceito estreito de saúde", disse Helvécio Ratton, diretor do documentário "O Mineiro e o Queijo".
"Temos muitos aniversariantes da família com 100 anos. Minha avó morreu neste ano aos 101 anos e 206 dias", diz Francisco Nogueira Neto, de uma família que produz queijo de coalho há 140 anos no Ceará.
INDÚSTRIA
Para Luciano Machado, produtor da serra da Canastra, em Minas Gerais, o principal problema é "colocar as mesmas normas da indústria ao pequeno produtor".
"O que não pode acontecer é uma imposição dos valores do mundo industrial para omundo artesanal", disse Clóvis Dorigon, pesquisador da Epagri (Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina).
Surge, então, o mercado informal desses queijos, nas próprias cidades e entre Estados. "São produtos que não se enquadram na forma da lei e isso não quer dizer que eles tenham problemas. Ilegal é narcotráfico", diz Dorigon.
Como viabilizar a saída do mercado informal sem excluir agricultores e sem descaracterizar os produtos é o grande problema que envolve esse tema, para a maioria dos participantes do simpósio.
Para o Ministério da Agricultura, o Estado "nunca esteve contra os pequenos produtores". "A gente não quer proibir, mas a questão é que precisamos regulamentar esse setor", diz Clério Alves da Silva, chefe do serviço de inspeção de produtos de origem animal em Minas.
Diante das exigências da lei, pela primeira vez surge uma articulação de produtores para pressionar o governo na criação de legislação que os contemple para que possam preservar os queijos artesanais brasileiros.
Do Blog:
Na Itália existem cidades pequenas que são visitadas por muitos turistas para comprar queijos caseiros e presunto (eu fui um deles). O negócio trouxe prosperidade para as cidades, abriram pousadas, hotéis, etc.
Pena que o governo brasileiro não seja intelectualmente evoluído para perceber isso.
OLAVO DE CARVALHO CHUTA A BUNDA DA IMPRENSA CHAPA BRANCA
Os comunistas na chefia
Olavo de Carvalho - MSM
A mídia alternativa nunca foi um refúgio de excluídos e marginalizados: foi um pseudópodo lançado pela esquerda dominante desde a chefia dos grandes jornais, um instrumento auxiliar na longa luta dos comunistas brasileiros pelo domínio monopolístico dos canais de informação.
Ainda a propósito da chamada "imprensa nanica" dos tempos da ditadura, duas notas:
1) Tão logo publicados os meus artigos sobre o assunto, a leitora Míriam Macedo teve a gentileza de me enviar uma cópia da tese "Preparados, leais e disciplinados: os jornalistas comunistas e a adaptação do modelo de jornalismo americano ao Brasil" (2007), dos pesquisadores Afonso de Albuquerque e Marco Antonio Roxo da Silva, ambos da Universidade Federal Fluminense (http://www.compos.org.br/files/22ecompos09_Albuquerque_Silva.pdf).
A tese confirma integralmente o que eu disse: nunca houve uma fronteira nítida, muito menos um abismo de diferença entre a "grande mídia" e a "imprensa alternativa" no período militar.
A esquerda tinha poder de mando numa como na outra.
Numa revisão de praticamente toda a bibliografia publicada a respeito, os autores concluem: "Os comunistas tiveram uma presença significativa nos jornais desse período, tanto do ponto de vista quantitativo quanto qualitativo (cargos de chefia)." E não se tratava apenas de infiltrados individuais: o PCB atuava ali organizadamente, como centro de comando subterrâneo embutido na hierarquia formal das redações.
A mídia alternativa nunca foi um refúgio de excluídos e marginalizados: foi um pseudópodo lançado pela esquerda dominante desde a chefia dos grandes jornais, um instrumento auxiliar na longa luta dos comunistas brasileiros pelo domínio monopolístico dos canais de informação, luta que hoje vai alcançando o seu ponto culminante como projeto fatídico do "Marco Regulatório das Comunicações", que virtualmente submeterá ao governo petista o controle das informações circulantes no País.
A História, para os comunistas, nunca foi apenas um estudo erudito, mas um instrumento de ação política. A auto-idealização sentimental do velho jornalismo de esquerda não é, portanto, uma simples falsificação do passado: é a preparação do futuro império da falsidade.
2) Não imaginem que, ao escrever meus dois artigos a respeito, eu tenha examinado as narrativas dos porta-vozes da velha "mídia alternativa" com malevolência de crítico azedo. Faltava-me qualquer motivo para isso, no mínimo porque fui eu mesmo um personagem daquela história, tendo colaborado com vários órgãos da imprensa então dita "nanica" e participado até mesmo do lance mais decisivo da série, cantado em prosa e verso nos longos depoimentos de Audálio Dantas, José Hamilton Ribeiro e Fernando Pacheco Jordão ao documentário do Instituto Vladimir Herzog.
Refiro-me à edição do célebre número 4 do jornal Unidade, do Sindicato dos Jornalistas de São Paulo, que denunciou pioneiramente o assassinato de Herzog e acabou por desencadear uma onda nacional de protestos contra o regime.
A juventude dessas criaturas foi a minha. A diferença entre nós é que, ao chegar à maturidade, reexaminei minha vida com senso crítico em vez de me deixar estagnar na deleitação caquética de um mito corporativo, para não dizer de uma mentira deliberada, consciente, maquiavélica.
Uma coisa que compreendi, e que essa gente não parece ter compreendido até hoje, é que nenhum ódio que tivéssemos ao regime autoritário brasileiro, por mais legítimo que fosse, poderia jamais justificar a cumplicidade da nossa geração de jornalistas com as ditaduras genocidas da URSS, da China, da Hungria, da Alemanha Oriental, do Vietnã, do Camboja, da Coreia ou de Cuba. E não se trata apenas de comparar, em abstrato, ditaduras com ditaduras. Vários desses governos davam orientação, ajuda e treinamento aos terroristas brasileiros, tornando-se portanto personagens ativos do drama nacional.
Qualquer tentativa de isolar uma coisa da outra, de modo a fazer os comunistas brasileiros parecerem puras vítimas da violência alheia, sem culpa pelo que seus mandantes e parceiros faziam no mundo, falsifica por completo a realidade do quadro histórico.
Quando lembro o tempo que despendi na sede do Sindicato, preparando aquela e outras edições do Unidade, nas ruas gritando slogans comunistas ou em casa escondendo fugitivos do regime, não me vejo como um herói, à maneira dos comovidos apologistas de si mesmos, nem como miniatura de herói, mas como um idiota útil, privado do senso das proporções, incapaz de medir a gravidade relativa dos males e entender que a ditadura brasileira, por execrável que fosse em si mesma, era um preço módico a pagar pela eliminação da ameaça comunista, cuja existência negávamos com cinismo exemplar ao mesmo tempo que nós mesmos a representávamos pessoalmente e tudo fazíamos para que ela se realizasse.
"Éramos jovens", pode-se alegar. É, éramos mesmo, mas não somos mais. Não temos o direito de falsificar toda a memória histórica de um país só para continuar dando a impressão de que éramos lindos.
O simples fato de que essa operação-camuflagem assuma hoje o nome de "Comissão da Verdade" já mostra que o fingimento se tornou, entre os esquerdistas brasileiros, um estilo de vida.
P. S. – Do ponto de vista da emocionada autolatria comunista, a expressão acima, "preço módico", soará cruel e escandalosa. Discutirei isso em artigo vindouro, mas desde já advirto: na política e na ciência que a estuda, a comparação da gravidade relativa dos males, da qual a esquerda nacional hoje foge como o diabo da cruz, é uma exigência incontornável e a base de quase todos os diagnósticos e decisões. Qualquer tentativa de evitá-la é pura hipocrisia e culto da ignorância politicamente conveniente.
Olavo de Carvalho - MSM
A mídia alternativa nunca foi um refúgio de excluídos e marginalizados: foi um pseudópodo lançado pela esquerda dominante desde a chefia dos grandes jornais, um instrumento auxiliar na longa luta dos comunistas brasileiros pelo domínio monopolístico dos canais de informação.
Ainda a propósito da chamada "imprensa nanica" dos tempos da ditadura, duas notas:
1) Tão logo publicados os meus artigos sobre o assunto, a leitora Míriam Macedo teve a gentileza de me enviar uma cópia da tese "Preparados, leais e disciplinados: os jornalistas comunistas e a adaptação do modelo de jornalismo americano ao Brasil" (2007), dos pesquisadores Afonso de Albuquerque e Marco Antonio Roxo da Silva, ambos da Universidade Federal Fluminense (http://www.compos.org.br/files/22ecompos09_Albuquerque_Silva.pdf).
A tese confirma integralmente o que eu disse: nunca houve uma fronteira nítida, muito menos um abismo de diferença entre a "grande mídia" e a "imprensa alternativa" no período militar.
A esquerda tinha poder de mando numa como na outra.
Numa revisão de praticamente toda a bibliografia publicada a respeito, os autores concluem: "Os comunistas tiveram uma presença significativa nos jornais desse período, tanto do ponto de vista quantitativo quanto qualitativo (cargos de chefia)." E não se tratava apenas de infiltrados individuais: o PCB atuava ali organizadamente, como centro de comando subterrâneo embutido na hierarquia formal das redações.
A mídia alternativa nunca foi um refúgio de excluídos e marginalizados: foi um pseudópodo lançado pela esquerda dominante desde a chefia dos grandes jornais, um instrumento auxiliar na longa luta dos comunistas brasileiros pelo domínio monopolístico dos canais de informação, luta que hoje vai alcançando o seu ponto culminante como projeto fatídico do "Marco Regulatório das Comunicações", que virtualmente submeterá ao governo petista o controle das informações circulantes no País.
A História, para os comunistas, nunca foi apenas um estudo erudito, mas um instrumento de ação política. A auto-idealização sentimental do velho jornalismo de esquerda não é, portanto, uma simples falsificação do passado: é a preparação do futuro império da falsidade.
2) Não imaginem que, ao escrever meus dois artigos a respeito, eu tenha examinado as narrativas dos porta-vozes da velha "mídia alternativa" com malevolência de crítico azedo. Faltava-me qualquer motivo para isso, no mínimo porque fui eu mesmo um personagem daquela história, tendo colaborado com vários órgãos da imprensa então dita "nanica" e participado até mesmo do lance mais decisivo da série, cantado em prosa e verso nos longos depoimentos de Audálio Dantas, José Hamilton Ribeiro e Fernando Pacheco Jordão ao documentário do Instituto Vladimir Herzog.
Refiro-me à edição do célebre número 4 do jornal Unidade, do Sindicato dos Jornalistas de São Paulo, que denunciou pioneiramente o assassinato de Herzog e acabou por desencadear uma onda nacional de protestos contra o regime.
A juventude dessas criaturas foi a minha. A diferença entre nós é que, ao chegar à maturidade, reexaminei minha vida com senso crítico em vez de me deixar estagnar na deleitação caquética de um mito corporativo, para não dizer de uma mentira deliberada, consciente, maquiavélica.
Uma coisa que compreendi, e que essa gente não parece ter compreendido até hoje, é que nenhum ódio que tivéssemos ao regime autoritário brasileiro, por mais legítimo que fosse, poderia jamais justificar a cumplicidade da nossa geração de jornalistas com as ditaduras genocidas da URSS, da China, da Hungria, da Alemanha Oriental, do Vietnã, do Camboja, da Coreia ou de Cuba. E não se trata apenas de comparar, em abstrato, ditaduras com ditaduras. Vários desses governos davam orientação, ajuda e treinamento aos terroristas brasileiros, tornando-se portanto personagens ativos do drama nacional.
Qualquer tentativa de isolar uma coisa da outra, de modo a fazer os comunistas brasileiros parecerem puras vítimas da violência alheia, sem culpa pelo que seus mandantes e parceiros faziam no mundo, falsifica por completo a realidade do quadro histórico.
Quando lembro o tempo que despendi na sede do Sindicato, preparando aquela e outras edições do Unidade, nas ruas gritando slogans comunistas ou em casa escondendo fugitivos do regime, não me vejo como um herói, à maneira dos comovidos apologistas de si mesmos, nem como miniatura de herói, mas como um idiota útil, privado do senso das proporções, incapaz de medir a gravidade relativa dos males e entender que a ditadura brasileira, por execrável que fosse em si mesma, era um preço módico a pagar pela eliminação da ameaça comunista, cuja existência negávamos com cinismo exemplar ao mesmo tempo que nós mesmos a representávamos pessoalmente e tudo fazíamos para que ela se realizasse.
"Éramos jovens", pode-se alegar. É, éramos mesmo, mas não somos mais. Não temos o direito de falsificar toda a memória histórica de um país só para continuar dando a impressão de que éramos lindos.
O simples fato de que essa operação-camuflagem assuma hoje o nome de "Comissão da Verdade" já mostra que o fingimento se tornou, entre os esquerdistas brasileiros, um estilo de vida.
P. S. – Do ponto de vista da emocionada autolatria comunista, a expressão acima, "preço módico", soará cruel e escandalosa. Discutirei isso em artigo vindouro, mas desde já advirto: na política e na ciência que a estuda, a comparação da gravidade relativa dos males, da qual a esquerda nacional hoje foge como o diabo da cruz, é uma exigência incontornável e a base de quase todos os diagnósticos e decisões. Qualquer tentativa de evitá-la é pura hipocrisia e culto da ignorância politicamente conveniente.
GERAÇÃO PERDIDA: NÃO SABEM LER NEM ESCREVER E FUMAM CRACK
Acolhimento compulsório de menores é considerado um exemplo da boa recuperação
Medida, que vem tirando usuários de drogas das ruas, completa seis meses nesta quarta-feira
Rafael Galdo - O Globo
RIO - Cinco meses atrás, J., de 16 anos, dormia nas ruas da Favela da Mandela, uma das comunidades mais pobres do Rio, no Complexo de Manguinhos. Viciado em crack e subnutrido, ele trocava a comida pela droga e roubava para sustentar o vício. Hoje, o adolescente frequenta oficinas educativas, pratica esportes e alimenta o sonho de ser marinheiro. O motivo de tamanha mudança ele não hesita em afirmar: o acolhimento num centro de reabilitação público. J. foi um dos primeiros atingidos pela polêmica medida da prefeitura do Rio que determina o acolhimento compulsório de menores dependentes químicos, que completa seis meses nesta quarta-feira. E é considerado um exemplo da boa recuperação que está tendo a maioria das 104 crianças e adolescentes abrigadas compulsoriamente até agora pela Secretaria municipal de Assistência Social (Smas). Pouco tempo depois de ser acolhido numa operação em Manguinhos, ele reencontrou a mãe, que não via há seis anos, e começou a ser reinserido na família e na sociedade.
— Tinha uma vida do mal. Cheguei a ter que operar a perna depois de ser atropelado num assalto na Central para conseguir dinheiro para o crack. Dormia na rua, vivia roubando. Cheguei a vir para abrigos outras vezes, mas nunca ficava. Agora, tenho uma vida nova. E quero seguir em frente, estudar. Lutar muito para alcançar meu sonho de ser marinheiro — afirma o adolescente.
De acordo com o secretário municipal de Assistência Social, Rodrigo Bethlem, boa parte dos primeiros abrigados compulsoriamente já passa por processos semelhantes ao de J. E, semana após semana, nas operações nas cracolândias do Rio, afirma ele, reduz o número de crianças e adolescentes encontrados. Seis meses atrás, no Jacarezinho, por exemplo, diz o secretário, eram acolhidas em média 15 a 20 menores. Atualmente, esse número caiu para três a quatro recolhidos.
— Verificamos uma redução significativa. Não temos a ilusão de que, com essa medida, vamos acabar com o consumo do crack. Mas entendemos que essa dependência não pode ser tratada com algo normal e deve ser enfrentada com absoluta prioridade. Não é só o problema da droga. Muitos chegam aos abrigos com pneumonia, tuberculose, doenças de pele e doenças sexualmente transmissíveis. O abrigamento compulsório, com a ajuda da Secretaria de Saúde, tem dado tempo também para tratarmos desses agravantes — defende o secretário.
Atualmente, a Smas oferece 160 vagas para o acolhimento compulsório nos três Centros Especializados em Atendimento à Dependência Química (CEADQs), conveniados à secretaria, e na Casa Viva, unidade própria do município, inaugurada em maio, em Laranjeiras. O objetivo para o próximo ano, segundo Bethlem, é aumentar o número de vagas. E, além das regiões mais atacadas pelas operações até agora, como Jacarezinho, Maré, Manguinhos e Cajueiro, o objetivo é chegar a comunidades conflagradas da Zona Oeste, principalmente em Bangu e Santa Cruz, onde as cracolândias persistem, como na favela de Antares.
Nas regiões onde as operações, em parceria com a polícia, já se repetem há meses, os índices de pequenos delitos cometidos por esses dependentes químicos diminui. Na região do Jacarezinho, por exemplo, o comandante do 3º BPM (Méier), tenente-coronel Ivanir Linhares, diz que o registro desses crimes praticamente zera nos dois dias após as ações de acolhimento. Já no Centro da cidade, na região do 5º BPM (Praça da Harmonia), de acordo com o comandante do batalhão, coronel Amaury Simões, um levantamento mostrou que 90% dos casos de assaltos a transeuntes eram praticados por moradores de rua, para roubar principalmente cordões, relógios e celulares. Desde agosto passado, então, começou a ser feito um monitoramento nas áreas com maior número de assaltos: Central do Brasil, Praça da República, avenidas Rodrigues Alves e Francisco Bicalho e acessos à Lapa. Segundo ele, foi reforçado o policiamento nessas regiões. Mesmo assim, porém, os assaltos reduziram pouco.
— Resolvemos, assim, mudar a estratégia. Pedimos apoio à Smas para intensificar as ações de acolhimento na região. Em outubro, quando realizávamos uma operação por semana, foram 274 assaltos a transeuntes. Em novembro, até a última segunda-feira, 169 (redução de 38%). Se comparados com os números do ano passado, foram 360 assaltos em outubro e 316 em novembro. Em cada operação de acolhimento, cerca de 90 são recolhidas, aproximadamente 20 menores. E isso tem influenciado drasticamente nos índices de criminalidade da região, já que a maioria deles comete assaltos para sustentar o vício, sobretudo do crack — afirma o comandante.
Era o que fazia o adolescente W., de 16 anos, outro dos jovens atingidos pela medida de acolhimento. Em três anos, ele passou por cracolândias na Providência, na Mangueira e no Jacarezinho. Até um dia, há cerca de quatro meses, tomar a decisão de esperar a chegada de uma operação da Smas para ser abrigado.
— Vi que minha vida estava acabando. Passava vários dias sem comer, dormia na rua. Até perceber que não nasci para sofrer assim. Resolvi ficar e esperar uma operação de abrigamento. Na clínica, recuperei minha confiança na vida. Quero voltar a estudar, fazer um curso de informática. E, um dia, ajudar meus amigos da rua a também deixarem o vício — relata ele.
Medida, que vem tirando usuários de drogas das ruas, completa seis meses nesta quarta-feira
Rafael Galdo - O Globo
RIO - Cinco meses atrás, J., de 16 anos, dormia nas ruas da Favela da Mandela, uma das comunidades mais pobres do Rio, no Complexo de Manguinhos. Viciado em crack e subnutrido, ele trocava a comida pela droga e roubava para sustentar o vício. Hoje, o adolescente frequenta oficinas educativas, pratica esportes e alimenta o sonho de ser marinheiro. O motivo de tamanha mudança ele não hesita em afirmar: o acolhimento num centro de reabilitação público. J. foi um dos primeiros atingidos pela polêmica medida da prefeitura do Rio que determina o acolhimento compulsório de menores dependentes químicos, que completa seis meses nesta quarta-feira. E é considerado um exemplo da boa recuperação que está tendo a maioria das 104 crianças e adolescentes abrigadas compulsoriamente até agora pela Secretaria municipal de Assistência Social (Smas). Pouco tempo depois de ser acolhido numa operação em Manguinhos, ele reencontrou a mãe, que não via há seis anos, e começou a ser reinserido na família e na sociedade.
— Tinha uma vida do mal. Cheguei a ter que operar a perna depois de ser atropelado num assalto na Central para conseguir dinheiro para o crack. Dormia na rua, vivia roubando. Cheguei a vir para abrigos outras vezes, mas nunca ficava. Agora, tenho uma vida nova. E quero seguir em frente, estudar. Lutar muito para alcançar meu sonho de ser marinheiro — afirma o adolescente.
De acordo com o secretário municipal de Assistência Social, Rodrigo Bethlem, boa parte dos primeiros abrigados compulsoriamente já passa por processos semelhantes ao de J. E, semana após semana, nas operações nas cracolândias do Rio, afirma ele, reduz o número de crianças e adolescentes encontrados. Seis meses atrás, no Jacarezinho, por exemplo, diz o secretário, eram acolhidas em média 15 a 20 menores. Atualmente, esse número caiu para três a quatro recolhidos.
— Verificamos uma redução significativa. Não temos a ilusão de que, com essa medida, vamos acabar com o consumo do crack. Mas entendemos que essa dependência não pode ser tratada com algo normal e deve ser enfrentada com absoluta prioridade. Não é só o problema da droga. Muitos chegam aos abrigos com pneumonia, tuberculose, doenças de pele e doenças sexualmente transmissíveis. O abrigamento compulsório, com a ajuda da Secretaria de Saúde, tem dado tempo também para tratarmos desses agravantes — defende o secretário.
Atualmente, a Smas oferece 160 vagas para o acolhimento compulsório nos três Centros Especializados em Atendimento à Dependência Química (CEADQs), conveniados à secretaria, e na Casa Viva, unidade própria do município, inaugurada em maio, em Laranjeiras. O objetivo para o próximo ano, segundo Bethlem, é aumentar o número de vagas. E, além das regiões mais atacadas pelas operações até agora, como Jacarezinho, Maré, Manguinhos e Cajueiro, o objetivo é chegar a comunidades conflagradas da Zona Oeste, principalmente em Bangu e Santa Cruz, onde as cracolândias persistem, como na favela de Antares.
Nas regiões onde as operações, em parceria com a polícia, já se repetem há meses, os índices de pequenos delitos cometidos por esses dependentes químicos diminui. Na região do Jacarezinho, por exemplo, o comandante do 3º BPM (Méier), tenente-coronel Ivanir Linhares, diz que o registro desses crimes praticamente zera nos dois dias após as ações de acolhimento. Já no Centro da cidade, na região do 5º BPM (Praça da Harmonia), de acordo com o comandante do batalhão, coronel Amaury Simões, um levantamento mostrou que 90% dos casos de assaltos a transeuntes eram praticados por moradores de rua, para roubar principalmente cordões, relógios e celulares. Desde agosto passado, então, começou a ser feito um monitoramento nas áreas com maior número de assaltos: Central do Brasil, Praça da República, avenidas Rodrigues Alves e Francisco Bicalho e acessos à Lapa. Segundo ele, foi reforçado o policiamento nessas regiões. Mesmo assim, porém, os assaltos reduziram pouco.
— Resolvemos, assim, mudar a estratégia. Pedimos apoio à Smas para intensificar as ações de acolhimento na região. Em outubro, quando realizávamos uma operação por semana, foram 274 assaltos a transeuntes. Em novembro, até a última segunda-feira, 169 (redução de 38%). Se comparados com os números do ano passado, foram 360 assaltos em outubro e 316 em novembro. Em cada operação de acolhimento, cerca de 90 são recolhidas, aproximadamente 20 menores. E isso tem influenciado drasticamente nos índices de criminalidade da região, já que a maioria deles comete assaltos para sustentar o vício, sobretudo do crack — afirma o comandante.
Era o que fazia o adolescente W., de 16 anos, outro dos jovens atingidos pela medida de acolhimento. Em três anos, ele passou por cracolândias na Providência, na Mangueira e no Jacarezinho. Até um dia, há cerca de quatro meses, tomar a decisão de esperar a chegada de uma operação da Smas para ser abrigado.
— Vi que minha vida estava acabando. Passava vários dias sem comer, dormia na rua. Até perceber que não nasci para sofrer assim. Resolvi ficar e esperar uma operação de abrigamento. Na clínica, recuperei minha confiança na vida. Quero voltar a estudar, fazer um curso de informática. E, um dia, ajudar meus amigos da rua a também deixarem o vício — relata ele.
EDUARDO SUPLICY - UM CASO QUE INTERESSARIA A FREUD
Suplicy — acreditem — quer “ajudar” na paz entre as duas Coreias, que as grandes potências não conseguem, com um jogo de futebol
Blod do RICARDO SETTI - VEJA
Amigos do blog, a tensão entre as duas Coreias, a do Sul, capitalista, rica, próspera e país de ponta em matéria de avanço tecnológico, e a do Norte, comunista, miserável, submetida a um regime de escravidão e fome por uma ditadura que passa de pai para filho, é uma das últimas fronteiras da guerra fria.
E perigosa, perigosíssima, porque o desvairado regime do ditador Kim Jong-il muito provavelmente dispõe de bomba atômica, e, apesar da miséria do país, possui mísseis de médio alcance que podem atingir até o Japão. Há quem calcule que igualmente tenha capacidade de alcançar o Alaska, nos Estados Unidos, que, por sinal, mantêm tropas e uma força de dissuasão nuclear tanto na Coreia do Sul como no Japão.
Negociações para estabelecer a paz entre as Coreias existem desde que terminou a Guerra da Coreia, em 1953. A tentativa de desarmar nuclearmente a Coreia do Norte vem sendo empreendida, desde 2003, por meio de negociações entre seis partes: as duas Coreias, a China, os Estados Unidos, o Japão e a Rússia. Já se prometeu à Coreia dinheiro, comida, desenvolvimento de energia nuclear para fins pacíficos – o diabo, e o ditador ainda não cedeu.
Como um garoto chupando pirulito no meio de um tiroteio
Pois bem, eis que, aqui no longínquo Brasil, como um garoto chupando pirolito em meio a um tiroteio entre gangues de traficantes, vem o senador Eduardo Suplicy (PT-SP) e propõe, oficialmente, que o novo embaixador do Brasil em Pyongyang, capital da Coreia do Norte, diplomata Roberto Colin, tente “ajudar” na paz entre as Coreias por meio do futebol brasileiro.
Como se não tivesse mais nada de importante a fazer, Suplicy apresentou a proposta durante sessão da Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional que sabatinou e aprovou a indicação do diplomata para o cargo, fazendo o mesmo com o diplomata Eduardo Gradilone para embaixador na Nova Zelândia.
Suplicy lembrou o famoso “Jogo da Paz” da Seleção brasileira no Haiti devastado por uma guerra civil, em 2004, realizado pouco depois de o Exército desembarcar no país como parte da missão pacificadora da ONU. E disse que a popularidade dos jogadores brasileiros “poderia ajudar a reduzir a tensão atual entre a Coreia do Sul e a do Norte”.
Sugeriu, então, que a equipe brasileira participasse de duas partidas contra um time misto das duas Coreias: uma em Seul e outra em Pyongyang, respectivamente capitais da Coreia do Sul e da Coreia do Norte.
Polido, o futuro embaixador em Pyongyang disse achar boa a ideia e afirmou que fará o possível para colocá-la em prática.
Imagino o que não deve ter pensado, intimamente, do nobre senador., que cada vez mais se empenha em ser campeão de abobrinhas e não perde uma oportunidade de aparecer.
Blod do RICARDO SETTI - VEJA
Amigos do blog, a tensão entre as duas Coreias, a do Sul, capitalista, rica, próspera e país de ponta em matéria de avanço tecnológico, e a do Norte, comunista, miserável, submetida a um regime de escravidão e fome por uma ditadura que passa de pai para filho, é uma das últimas fronteiras da guerra fria.
E perigosa, perigosíssima, porque o desvairado regime do ditador Kim Jong-il muito provavelmente dispõe de bomba atômica, e, apesar da miséria do país, possui mísseis de médio alcance que podem atingir até o Japão. Há quem calcule que igualmente tenha capacidade de alcançar o Alaska, nos Estados Unidos, que, por sinal, mantêm tropas e uma força de dissuasão nuclear tanto na Coreia do Sul como no Japão.
Negociações para estabelecer a paz entre as Coreias existem desde que terminou a Guerra da Coreia, em 1953. A tentativa de desarmar nuclearmente a Coreia do Norte vem sendo empreendida, desde 2003, por meio de negociações entre seis partes: as duas Coreias, a China, os Estados Unidos, o Japão e a Rússia. Já se prometeu à Coreia dinheiro, comida, desenvolvimento de energia nuclear para fins pacíficos – o diabo, e o ditador ainda não cedeu.
Como um garoto chupando pirulito no meio de um tiroteio
Pois bem, eis que, aqui no longínquo Brasil, como um garoto chupando pirolito em meio a um tiroteio entre gangues de traficantes, vem o senador Eduardo Suplicy (PT-SP) e propõe, oficialmente, que o novo embaixador do Brasil em Pyongyang, capital da Coreia do Norte, diplomata Roberto Colin, tente “ajudar” na paz entre as Coreias por meio do futebol brasileiro.
Como se não tivesse mais nada de importante a fazer, Suplicy apresentou a proposta durante sessão da Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional que sabatinou e aprovou a indicação do diplomata para o cargo, fazendo o mesmo com o diplomata Eduardo Gradilone para embaixador na Nova Zelândia.
Suplicy lembrou o famoso “Jogo da Paz” da Seleção brasileira no Haiti devastado por uma guerra civil, em 2004, realizado pouco depois de o Exército desembarcar no país como parte da missão pacificadora da ONU. E disse que a popularidade dos jogadores brasileiros “poderia ajudar a reduzir a tensão atual entre a Coreia do Sul e a do Norte”.
Sugeriu, então, que a equipe brasileira participasse de duas partidas contra um time misto das duas Coreias: uma em Seul e outra em Pyongyang, respectivamente capitais da Coreia do Sul e da Coreia do Norte.
Polido, o futuro embaixador em Pyongyang disse achar boa a ideia e afirmou que fará o possível para colocá-la em prática.
Imagino o que não deve ter pensado, intimamente, do nobre senador., que cada vez mais se empenha em ser campeão de abobrinhas e não perde uma oportunidade de aparecer.
GOVERNO PETISTA É TÃO CORRUPTO QUE VAI INSTITUCIONALIZAR A CORRUPÇÃO E TRANSFORMÁ-LA EM PATRIMÔNIO NACIONAL
O exemplar Carlos Lupi
O Estado de S.Paulo - Editorial
Um dos efeitos perversos da ininterrupta sucessão de denúncias de corrupção na administração pública é a banalização do assunto, que acaba se tornando rotineiro. A cada caso, parece que menos gente fica indignada com a bandalheira. Fica parecendo que é assim mesmo que a coisa funciona e não tem outro jeito. Por que, então, esquentar a cabeça? Sem falar que os interessados na manutenção desse estado de coisas ficam à vontade para pura e simplesmente negar que a corrupção exista. É apenas uma "onda de denuncismo" alimentada pelas "elites". São apenas "boatos", como teve o caradurismo de afirmar dias atrás em relação ao mensalão do PT, o operador principal daquele esquema de compra de apoio parlamentar, Delúbio Soares. Mas a corrupção existe, sim, e em caráter quase que endêmico, ou institucional, e por isso não sai do noticiário. Veja-se o caso do intrépido ministro Carlos Lupi.
Além de tudo o que se publicou a respeito da sua atuação como ministro do Trabalho, matéria publicada pela Folha de S.Paulo no último sábado revela que ele foi funcionário fantasma da Câmara dos Deputados entre dezembro de 2000 e junho de 2006, período em que se dedicou exclusivamente a atividades partidárias, como vice e depois presidente do PDT. Ou seja, o contribuinte brasileiro pagou, por quase seis anos, para que Lupi cuidasse dos interesses de seu partido.
Há mais. Sob o título Proliferação de sindicatos no Brasil vai na contramão mundial, o Estado publicou, em maio de 2010, matéria de Lu Aiko Otta que analisava o impressionante aumento do número de entidades sindicais registradas no País nos últimos anos, em contradição com a tendência universal de os sindicatos se fundirem para ganhar maior representatividade e força política. Agora, reportagem publicada na revista Veja revela que "assessores do ministro Carlos Lupi são acusados de cobrar propina para legalizar sindicato". A partir daí entende-se qual tem sido o estímulo para a multiplicação de entidades sindicais no País. Acrescenta a revista que a denúncia de que assessores do Ministério do Trabalho "só liberam o Registro Sindical se pagar por ele aos amigos da Força Sindical" foi feita pelo até agora não registrado Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias de Reparação de Veículos e Acessórios no Estado de São Paulo, em ofício dirigido à presidente Dilma Rousseff no dia 22 de fevereiro último. A Força Sindical é o braço sindical do PDT, partido que, sob o comando de Lupi, domina o feudo do Trabalho. O sindicato denunciante, com sede em Caieiras, município da Grande São Paulo, é presidido pelo mecânico petista Irmar Silva Batista. O ofício contendo a denúncia, que no dia 9 de março o Palácio do Planalto confirmou ter recebido, não teve nenhum efeito, por alegadas "questões técnicas": o trecho que continha o objeto da denúncia, reproduzido em fac-símile pelo semanário, acabou "cortado na mensagem recebida", segundo o texto da reportagem.
É possível, com boa vontade, acreditar que, em fevereiro, a denúncia sobre a exigência de propina tenha sido considerada pela Presidência da República apenas o resultado de conflito de interesses entre militantes petistas e aliados pedetistas. Hoje, depois de Carlos Lupi ter exibido fartamente seu estilo de administrar, não há como deixar de levar a sério as denúncias de que é alvo.
Resta saber o que Dilma Rousseff fará a respeito. Tudo leva a crer que a presidente está convencida de que precisa se livrar de mais essa herança do governo Lula, mas, por uma série de razões políticas - inclusive para não dar a impressão de que está sendo pautada pelo noticiário -, só o fará na anunciada reforma ministerial. Então, a "faxina" se diluirá no conjunto da reorganização do Ministério. E tanto Lupi quanto o ministro das Cidades, Mario Negromonte, poderão deixar o governo de cabeça erguida.
Mas, se com a reforma ministerial não vier uma mudança radical desse modelo de feudalismo partidário que domina a administração pública, Dilma permanecerá até o fim de seu mandato refém dos interesses nada republicanos que hoje predominam em sua base de sustentação partidária. Pois outros Lupis virão.
O Estado de S.Paulo - Editorial
Um dos efeitos perversos da ininterrupta sucessão de denúncias de corrupção na administração pública é a banalização do assunto, que acaba se tornando rotineiro. A cada caso, parece que menos gente fica indignada com a bandalheira. Fica parecendo que é assim mesmo que a coisa funciona e não tem outro jeito. Por que, então, esquentar a cabeça? Sem falar que os interessados na manutenção desse estado de coisas ficam à vontade para pura e simplesmente negar que a corrupção exista. É apenas uma "onda de denuncismo" alimentada pelas "elites". São apenas "boatos", como teve o caradurismo de afirmar dias atrás em relação ao mensalão do PT, o operador principal daquele esquema de compra de apoio parlamentar, Delúbio Soares. Mas a corrupção existe, sim, e em caráter quase que endêmico, ou institucional, e por isso não sai do noticiário. Veja-se o caso do intrépido ministro Carlos Lupi.
Além de tudo o que se publicou a respeito da sua atuação como ministro do Trabalho, matéria publicada pela Folha de S.Paulo no último sábado revela que ele foi funcionário fantasma da Câmara dos Deputados entre dezembro de 2000 e junho de 2006, período em que se dedicou exclusivamente a atividades partidárias, como vice e depois presidente do PDT. Ou seja, o contribuinte brasileiro pagou, por quase seis anos, para que Lupi cuidasse dos interesses de seu partido.
Há mais. Sob o título Proliferação de sindicatos no Brasil vai na contramão mundial, o Estado publicou, em maio de 2010, matéria de Lu Aiko Otta que analisava o impressionante aumento do número de entidades sindicais registradas no País nos últimos anos, em contradição com a tendência universal de os sindicatos se fundirem para ganhar maior representatividade e força política. Agora, reportagem publicada na revista Veja revela que "assessores do ministro Carlos Lupi são acusados de cobrar propina para legalizar sindicato". A partir daí entende-se qual tem sido o estímulo para a multiplicação de entidades sindicais no País. Acrescenta a revista que a denúncia de que assessores do Ministério do Trabalho "só liberam o Registro Sindical se pagar por ele aos amigos da Força Sindical" foi feita pelo até agora não registrado Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias de Reparação de Veículos e Acessórios no Estado de São Paulo, em ofício dirigido à presidente Dilma Rousseff no dia 22 de fevereiro último. A Força Sindical é o braço sindical do PDT, partido que, sob o comando de Lupi, domina o feudo do Trabalho. O sindicato denunciante, com sede em Caieiras, município da Grande São Paulo, é presidido pelo mecânico petista Irmar Silva Batista. O ofício contendo a denúncia, que no dia 9 de março o Palácio do Planalto confirmou ter recebido, não teve nenhum efeito, por alegadas "questões técnicas": o trecho que continha o objeto da denúncia, reproduzido em fac-símile pelo semanário, acabou "cortado na mensagem recebida", segundo o texto da reportagem.
É possível, com boa vontade, acreditar que, em fevereiro, a denúncia sobre a exigência de propina tenha sido considerada pela Presidência da República apenas o resultado de conflito de interesses entre militantes petistas e aliados pedetistas. Hoje, depois de Carlos Lupi ter exibido fartamente seu estilo de administrar, não há como deixar de levar a sério as denúncias de que é alvo.
Resta saber o que Dilma Rousseff fará a respeito. Tudo leva a crer que a presidente está convencida de que precisa se livrar de mais essa herança do governo Lula, mas, por uma série de razões políticas - inclusive para não dar a impressão de que está sendo pautada pelo noticiário -, só o fará na anunciada reforma ministerial. Então, a "faxina" se diluirá no conjunto da reorganização do Ministério. E tanto Lupi quanto o ministro das Cidades, Mario Negromonte, poderão deixar o governo de cabeça erguida.
Mas, se com a reforma ministerial não vier uma mudança radical desse modelo de feudalismo partidário que domina a administração pública, Dilma permanecerá até o fim de seu mandato refém dos interesses nada republicanos que hoje predominam em sua base de sustentação partidária. Pois outros Lupis virão.
IRÃ PROVOCA E SE APROXIMA DE UM "PERSACÍDIO"
Grã-Bretanha expulsa diplomatas iranianos de Londres
Ministro dá 48h para que eles saiam; embaixada do país em Teerã foi fechada
VEJA
O ministro britânico de Relações Exteriores, William Hague, anunciou nesta quarta-feira à Câmara dos Comuns que os diplomatas iranianos têm 48 horas para deixar o país, e que a embaixada britânica em Teerã foi fechada. Estas medidas, de acordo com ele, foram tomadas em retaliação aos ataques à embaixada britânica em Teerã na terça-feira. Os diplomatas que estavam no país islâmico já retornaram a Londres.
Entenda o caso
* Centenas de manifestantes iranianos invadiram a embaixada britânica em Teerã, em 29 de novembro, queimaram bandeira, saquearam e jogaram documentos fora.
• Uma hora depois, o complexo de Gholhak Garden (onde vivem diplomatas) foi tomado e 6 pessoas foram feitas reféns por 3 horas.
• Os ataques foram uma resposta às sanções adotadas na semana anterior pela Grã-Bretanha contra o programa nuclear iraniano, que segundo a AIEA estaria prestes a fabricar uma bomba atômica.
• Um dia antes, o Irã aprovou uma lei que diminui as relações diplomáticas com o país.
Mais cedo, a Grã-Bretanha já havia anunciado a retirada dos funcionários de sua embaixada. "Após os acontecimentos de ontem (terça-feira), e para garantir sua segurança, funcionários estão deixando Teerã", confirmou em Londres um porta-voz do ministério britânico das Relações Exteriores. A operação foi realizada com a colaboração da chancelaria iraniana de várias embaixadas europeias.
Dezenas de manifestantes islamitas radicais atacaram, ocuparam e saquearam na terça-feira a embaixada da Grã-Bretanha em Teerã para protestar contra as sanções aplicadas ao Irã por seu polêmico programa nuclear. Os funcionários diplomáticos - quase 20 pessoas - permaneceram em segurança dentro da representação e ninguém ficou ferido. O grupo só foi retirado do local após a saída dos vândalos e permaneceu dividido entre várias embaixadas europeias até sua volta para casa nesta quarta.
O presidente do Parlamento iraniano, Ali Larijani, deu apoio implícito ao ataque ao afirmar, nesta quarta-feira, que a revolva dos manifestantes foi motivada por "várias décadas de política de dominação" da Grã-Bretanha no Irã. "A ação precipitada do Conselho de Segurança da ONU para condenar os estudantes pretende cobrir os crimes passados da Grã-Bretanha e dos Estados Unidos, quando na realidade a polícia tentou restabelecer a calma", disse Larijani, um dos partidários da linha dura dentro do regime.
Críticas - Simultaneamente, quase 200 manifestantes invadiram a antiga residência diplomática britânica, onde afirmaram "proteger cidadãos estrangeiros". O ministério das Relações Exteriores iraniano lamentou os fatos e afirmou que os autores dos saques serão levados à justiça. Mas William Hague, advertiu que Londres adotará medidas e que o ocorrido constitui um "erro gravíssimo" do governo iraniano. "Teremos consequências, e graves", declarou.
O presidente americano Barack Obama chamou de "inaceitável" o ataque, assim como a França, enquanto a Itália classificou o ato de "intolerável", e a Rússia, de "invasão ilegal". Para a chefe da diplomacia da União Europeia (UE), Catherine Ashton, esta foi uma "incursão totalmente inaceitável". O Conselho de Segurança da ONU também condenou "nos termos mais fortes os ataques", em uma declaração adotada pelos 15 países membros.
No domingo, o Parlamento iraniano aprovou uma lei que reduz as relações diplomáticas ao nível de encarregado de negócios e prevê a expulsão do embaixador britânico em um prazo de duas semanas. Esta decisão foi adotada em represália às novas sanções econômicas contra o Irã anunciadas pela Grã-Bretanha, de forma conjunta com Estados Unidos e Canadá, depois da publicação de um relatório da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) que evidencia as suspeitas dos ocidentais de que o Irã tenta produzir armamento nuclear.
Histórico - A invasão da embaixada britânica recorda ato semelhante contra a representação americana no país em novembro de 1979, seguida pela sequestro de 52 diplomatas, que permaneceram retidos por 444 dias, situação que provocou a ruptura das relações entre Teerã e Washington.
Nesta quarta-feira, a Noruega também fechou sua embaixada em Teerã. Os diplomatas noruegueses ainda estão na capital iraniana e nenhuma decisão sobre a retirada dos funcionários foi adotada ainda, informa Hilde Steinfeld, porta-voz do ministério norueguês das Relações Exteriores. "A embaixada foi fechada ontem (terça-feira), após os ataques à embaixada britânica", anunciou.
Com agências EFE e France-Presse
Ministro dá 48h para que eles saiam; embaixada do país em Teerã foi fechada
VEJA
O ministro britânico de Relações Exteriores, William Hague, anunciou nesta quarta-feira à Câmara dos Comuns que os diplomatas iranianos têm 48 horas para deixar o país, e que a embaixada britânica em Teerã foi fechada. Estas medidas, de acordo com ele, foram tomadas em retaliação aos ataques à embaixada britânica em Teerã na terça-feira. Os diplomatas que estavam no país islâmico já retornaram a Londres.
Entenda o caso
* Centenas de manifestantes iranianos invadiram a embaixada britânica em Teerã, em 29 de novembro, queimaram bandeira, saquearam e jogaram documentos fora.
• Uma hora depois, o complexo de Gholhak Garden (onde vivem diplomatas) foi tomado e 6 pessoas foram feitas reféns por 3 horas.
• Os ataques foram uma resposta às sanções adotadas na semana anterior pela Grã-Bretanha contra o programa nuclear iraniano, que segundo a AIEA estaria prestes a fabricar uma bomba atômica.
• Um dia antes, o Irã aprovou uma lei que diminui as relações diplomáticas com o país.
Mais cedo, a Grã-Bretanha já havia anunciado a retirada dos funcionários de sua embaixada. "Após os acontecimentos de ontem (terça-feira), e para garantir sua segurança, funcionários estão deixando Teerã", confirmou em Londres um porta-voz do ministério britânico das Relações Exteriores. A operação foi realizada com a colaboração da chancelaria iraniana de várias embaixadas europeias.
Dezenas de manifestantes islamitas radicais atacaram, ocuparam e saquearam na terça-feira a embaixada da Grã-Bretanha em Teerã para protestar contra as sanções aplicadas ao Irã por seu polêmico programa nuclear. Os funcionários diplomáticos - quase 20 pessoas - permaneceram em segurança dentro da representação e ninguém ficou ferido. O grupo só foi retirado do local após a saída dos vândalos e permaneceu dividido entre várias embaixadas europeias até sua volta para casa nesta quarta.
O presidente do Parlamento iraniano, Ali Larijani, deu apoio implícito ao ataque ao afirmar, nesta quarta-feira, que a revolva dos manifestantes foi motivada por "várias décadas de política de dominação" da Grã-Bretanha no Irã. "A ação precipitada do Conselho de Segurança da ONU para condenar os estudantes pretende cobrir os crimes passados da Grã-Bretanha e dos Estados Unidos, quando na realidade a polícia tentou restabelecer a calma", disse Larijani, um dos partidários da linha dura dentro do regime.
Críticas - Simultaneamente, quase 200 manifestantes invadiram a antiga residência diplomática britânica, onde afirmaram "proteger cidadãos estrangeiros". O ministério das Relações Exteriores iraniano lamentou os fatos e afirmou que os autores dos saques serão levados à justiça. Mas William Hague, advertiu que Londres adotará medidas e que o ocorrido constitui um "erro gravíssimo" do governo iraniano. "Teremos consequências, e graves", declarou.
O presidente americano Barack Obama chamou de "inaceitável" o ataque, assim como a França, enquanto a Itália classificou o ato de "intolerável", e a Rússia, de "invasão ilegal". Para a chefe da diplomacia da União Europeia (UE), Catherine Ashton, esta foi uma "incursão totalmente inaceitável". O Conselho de Segurança da ONU também condenou "nos termos mais fortes os ataques", em uma declaração adotada pelos 15 países membros.
No domingo, o Parlamento iraniano aprovou uma lei que reduz as relações diplomáticas ao nível de encarregado de negócios e prevê a expulsão do embaixador britânico em um prazo de duas semanas. Esta decisão foi adotada em represália às novas sanções econômicas contra o Irã anunciadas pela Grã-Bretanha, de forma conjunta com Estados Unidos e Canadá, depois da publicação de um relatório da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) que evidencia as suspeitas dos ocidentais de que o Irã tenta produzir armamento nuclear.
Histórico - A invasão da embaixada britânica recorda ato semelhante contra a representação americana no país em novembro de 1979, seguida pela sequestro de 52 diplomatas, que permaneceram retidos por 444 dias, situação que provocou a ruptura das relações entre Teerã e Washington.
Nesta quarta-feira, a Noruega também fechou sua embaixada em Teerã. Os diplomatas noruegueses ainda estão na capital iraniana e nenhuma decisão sobre a retirada dos funcionários foi adotada ainda, informa Hilde Steinfeld, porta-voz do ministério norueguês das Relações Exteriores. "A embaixada foi fechada ontem (terça-feira), após os ataques à embaixada britânica", anunciou.
Com agências EFE e France-Presse
FAMÍLIA QUE ROUBA UNIDA, VAI EM CANA UNIDA E APANHA JUNTO
Filhos de prefeito são agredidos ao sair de delegacia onde estavam presos
FSP
DE SÃO PAULO - Presos na semana passada, dois filhos do prefeito de Limeira (151 km de São Paulo), Silvio Félix (PDT), foram agredidos na madrugada de ontem ao deixar a delegacia da cidade, onde cumpriam prisão temporária.
Os dois fazem parte de um grupo de 12 pessoas -que inclui a primeira-dama, Constância Silva- que teve prisão temporária decretada na última quinta-feira a pedido do Ministério Público.
Os promotores investigam a incompatibilidade entre as posses e os ganhos das pessoas presas, se houve formação de quadrilha, lavagem de dinheiro, falsidade ideológica e sonegação fiscal.
Segundo a Guarda Municipal, ao serem liberados, Murilo e Maurício Félix se desencontraram do advogado, que os esperava em outra saída do prédio. Um grupo de pessoas que acompanhava a liberação cercou os dois, com tapas e chutes.
Até o final da tarde de ontem, a ocorrência não havia sido registrada.
Outras cinco mulheres presas na operação -entre elas Constância e duas irmãs dela- também foram liberadas.
Os promotores avaliam que o patrimônio dos presos, de cerca de R$ 21 milhões, é incompatível com seus ganhos.
Segundo o promotor Enzo Boncompagni, não há indício de participação do prefeito ou de uso de dinheiro público.
Anteontem, a Câmara de Limeira aprovou a instalação de comissão para apurar se o pedetista cometeu infração político-administrativa.
Félix será afastado por 90 dias quando o decreto sair no "Diário Oficial do Município". O vice-prefeito Orlando Zovico (PMDB) assumirá o cargo temporariamente.
A defesa da primeira-dama e dos filhos do prefeito nega irregularidades. A prefeitura divulgou nota dizendo que departamentos e secretários municipais estão "trabalhando dentro da normalidade".
FSP
DE SÃO PAULO - Presos na semana passada, dois filhos do prefeito de Limeira (151 km de São Paulo), Silvio Félix (PDT), foram agredidos na madrugada de ontem ao deixar a delegacia da cidade, onde cumpriam prisão temporária.
Os dois fazem parte de um grupo de 12 pessoas -que inclui a primeira-dama, Constância Silva- que teve prisão temporária decretada na última quinta-feira a pedido do Ministério Público.
Os promotores investigam a incompatibilidade entre as posses e os ganhos das pessoas presas, se houve formação de quadrilha, lavagem de dinheiro, falsidade ideológica e sonegação fiscal.
Segundo a Guarda Municipal, ao serem liberados, Murilo e Maurício Félix se desencontraram do advogado, que os esperava em outra saída do prédio. Um grupo de pessoas que acompanhava a liberação cercou os dois, com tapas e chutes.
Até o final da tarde de ontem, a ocorrência não havia sido registrada.
Outras cinco mulheres presas na operação -entre elas Constância e duas irmãs dela- também foram liberadas.
Os promotores avaliam que o patrimônio dos presos, de cerca de R$ 21 milhões, é incompatível com seus ganhos.
Segundo o promotor Enzo Boncompagni, não há indício de participação do prefeito ou de uso de dinheiro público.
Anteontem, a Câmara de Limeira aprovou a instalação de comissão para apurar se o pedetista cometeu infração político-administrativa.
Félix será afastado por 90 dias quando o decreto sair no "Diário Oficial do Município". O vice-prefeito Orlando Zovico (PMDB) assumirá o cargo temporariamente.
A defesa da primeira-dama e dos filhos do prefeito nega irregularidades. A prefeitura divulgou nota dizendo que departamentos e secretários municipais estão "trabalhando dentro da normalidade".
DÓRICAS
Trem fantasma
DORA KRAMER - O Estado de S.Paulo
Reza uma versão atribuída ao "Palácio do Planalto" que o governo resolveu não tomar conhecimento do fato de que seu ministro do Trabalho, Carlos Lupi, foi funcionário fantasma do gabinete da liderança do PDT na Câmara durante mais de cinco anos, porque em "todos os partidos" há contratados que não aparecem no trabalho.
Um adendo: como de resto se deixou para lá a escabrosa história de um mecânico petista que ao tentar registrar seu sindicato (cartório, guichê de arrecadação, como queiram, pois o objetivo é ter acesso ao dinheiro da contribuição sindical) no Ministério do Trabalho foi informado de que deveria pagar um "por fora" de R$ 1 milhão.
Recusou-se - até porque não tinha o dinheiro -, comunicou o ocorrido a parlamentares petistas, mandou e-mail ao gabinete da presidente, ao secretário-geral da Presidência, mas, como disse o líder do governo na Câmara, Cândido Vaccarezza, são muitas as mensagens que chegam todos os dias dizendo isso e aquilo.
Portanto, não havendo mãos a medir para atendê-las, a solução é deixar todas para lá.
A Presidência foi mais atenciosa na resposta: informou que o e-mail enviado a Dilma Rousseff chegou truncado, não dava para ler justamente o trecho da denúncia sobre a tentativa de extorsão. Do cinismo, uma obra de arte.
E as outras mensagens? E os avisos aos parlamentares? O senador Eduardo Suplicy disse que mandou um ofício à boca do lobo, ou melhor, ao Ministério do Trabalho. De onde menos se esperava que saísse uma providência é que não saiu nada mesmo.
DORA KRAMER - O Estado de S.Paulo
Reza uma versão atribuída ao "Palácio do Planalto" que o governo resolveu não tomar conhecimento do fato de que seu ministro do Trabalho, Carlos Lupi, foi funcionário fantasma do gabinete da liderança do PDT na Câmara durante mais de cinco anos, porque em "todos os partidos" há contratados que não aparecem no trabalho.
Um adendo: como de resto se deixou para lá a escabrosa história de um mecânico petista que ao tentar registrar seu sindicato (cartório, guichê de arrecadação, como queiram, pois o objetivo é ter acesso ao dinheiro da contribuição sindical) no Ministério do Trabalho foi informado de que deveria pagar um "por fora" de R$ 1 milhão.
Recusou-se - até porque não tinha o dinheiro -, comunicou o ocorrido a parlamentares petistas, mandou e-mail ao gabinete da presidente, ao secretário-geral da Presidência, mas, como disse o líder do governo na Câmara, Cândido Vaccarezza, são muitas as mensagens que chegam todos os dias dizendo isso e aquilo.
Portanto, não havendo mãos a medir para atendê-las, a solução é deixar todas para lá.
A Presidência foi mais atenciosa na resposta: informou que o e-mail enviado a Dilma Rousseff chegou truncado, não dava para ler justamente o trecho da denúncia sobre a tentativa de extorsão. Do cinismo, uma obra de arte.
E as outras mensagens? E os avisos aos parlamentares? O senador Eduardo Suplicy disse que mandou um ofício à boca do lobo, ou melhor, ao Ministério do Trabalho. De onde menos se esperava que saísse uma providência é que não saiu nada mesmo.
CHINESES "ENROLAM" GOVERNO BRASILEIRO
Os chineses ensinam o "huyou"
Os empulhadores grandiloquentes do governo e do empresariado ganharam parceiros à altura
Elio Gaspari - FSP
OS REPÓRTERES Patrícia Campos Mello e Gustavo Hennemann foram atrás dos números e descobriram que, numa lista de 24 grandes investimentos chineses anunciados para o Brasil num montante de cerca de US$ 20 bilhões, 25% não saíram do papel. Do total, metade vem de outros financiadores, às vezes brasileiros.
A joia dessa coroa é o investimento de US$ 12 bilhões da Foxconn para produzir equipamentos eletrônicos. Festejado em abril, quando a doutora Dilma foi a Pequim, nem ao papel chegou. A montadora JAC, que levaria US$ 450 milhões para a Bahia, será financiada em 80% pelo sócio local. O investimento de US$ 3,5 bilhões da Wisco na EBX de Eike Batista, para construir uma siderúrgica no porto do Açu, ainda é apenas um acordo para "estudos de viabilidade".
Não se trata de pura empulhação. É apenas o matrimônio malandro de dois maus hábitos. Um, chinês, outro do empresariado e do governo brasileiros. Basta lembrar que o salão do Planalto onde são anunciados esses projetos é conhecido, há tempo, como "Cabo Kennedy", nome da base de lançamento de foguetes americana. De lá saíram os aviões não tripulados que vigiariam a fronteira, os números do Minha Casa, Minha Vida, o ProJovem e o programa de 100 mil bolsas de estudo no exterior até 2014.
Em português, o nome disso é empulhação. Em chinês, é "huyou". Num livro instrutivo, "China in Ten Words" ("China em Dez Palavras"), o renomado escritor Yu Hua reuniu pequenos ensaios, um deles dedicado ao "huyou".
Pode ser traduzido como enganação, ou vigarice. Não chega a ser fraude, está mais para bravata do que para golpe. Segundo ele, "huyou" tornou-se "uma nova estrela" no "firmamento do léxico" chinês.
Três exemplos:
1) Em 2008, às vésperas da Olimpíada, uma imobiliária anunciou que Bill Gates comprara um apartamento de 700 metros quadrados de frente para o Centro Aquático. Era "huyou", pois Gates não comprara coisa alguma. O golpe deu certo, e o lançamento ganhou status.
2) A emissora estatal de TV leiloou seu espaço publicitário no horário nobre. Um sujeito arrematou a oferta e foi saudado como o "Rei do Leilão". Não tinha o dinheiro, mas voltou para sua cidade e avisou ao prefeito: eu dei notoriedade a vocês, não me deixem mal. Conseguiu um empréstimo oficial no valor de 25% do lance e, alavancado, foi atrás do resto.
Outro: em 2009, a casa de leilões Christie's vendeu por US$ 18 milhões duas esculturas que foram roubadas em 1860 pelos ingleses, no saque e incêndio do Palácio de Verão. Os chineses insistiam na ilegalidade do leilão. Não lhe deram ouvidos. O comprador, Cai Minchao, não tinha um tostão, avacalhou a hasta e foi festejado como herói. Os grandes leiloeiros aprenderam a respeitar os protestos da China.
Como em todo conto do vigário, para que ele ocorra é necessário que haja alguém querendo acreditar no negócio (muitas vezes supondo que o vigarista é um otário).
Ninguém pode acusar os investidores chineses de empulhar seus parceiros brasileiros. A Foxconn nunca disse oficialmente que investiria US$ 12 bilhões em Pindorama. Pode ter sugerido, mas o "huyou", convertido em empulhação, foi oferecido aos brasileiros por brasileiros.
Serviço: o e-book "China in Ten Words" está na rede por US$ 12,99.
Os empulhadores grandiloquentes do governo e do empresariado ganharam parceiros à altura
Elio Gaspari - FSP
OS REPÓRTERES Patrícia Campos Mello e Gustavo Hennemann foram atrás dos números e descobriram que, numa lista de 24 grandes investimentos chineses anunciados para o Brasil num montante de cerca de US$ 20 bilhões, 25% não saíram do papel. Do total, metade vem de outros financiadores, às vezes brasileiros.
A joia dessa coroa é o investimento de US$ 12 bilhões da Foxconn para produzir equipamentos eletrônicos. Festejado em abril, quando a doutora Dilma foi a Pequim, nem ao papel chegou. A montadora JAC, que levaria US$ 450 milhões para a Bahia, será financiada em 80% pelo sócio local. O investimento de US$ 3,5 bilhões da Wisco na EBX de Eike Batista, para construir uma siderúrgica no porto do Açu, ainda é apenas um acordo para "estudos de viabilidade".
Não se trata de pura empulhação. É apenas o matrimônio malandro de dois maus hábitos. Um, chinês, outro do empresariado e do governo brasileiros. Basta lembrar que o salão do Planalto onde são anunciados esses projetos é conhecido, há tempo, como "Cabo Kennedy", nome da base de lançamento de foguetes americana. De lá saíram os aviões não tripulados que vigiariam a fronteira, os números do Minha Casa, Minha Vida, o ProJovem e o programa de 100 mil bolsas de estudo no exterior até 2014.
Em português, o nome disso é empulhação. Em chinês, é "huyou". Num livro instrutivo, "China in Ten Words" ("China em Dez Palavras"), o renomado escritor Yu Hua reuniu pequenos ensaios, um deles dedicado ao "huyou".
Pode ser traduzido como enganação, ou vigarice. Não chega a ser fraude, está mais para bravata do que para golpe. Segundo ele, "huyou" tornou-se "uma nova estrela" no "firmamento do léxico" chinês.
Três exemplos:
1) Em 2008, às vésperas da Olimpíada, uma imobiliária anunciou que Bill Gates comprara um apartamento de 700 metros quadrados de frente para o Centro Aquático. Era "huyou", pois Gates não comprara coisa alguma. O golpe deu certo, e o lançamento ganhou status.
2) A emissora estatal de TV leiloou seu espaço publicitário no horário nobre. Um sujeito arrematou a oferta e foi saudado como o "Rei do Leilão". Não tinha o dinheiro, mas voltou para sua cidade e avisou ao prefeito: eu dei notoriedade a vocês, não me deixem mal. Conseguiu um empréstimo oficial no valor de 25% do lance e, alavancado, foi atrás do resto.
Outro: em 2009, a casa de leilões Christie's vendeu por US$ 18 milhões duas esculturas que foram roubadas em 1860 pelos ingleses, no saque e incêndio do Palácio de Verão. Os chineses insistiam na ilegalidade do leilão. Não lhe deram ouvidos. O comprador, Cai Minchao, não tinha um tostão, avacalhou a hasta e foi festejado como herói. Os grandes leiloeiros aprenderam a respeitar os protestos da China.
Como em todo conto do vigário, para que ele ocorra é necessário que haja alguém querendo acreditar no negócio (muitas vezes supondo que o vigarista é um otário).
Ninguém pode acusar os investidores chineses de empulhar seus parceiros brasileiros. A Foxconn nunca disse oficialmente que investiria US$ 12 bilhões em Pindorama. Pode ter sugerido, mas o "huyou", convertido em empulhação, foi oferecido aos brasileiros por brasileiros.
Serviço: o e-book "China in Ten Words" está na rede por US$ 12,99.
QUANDO OS CORRUPTOS SOCORREM O PILANTRA CORRUPTO
Vereadores impedem convocação e minam caso Controlar na Câmara
Secretário do Verde e Meio Ambiente deveria ia à audiência, mas base governista vetou
Diego Zanchetta - O Estado de S.Paulo
SÃO PAULO - A base governista do prefeito Gilberto Kassab (PSD) mais uma vez atropelou a oposição e impediu a convocação do secretário municipal do Verde e Meio Ambiente, Eduardo Jorge, que teria de dar explicações à Câmara sobre a fraude que o Ministério Público apontou no contrato da Prefeitura com a Controlar, empresa responsável pela inspeção veicular.
Em audiência na manhã desta segunda-feira, 30, na Comissão de Finanças, cinco vereadores votaram contra a convocação e três foram favoráveis. Foi mais uma demonstração de força da base kassabista, que já havia conseguido abafar um pedido de CPI feito pela bancada do PT na tarde de terça-feira. Kassab tem hoje o apoio de 41 dos 55 vereadores. O seu partido recém-criado, o PSD, já tem a maior bancada com 13 parlamentares.
"Houve entendimento de que o secretário já se pronunciou sobre o caso ao MP, portanto não existe necessidade de vir aqui neste momento", argumentou o vereador Milton Leite (DEM). Além de Leite, votaram contra a convocação do secretário os vereadores Roberto Trípoli (PV), Aníbal de Freitas (PSDB), Atílio Francisco (PRB) e Ricardo Teixeira (PSDB). A favor da convocação votaram os petistas Antonio Donato e Francisco Chagas e Celso Jatene (PTB).
Com a nova vitória da base governista a possibilidade de o caso Controlar ser investigado pelos vereadores ainda este ano foi definitivamente enterrada. Na última sexta-feira os promotores que contestam o convênio da Prefeitura com a empresa conseguiram na Justiça bloqueio dos bens do prefeito, do secretário municipal do Verde de 13 empresários e de seis empresas. Todos negam as acusações. O MPE ainda pede que os réus devolvam R$ 1,1 bilhão aos cofres públicos, além do encerramento do contrato com a Controlar e devolução da taxa de inspeção e de multas para donos de veículos.
Histórico. O MP acusa Kassab de ter resgatado em 2007 uma licitação feita na gestão Maluf (1993-1996) para favorecer as empresas que comprariam a Controlar dois meses depois. Kassab desengavetou o contrato e decidiu usá-lo, mesmo após uma série de alertas sobre irregularidades feitos pelos próprios técnicos da Prefeitura e pelo Tribunal de Contas do Município (TCM).
Para a maior parte dos vereadores, porém, o MP já está acompanhando o caso, portanto não existe a necessidade de abertura de uma CPI. Em junho Kassab também havia conseguido minar outro pedido de abertura de CPI para investigar a criação de seu PSD - a acusação era de que subprefeitos pediam assinaturas para a criação da sigla.
Secretário do Verde e Meio Ambiente deveria ia à audiência, mas base governista vetou
Diego Zanchetta - O Estado de S.Paulo
SÃO PAULO - A base governista do prefeito Gilberto Kassab (PSD) mais uma vez atropelou a oposição e impediu a convocação do secretário municipal do Verde e Meio Ambiente, Eduardo Jorge, que teria de dar explicações à Câmara sobre a fraude que o Ministério Público apontou no contrato da Prefeitura com a Controlar, empresa responsável pela inspeção veicular.
Em audiência na manhã desta segunda-feira, 30, na Comissão de Finanças, cinco vereadores votaram contra a convocação e três foram favoráveis. Foi mais uma demonstração de força da base kassabista, que já havia conseguido abafar um pedido de CPI feito pela bancada do PT na tarde de terça-feira. Kassab tem hoje o apoio de 41 dos 55 vereadores. O seu partido recém-criado, o PSD, já tem a maior bancada com 13 parlamentares.
"Houve entendimento de que o secretário já se pronunciou sobre o caso ao MP, portanto não existe necessidade de vir aqui neste momento", argumentou o vereador Milton Leite (DEM). Além de Leite, votaram contra a convocação do secretário os vereadores Roberto Trípoli (PV), Aníbal de Freitas (PSDB), Atílio Francisco (PRB) e Ricardo Teixeira (PSDB). A favor da convocação votaram os petistas Antonio Donato e Francisco Chagas e Celso Jatene (PTB).
Com a nova vitória da base governista a possibilidade de o caso Controlar ser investigado pelos vereadores ainda este ano foi definitivamente enterrada. Na última sexta-feira os promotores que contestam o convênio da Prefeitura com a empresa conseguiram na Justiça bloqueio dos bens do prefeito, do secretário municipal do Verde de 13 empresários e de seis empresas. Todos negam as acusações. O MPE ainda pede que os réus devolvam R$ 1,1 bilhão aos cofres públicos, além do encerramento do contrato com a Controlar e devolução da taxa de inspeção e de multas para donos de veículos.
Histórico. O MP acusa Kassab de ter resgatado em 2007 uma licitação feita na gestão Maluf (1993-1996) para favorecer as empresas que comprariam a Controlar dois meses depois. Kassab desengavetou o contrato e decidiu usá-lo, mesmo após uma série de alertas sobre irregularidades feitos pelos próprios técnicos da Prefeitura e pelo Tribunal de Contas do Município (TCM).
Para a maior parte dos vereadores, porém, o MP já está acompanhando o caso, portanto não existe a necessidade de abertura de uma CPI. Em junho Kassab também havia conseguido minar outro pedido de abertura de CPI para investigar a criação de seu PSD - a acusação era de que subprefeitos pediam assinaturas para a criação da sigla.
SAIBA PARA ONE VAI O DINHEIRO DO CONTRIBUINTE
Comunicar Erros CGU aponta R$ 230 mi de desvios na Agricultura
Auditoria confirmou irregularidades que levaram à queda de Wagner Rossi
Ministério diz que vai analisar relatório do órgão de controle e definir soluções num prazo de dez dias
FSP - BRASÍLIA
Irregularidades no Ministério da Agricultura durante a gestão do ex-ministro Wagner Rossi podem ter causado prejuízos de quase R$ 230 milhões, segundo relatório da CGU (Controladoria Geral da União), órgão de controle do próprio governo federal.
O relatório, feito a pedido da presidente Dilma Rousseff, confirma suspeitas levantadas pela imprensa e que levaram Rossi a pedir exoneração do cargo em agosto.
No documento, a CGU afirmou que a cúpula do ministério, conforme a Folha revelou, forjou documentos de uma concorrência na área de treinamento para beneficiar a Fundasp, ligada à PUC-SP.
A contratação foi definida pela CGU como fraude feita com "montagem processual" e "pesquisa de preços eivada de vício". O prejuízo estimado foi de R$ 1,1 milhão.
A Fundasp recebeu R$ 5 milhões pelo convênio de treinamento. Segundo a CGU, parte dos serviços eram desnecessários e não foram realizados, o que gerou o prejuízo. O contrato foi intermediado pelo lobista Julio Fróes.
Segundo a CGU, Fróes prestava serviços à Fundasp, e a filha dele é funcionária de uma empresa terceirizada do ministério. O relatório recomenda a suspensão dos cursos contratados pela pasta.
A CGU também apontou irregularidades no repasse de recursos da Conab (Companhia Nacional de Abastecimento), subordinada ao ministério, para compra de grãos de pequenos produtores a empresas criadas em nome de laranjas. Elas teriam pagado menos do que deveriam aos produtores.
O grupo que controla a Commerce Comércio de Grãos, que reportagem da Folha mostrou estar em nome de laranjas, recebeu mais de R$ 35 milhões.
O prejuízo gerado, junto de outras empresas acusadas de cometerem as mesmas irregularidades, pode chegar a R$ 228 milhões.
A CGU determinou abertura de procedimento administrativo para apurar os responsáveis por cada ato irregular.
Em nota, o Ministério da Agricultura informou ter recebido o relatório da CGU. Segundo a pasta, as conclusões serão analisadas e, num prazo de dez dias, serão definidos "encaminhamentos".
A Folha entrou em contato com a Commerce, mas foi informada que os responsáveis não poderiam falar.
Auditoria confirmou irregularidades que levaram à queda de Wagner Rossi
Ministério diz que vai analisar relatório do órgão de controle e definir soluções num prazo de dez dias
FSP - BRASÍLIA
Irregularidades no Ministério da Agricultura durante a gestão do ex-ministro Wagner Rossi podem ter causado prejuízos de quase R$ 230 milhões, segundo relatório da CGU (Controladoria Geral da União), órgão de controle do próprio governo federal.
O relatório, feito a pedido da presidente Dilma Rousseff, confirma suspeitas levantadas pela imprensa e que levaram Rossi a pedir exoneração do cargo em agosto.
No documento, a CGU afirmou que a cúpula do ministério, conforme a Folha revelou, forjou documentos de uma concorrência na área de treinamento para beneficiar a Fundasp, ligada à PUC-SP.
A contratação foi definida pela CGU como fraude feita com "montagem processual" e "pesquisa de preços eivada de vício". O prejuízo estimado foi de R$ 1,1 milhão.
A Fundasp recebeu R$ 5 milhões pelo convênio de treinamento. Segundo a CGU, parte dos serviços eram desnecessários e não foram realizados, o que gerou o prejuízo. O contrato foi intermediado pelo lobista Julio Fróes.
Segundo a CGU, Fróes prestava serviços à Fundasp, e a filha dele é funcionária de uma empresa terceirizada do ministério. O relatório recomenda a suspensão dos cursos contratados pela pasta.
A CGU também apontou irregularidades no repasse de recursos da Conab (Companhia Nacional de Abastecimento), subordinada ao ministério, para compra de grãos de pequenos produtores a empresas criadas em nome de laranjas. Elas teriam pagado menos do que deveriam aos produtores.
O grupo que controla a Commerce Comércio de Grãos, que reportagem da Folha mostrou estar em nome de laranjas, recebeu mais de R$ 35 milhões.
O prejuízo gerado, junto de outras empresas acusadas de cometerem as mesmas irregularidades, pode chegar a R$ 228 milhões.
A CGU determinou abertura de procedimento administrativo para apurar os responsáveis por cada ato irregular.
Em nota, o Ministério da Agricultura informou ter recebido o relatório da CGU. Segundo a pasta, as conclusões serão analisadas e, num prazo de dez dias, serão definidos "encaminhamentos".
A Folha entrou em contato com a Commerce, mas foi informada que os responsáveis não poderiam falar.
ONDE HÁ EXCESSO DE RATOS HÁ A FALTA DE HOMENS
Líder do governo foi fantasma na Prefeitura de SP
FSP
O deputado Cândido Vaccarezza (PT-SP) deixou o cargo de secretário-geral do PT depois que a Folha revelou, em dezembro de 1996, que ele era funcionário-fantasma do gabinete de Brasil Vita, então presidente da Câmara de São Paulo.
Médico da prefeitura paulistana, Vaccarezza se negava a trabalhar no PAS (Plano de Atendimento à Saúde) criado pelo prefeito Paulo Maluf. Mas, por um acordo político, foi comissionado no gabinete de Vita -um vereador malufista- e só ia lá para assinar o ponto.
Após a divulgação do fato, Vaccarezza se licenciou do cargo no PT e do quadro de servidores da prefeitura.
O Ministério Público do Estado arquivou o caso.
"Fui comissionado no gabinete da presidência da Câmara por acordo feito pelo PT. Não tenho e nunca tive nada a ver com o Brasil Vita. O Ministério Público disse que não há nada de ilegal ou imoral no que houve", disse Vaccarezza em 2001.
FSP
O deputado Cândido Vaccarezza (PT-SP) deixou o cargo de secretário-geral do PT depois que a Folha revelou, em dezembro de 1996, que ele era funcionário-fantasma do gabinete de Brasil Vita, então presidente da Câmara de São Paulo.
Médico da prefeitura paulistana, Vaccarezza se negava a trabalhar no PAS (Plano de Atendimento à Saúde) criado pelo prefeito Paulo Maluf. Mas, por um acordo político, foi comissionado no gabinete de Vita -um vereador malufista- e só ia lá para assinar o ponto.
Após a divulgação do fato, Vaccarezza se licenciou do cargo no PT e do quadro de servidores da prefeitura.
O Ministério Público do Estado arquivou o caso.
"Fui comissionado no gabinete da presidência da Câmara por acordo feito pelo PT. Não tenho e nunca tive nada a ver com o Brasil Vita. O Ministério Público disse que não há nada de ilegal ou imoral no que houve", disse Vaccarezza em 2001.
ENQUANTO ISSO, NO REINO DA BICHOLÂNDIA...
Aids: cresce comportamento de risco de jovens homossexuais
Com tratamento, sexo parece ter virado uma roleta russa entre alguns grupos de gays da nova geração
O Globo
SÃO PAULO - Hoje desempregado, X. tinha 28 anos no fim dos anos 1990 quando espasmos na perna esquerda o fizeram procurar um médico. Após uma série de exames, foi confirmado o que ele mesmo já suspeitava: estava infectado com o vírus HIV. O resultado "reagente" veio tarde, já que sempre martelaram na sua cabeça as primeiras relações sexuais desprotegidas com um antigo namorado, que morrera anos depois. O diagnóstico tardio o levou a uma série de complicações: passou de 80 para 30 quilos, sofreu três tuberculoses, uma pneumonia grave e quase ficou cego.
Foram dois anos de sucessivas internações, até que buscou refúgio numa casa de apoio a portadores de Aids. Sozinho em São Paulo, a família toda morando no Paraná, diz que nunca mais conseguiu ter uma relacionamento duradouro. Sexo, casualmente, mesmo diante da surpreendente reação das pessoas na cama.
- Muitas vezes, se eu resolver transar sem camisinha, vai assim mesmo. Eu é que evito. Acabou a preocupação com sexo seguro por causa da fantasia de que o soropositivo não sofre mais. Ninguém sabe o sofrimento que é viver com Aids - diz ele, morador de São Miguel Paulista, periferia de São Paulo.
Aos 42 anos, Y. diz também ouvir de amigos que acabou a preocupação em transar sem preservativo, principalmente entre os mais jovens.
- Essa molecada não viu a cara da Aids. Hoje, há tratamento em que as pessoas não ficam esquálidas, mas são muitos os efeitos que parecem ser ignorados por quem está procurando sexo quase desesperadamente - reforça ele.
Z. é um rapaz que pode ser incluído no grupo da "molecada" portadora do vírus que ignora solenemente os efeitos da doença. Aos 21 anos de idade, infectado aos 18 num sexo grupal, o estudante de administração de empresas diz que não se preocupa na hora de ir para a cama. Frequentador de boates e bares badalados em São Paulo, onde vive, ele diz que cada um deve cuidar de si.
- Eu não estou nem um pouco preocupado com os outros. Se quiser transar sem camisinha, eu transo. Provavelmente é alguém também contaminado, então estamos no empate - diz Z., num discurso pontuado por um rancor indisfarçável:
- Eu pergunto: alguém se preocupou comigo?
Com uma turma de amigos de 20 e poucos anos de idade, o estudante revela que, assim como ele, outros jovens deixaram a segurança de lado mesmo sabendo que não estavam contaminados com o vírus HIV. O sexo parece ter virado uma roleta russa entre alguns grupos de gays da nova geração:
- As pessoas estão procurando prazer, e, aí, tem que ter sorte. Só que muitas vezes não é o que acontece.
Flávio Freire
Com tratamento, sexo parece ter virado uma roleta russa entre alguns grupos de gays da nova geração
O Globo
SÃO PAULO - Hoje desempregado, X. tinha 28 anos no fim dos anos 1990 quando espasmos na perna esquerda o fizeram procurar um médico. Após uma série de exames, foi confirmado o que ele mesmo já suspeitava: estava infectado com o vírus HIV. O resultado "reagente" veio tarde, já que sempre martelaram na sua cabeça as primeiras relações sexuais desprotegidas com um antigo namorado, que morrera anos depois. O diagnóstico tardio o levou a uma série de complicações: passou de 80 para 30 quilos, sofreu três tuberculoses, uma pneumonia grave e quase ficou cego.
Foram dois anos de sucessivas internações, até que buscou refúgio numa casa de apoio a portadores de Aids. Sozinho em São Paulo, a família toda morando no Paraná, diz que nunca mais conseguiu ter uma relacionamento duradouro. Sexo, casualmente, mesmo diante da surpreendente reação das pessoas na cama.
- Muitas vezes, se eu resolver transar sem camisinha, vai assim mesmo. Eu é que evito. Acabou a preocupação com sexo seguro por causa da fantasia de que o soropositivo não sofre mais. Ninguém sabe o sofrimento que é viver com Aids - diz ele, morador de São Miguel Paulista, periferia de São Paulo.
Aos 42 anos, Y. diz também ouvir de amigos que acabou a preocupação em transar sem preservativo, principalmente entre os mais jovens.
- Essa molecada não viu a cara da Aids. Hoje, há tratamento em que as pessoas não ficam esquálidas, mas são muitos os efeitos que parecem ser ignorados por quem está procurando sexo quase desesperadamente - reforça ele.
Z. é um rapaz que pode ser incluído no grupo da "molecada" portadora do vírus que ignora solenemente os efeitos da doença. Aos 21 anos de idade, infectado aos 18 num sexo grupal, o estudante de administração de empresas diz que não se preocupa na hora de ir para a cama. Frequentador de boates e bares badalados em São Paulo, onde vive, ele diz que cada um deve cuidar de si.
- Eu não estou nem um pouco preocupado com os outros. Se quiser transar sem camisinha, eu transo. Provavelmente é alguém também contaminado, então estamos no empate - diz Z., num discurso pontuado por um rancor indisfarçável:
- Eu pergunto: alguém se preocupou comigo?
Com uma turma de amigos de 20 e poucos anos de idade, o estudante revela que, assim como ele, outros jovens deixaram a segurança de lado mesmo sabendo que não estavam contaminados com o vírus HIV. O sexo parece ter virado uma roleta russa entre alguns grupos de gays da nova geração:
- As pessoas estão procurando prazer, e, aí, tem que ter sorte. Só que muitas vezes não é o que acontece.
Flávio Freire
LEIA E ENTENDA COMO SE CONSTRÓI UM ESTADO JUSTO E UMA SOCIEDADE DECENTE
Três Pilares da Ordem: Edmund Burke, Samuel Johnson, Adam Smith
Russel Kirk
Burke e Johnson e Smith, de suas diversas maneiras, descreveram e defenderam aquelas crenças e instituições que mantêm a tensão beneficente de ordem e liberdade.
Parte I
O que Matthew Arnold chamou de “uma época de concentração” paira sobre as nações de língua inglesa. Os impulsos revolucionários e os entusiasmos sociais que dominaram nosso século, desde sua grande explosão na Rússia, são agora confrontados por uma força física e intelectual equivalente. A ideologia fanática tem sido, em essência, rebelião contra a velha ordem moral de nossa civilização. Para resistir à ideologia, certos princípios e usos de ordem têm despertado, como aqueles que se ergueram contra a fúria da inovação francesa depois de 1790. Nós ingressamos em um tempo de reconstrução e reavaliação; reconhecemos um conservadorismo ressuscitado em política e filosofia e letras.
A Inglaterra durante a “época de concentração” de Arnold tornou-se, apesar de sua desilusão, uma sociedade de alto nível intelectual, a latente energia revolucionária desviada para fins de reconstrução. Que a época de concentração tenha mostrado qualidades morais tão poderosas, não afundando em uma mera reação guiada, Arnold atribuiu à influência de Edmund Burke. De fato, Burke venceu a morte, além de suas próprias expectativas, em seu ofício de sustentar a ordem da civilização. “A comunicação dos mortos é pronunciada com fogo através da linguagem dos vivos.” Deixem-me adicionar ao nome de Edmund Burke os grandes nomes de Samuel Johnson e Adam Smith, e permitam-me sugerir a vocês, muito rapidamente, como esses três nomes da segunda metade do século XVIII explicaram e defenderam aquela ordem social e moral que perdura até nossa presente década turbulenta.
Apesar de esses três grandes homens se conhecerem, eles não eram íntimos; Smith e Johnson, na verdade, eram adversários. Burke era um líder prático de partido, Johnson um poeta e um crítico, Smith um professor (normalmente) de filosofia moral (na verdade, ele também converteu seu posto em Glasgow em uma cadeira de finanças e economia política). Johnson era um Tory [2], Burke e Smith eram Whigs [3]. Indubitavelmente seus fantasmas ficariam estupefatos ao encontrar seus nomes unidos amigavelmente perto do fim do século XX. Ainda assim, pode-se dizer sobre eles o que T. S. Eliot escreveu sobre os partidários da Guerra Civil Inglesa: eles “Aceitam a constituição do silêncio / E estão juntos em um único partido.”[4] Que partido, atualmente? Ora, podemos chamá-lo de o partido da ordem.
Todos os três homens eram moralistas; todos eram realistas e observadores astutos; todos davam primazia à ordem no corpo político. Proponho falar brevemente sobre algumas de suas várias convicções, comparar os três e sugerir suas relações. Tratemos primeiro de Burke, sobre quem tenho escrito muito – provavelmente até demais.
Em 1790, quando Burke publicou suas “Reflexões sobre a Revolução Francesa”, ele havia sido político por trinta anos. Todavia, sua ambição era, nos tempos de mocidade, ser bem-sucedido como um homem de letras, abstendo-se de “políticas tortuosas”. Como Johnson, Burke era um homem de letras que extraiu sua política de sua ética e seu conhecimento de história (bem como de uma intensa experiência prática, no caso de Burke); mas, ao contrário de Johnson, ele fez da política sua carreira. Foi preciso a catástrofe da Revolução Francesa para desviar o político Whig do ofício prático do Estado para a consideração dos primeiros princípios de ordem social civil.
Quando tinha apenas dezessete anos, Burke vislumbrou o abismo no qual o Iluminismo se lançaria. “Creia-me”, ele então escreveu para um amigo, “nós estamos à beira da Escuridão e um empurrão nos fará cair – haveremos todos de viver, se vivermos muito, para ver a profecia do Dunciad [5] cumprida e a era da ignorância emergir uma vez mais... Não há ninguém para salvar o mundo de seu caminho de obscuridade? Não, ninguém...” E ele citou Virgílio: “volta o reinado de Saturno e uma nova geração humana desce do alto dos céus.”[6]
Em 1790, Saturno estava em armas. Anacharsis Cloots [7] escreveu a Burke em maio daquele ano que a Europa não deveria mais ter arquitetura gótica: Notre Dame seria posta abaixo, e um harmonioso Templo da Razão seria erigido no lugar da catedral, para ser admirado por todos os conhecedores das artes. Mas Burke concluiu que a sublimidade da religião cristã e o edifício gótico da civilização européia não deveriam ser submetidos à clave dos destruidores. Contra uma doutrina armada, uma revolução de idéias morais conduzida com violência, Burke lutou com todo seu poder. Sua determinação era renovar “o arcabouço de uma imaginação moral”. Paixões uma vez libertadas, benevolência abstrata e posturas iluminadas não eram suficientes para manter o homem longe da anarquia, Burke sabia. O obsceno e o terrível, o sensual e o sombrio, erguem-se das profundezas quando a autoridade moral é achacada. Pois o homem sai do mistério, e é tragado de volta à terrível obscuridade quando se arroga o mestre racional de tudo sobre a terra. Assim seguiu a retórica inflamada de Burke em seus últimos anos. Existem chamas de glória, e chamas de danação. Nascemos em uma ordem moral, Burke disse à Inglaterra; e se desafiarmos essa ordem, nosso fim são as trevas.
“Burke dá uma alma ao Estado”, escreve Hans Barth. “Ele o torna pessoal, ele o preenche de valores e conteúdos da alma individual. Ele quer fazê-lo digno de devoção e da possibilidade de sacrifício pessoal.” Burke percebeu que o Estado justo existe em uma tensão entre os reclames de autoridade e os reclames de liberdade. E amor ao país, como o amor por parentes ou amigos, Burke sabia, não pode ser fruto de mero cálculo racional. Nada, ele diz, é mais malévolo do que o coração de um metafísico puro – isto é, do “intelectual” que entrona seu ego e seu estoque pessoal de razão sobre as ruínas do amor, do dever e da reverência.
Nos jacobinos, Burke percebeu os fanáticos da doutrina armada, determinados a solapar o amor cristão e o Estado de Direito – a revolta dos arrogantes talentos conspiradores de uma nação contra a propriedade e as tradições da civilidade. Recaiu aos homens da Era Napoleônica cunhar a palavra “ideólogo” para descrever essa paixão por inovação, essa violenta voracidade para abolir a antiga moralidade e a velha ordem social, que a Nova Jerusalém poderia ser criada sobre princípios de razão pura.
Para resistir aos jacobinos, Burke levou a cabo o que Louis Bredvold chamou de “a reconstrução da filosofia social”. Como Platão em seus tempos de desordem, Burke trabalhou para adaptar a antiga estrutura de sua civilização aos desafios de seu tempo. Sabendo que a Humanidade é governada não pelas especulações dos sofistas, mas por uma “estupenda sabedoria moldando em conjunto a grande e misteriosa incorporação da raça humana”, Burke buscou reviver a compreensão do “contrato da eterna sociedade”.
Uma das disputas mais intensas sobre o sentido de Burke emergiu da dúvida se ele era, antes de tudo, um homem de princípios perenes, ou um campeão de conveniência e empirismo; se ele permaneceu na “grande tradição” do pensamento político clássico, ou se era um irracionalista romântico. Essa controvérsia parece ter sido promovida especialmente por uma passagem de “Direito Natural e História”, de Leo Strauss. “Burke chega perto de sugerir que opor-se a uma corrente meticulosamente malévola em relações humanas é perverso se essa corrente é suficientemente poderosa”, escreveu o professor Strauss; “ele ignora a nobreza da resistência extremada.” Ainda que Leo Strauss fosse, no fim da vida, um admirador de Burke, essa observação foi transformada por outros em uma denúncia generalizada contra Burke e como um guia em tempos de revolução.
O ultimo parágrafo de “Thoughts on French Affairs” (1791), de Burke, é a fonte à qual se referem as críticas de Strauss. “Se uma grande mudança está por ser feita em relações humanas”, escreveu Burke, “as mentes dos homens serão encaixadas a ela, as opiniões e os sentimentos gerais traçarão aquele caminho. Todo medo, toda esperança, a seguirá; e então, aqueles que persistem em se opor a essa poderosa corrente em relações humanas parecerão mais resistir aos decretos da Providência do que a meros desígnios dos homens. Eles não serão resolutos e firmes, mas perversos e obstinados.”
Os críticos contumazes de Burke interpretam essa passagem de modo a significar que, na visão de Burke, os princípios mudam com os tempos, e a moral com a atmosfera; e que (antecipando Hegel) não devemos nos opor futilmente à Marcha da História. Mas essa interpretação de Burke ignora a verdadeira trajetória de Burke. Qualquer um interessado no assunto deve reler o “Thoughts on French Affairs”. Nele, Burke não sugere que talvez os campeões da religião e das coisas estabelecidas devem deixar-se serem varridos pela corrente da Revolução Francesa. Ao contrário, ele diz que a oposição efetiva à Revolução deve ser o trabalho de muitas pessoas, agindo inteligentemente e em conjunto; ele professa sua inabilidade, como um velho político aposentado do Parlamento e afastado de seu partido, de fazer algo além de declarar o mal. A “poderosa corrente” pela qual ele anseia é um despertar dos homens com “poder, sabedoria e informação” para o perigo da Revolução; ele pede por um levante da opinião pública em apoio a coisas que não nasceram ontem. A Providência opera ordinariamente através das opiniões e dos hábitos e das decisões dos seres humanos, Burke disse anos antes; e, se a Humanidade negligenciar as leis da conduta humana, então uma providência vingativa pode começar a operar. De todos os homens de seu tempo, Burke era o que mais se opunha veementemente a qualquer comprometimento com o Jacobinismo. Ele teria escolhido a guilhotina à submissão – ou, como ele mesmo colocou, a morte com espada em punho. Ele rompeu com amigos e com o partido, sacrificando sua reputação e se arriscando a ir à falência, ao invés de encorajar a última concessão da facção “pacífica” na Inglaterra.
Nem um devoto irracional do arcaico, tampouco um apóstolo da sociedade utilitarista que estava emergindo perto do fim de sua vida, Edmund Burke surge, em todos os anos de nosso tempo, cada vez mais, como um filósofo relutante que apreendeu a ordem moral e social. Política prática, ele ensinou, é a arte do possível. Não podemos alterar unilateralmente o clima de opinião, ou as instituições de nossos dias, com a adesão altiva a inflexíveis doutrinas abstratas. O estadista prudente, em qualquer época, deve lidar com as opiniões e os costumes prevalentes como ele os encontra – ainda que ele deva agir à luz de princípios perenes (que Burke distinguiu de “abstrações”, ou teorias sem base numa verdadeira compreensão da natureza humana e das instituições sociais como realmente são).
Burke pode ter sido muitas coisas – dentre elas, um grande economista. Adam Smith declarou que o raciocínio econômico de Burke, como expresso em sua obra “Thoughts on Scarcity”, estava mais próximo de seu próprio raciocínio do que qualquer outra pessoa com quem ele não se comunicou diretamente. Como editor do Registro Anual [8] por muitos anos, e arquiteto de peças elaboradas de legislação como a Reforma Econômica, Burke conhecia intimamente a ciência estatística em sua gênese no século XVIII. Ainda assim, Burke expressava freqüentemente seu desgosto por “sofistas, economistas e calculadores”, pelos quais a glória da Europa foi extinta. Em outro ponto das “Reflexões”, ele argumenta que a indústria e o comércio devem muito aos “antigos costumes”, ao espírito cavalheiresco e ao espírito da religião, e falhariam sem o suporte desses costumes antigos; todavia, ele reforça, com algum desgosto, que “comércio, e troca, e manufatura” são “os deuses de nossos políticos econômicos”. Apesar das conexões comerciais dos Whigs, Burke permanece fortemente ligado aos interesses rurais e dos agricultores. Ele reprova a obsessão com questões econômicas, percebendo que a sociedade é algo mais vasto e nobre do que um mero contrato comercial.
Burke revisou favoravelmente “A Riqueza nas Nações” no Registro Anual, e conheceu ocasionalmente Adam Smith no Clube [9], em Londres. Smith foi anfitrião de Burke em Edimburgo, em 1784, e eles se encontraram novamente em 1785; Smith foi nomeado por Burke para a Sociedade Real de Edimburgo. Eles eram amigos, em suma, mas não estreitos colaboradores. Muitos paralelos podem ser traçados entre suas respectivas lições em economia política, mas deve-se notar que Smith, em suas assunções sociais, era muito mais individualista do que Burke. Suspeito que Burke deve ter tido uma relação um pouco desconfortável com Smith em virtude da íntima amizade de Smith com o grande cético David Hume, contra cujos primeiros princípios Burke se opôs (de sua parte, Hume desejou a amizade de Burke, e foi Hume quem apresentou Smith aos escritos de Burke, dizendo a ele para enviar uma cópia de sua “Teoria dos Sentimentos Morais” para “Burke, um cavalheiro irlandês, que escreveu recentemente um belíssimo tratado sobre o Sublime.”).
Russel Kirk
Burke e Johnson e Smith, de suas diversas maneiras, descreveram e defenderam aquelas crenças e instituições que mantêm a tensão beneficente de ordem e liberdade.
Parte I
O que Matthew Arnold chamou de “uma época de concentração” paira sobre as nações de língua inglesa. Os impulsos revolucionários e os entusiasmos sociais que dominaram nosso século, desde sua grande explosão na Rússia, são agora confrontados por uma força física e intelectual equivalente. A ideologia fanática tem sido, em essência, rebelião contra a velha ordem moral de nossa civilização. Para resistir à ideologia, certos princípios e usos de ordem têm despertado, como aqueles que se ergueram contra a fúria da inovação francesa depois de 1790. Nós ingressamos em um tempo de reconstrução e reavaliação; reconhecemos um conservadorismo ressuscitado em política e filosofia e letras.
A Inglaterra durante a “época de concentração” de Arnold tornou-se, apesar de sua desilusão, uma sociedade de alto nível intelectual, a latente energia revolucionária desviada para fins de reconstrução. Que a época de concentração tenha mostrado qualidades morais tão poderosas, não afundando em uma mera reação guiada, Arnold atribuiu à influência de Edmund Burke. De fato, Burke venceu a morte, além de suas próprias expectativas, em seu ofício de sustentar a ordem da civilização. “A comunicação dos mortos é pronunciada com fogo através da linguagem dos vivos.” Deixem-me adicionar ao nome de Edmund Burke os grandes nomes de Samuel Johnson e Adam Smith, e permitam-me sugerir a vocês, muito rapidamente, como esses três nomes da segunda metade do século XVIII explicaram e defenderam aquela ordem social e moral que perdura até nossa presente década turbulenta.
Apesar de esses três grandes homens se conhecerem, eles não eram íntimos; Smith e Johnson, na verdade, eram adversários. Burke era um líder prático de partido, Johnson um poeta e um crítico, Smith um professor (normalmente) de filosofia moral (na verdade, ele também converteu seu posto em Glasgow em uma cadeira de finanças e economia política). Johnson era um Tory [2], Burke e Smith eram Whigs [3]. Indubitavelmente seus fantasmas ficariam estupefatos ao encontrar seus nomes unidos amigavelmente perto do fim do século XX. Ainda assim, pode-se dizer sobre eles o que T. S. Eliot escreveu sobre os partidários da Guerra Civil Inglesa: eles “Aceitam a constituição do silêncio / E estão juntos em um único partido.”[4] Que partido, atualmente? Ora, podemos chamá-lo de o partido da ordem.
Todos os três homens eram moralistas; todos eram realistas e observadores astutos; todos davam primazia à ordem no corpo político. Proponho falar brevemente sobre algumas de suas várias convicções, comparar os três e sugerir suas relações. Tratemos primeiro de Burke, sobre quem tenho escrito muito – provavelmente até demais.
Em 1790, quando Burke publicou suas “Reflexões sobre a Revolução Francesa”, ele havia sido político por trinta anos. Todavia, sua ambição era, nos tempos de mocidade, ser bem-sucedido como um homem de letras, abstendo-se de “políticas tortuosas”. Como Johnson, Burke era um homem de letras que extraiu sua política de sua ética e seu conhecimento de história (bem como de uma intensa experiência prática, no caso de Burke); mas, ao contrário de Johnson, ele fez da política sua carreira. Foi preciso a catástrofe da Revolução Francesa para desviar o político Whig do ofício prático do Estado para a consideração dos primeiros princípios de ordem social civil.
Quando tinha apenas dezessete anos, Burke vislumbrou o abismo no qual o Iluminismo se lançaria. “Creia-me”, ele então escreveu para um amigo, “nós estamos à beira da Escuridão e um empurrão nos fará cair – haveremos todos de viver, se vivermos muito, para ver a profecia do Dunciad [5] cumprida e a era da ignorância emergir uma vez mais... Não há ninguém para salvar o mundo de seu caminho de obscuridade? Não, ninguém...” E ele citou Virgílio: “volta o reinado de Saturno e uma nova geração humana desce do alto dos céus.”[6]
Em 1790, Saturno estava em armas. Anacharsis Cloots [7] escreveu a Burke em maio daquele ano que a Europa não deveria mais ter arquitetura gótica: Notre Dame seria posta abaixo, e um harmonioso Templo da Razão seria erigido no lugar da catedral, para ser admirado por todos os conhecedores das artes. Mas Burke concluiu que a sublimidade da religião cristã e o edifício gótico da civilização européia não deveriam ser submetidos à clave dos destruidores. Contra uma doutrina armada, uma revolução de idéias morais conduzida com violência, Burke lutou com todo seu poder. Sua determinação era renovar “o arcabouço de uma imaginação moral”. Paixões uma vez libertadas, benevolência abstrata e posturas iluminadas não eram suficientes para manter o homem longe da anarquia, Burke sabia. O obsceno e o terrível, o sensual e o sombrio, erguem-se das profundezas quando a autoridade moral é achacada. Pois o homem sai do mistério, e é tragado de volta à terrível obscuridade quando se arroga o mestre racional de tudo sobre a terra. Assim seguiu a retórica inflamada de Burke em seus últimos anos. Existem chamas de glória, e chamas de danação. Nascemos em uma ordem moral, Burke disse à Inglaterra; e se desafiarmos essa ordem, nosso fim são as trevas.
“Burke dá uma alma ao Estado”, escreve Hans Barth. “Ele o torna pessoal, ele o preenche de valores e conteúdos da alma individual. Ele quer fazê-lo digno de devoção e da possibilidade de sacrifício pessoal.” Burke percebeu que o Estado justo existe em uma tensão entre os reclames de autoridade e os reclames de liberdade. E amor ao país, como o amor por parentes ou amigos, Burke sabia, não pode ser fruto de mero cálculo racional. Nada, ele diz, é mais malévolo do que o coração de um metafísico puro – isto é, do “intelectual” que entrona seu ego e seu estoque pessoal de razão sobre as ruínas do amor, do dever e da reverência.
Nos jacobinos, Burke percebeu os fanáticos da doutrina armada, determinados a solapar o amor cristão e o Estado de Direito – a revolta dos arrogantes talentos conspiradores de uma nação contra a propriedade e as tradições da civilidade. Recaiu aos homens da Era Napoleônica cunhar a palavra “ideólogo” para descrever essa paixão por inovação, essa violenta voracidade para abolir a antiga moralidade e a velha ordem social, que a Nova Jerusalém poderia ser criada sobre princípios de razão pura.
Para resistir aos jacobinos, Burke levou a cabo o que Louis Bredvold chamou de “a reconstrução da filosofia social”. Como Platão em seus tempos de desordem, Burke trabalhou para adaptar a antiga estrutura de sua civilização aos desafios de seu tempo. Sabendo que a Humanidade é governada não pelas especulações dos sofistas, mas por uma “estupenda sabedoria moldando em conjunto a grande e misteriosa incorporação da raça humana”, Burke buscou reviver a compreensão do “contrato da eterna sociedade”.
Uma das disputas mais intensas sobre o sentido de Burke emergiu da dúvida se ele era, antes de tudo, um homem de princípios perenes, ou um campeão de conveniência e empirismo; se ele permaneceu na “grande tradição” do pensamento político clássico, ou se era um irracionalista romântico. Essa controvérsia parece ter sido promovida especialmente por uma passagem de “Direito Natural e História”, de Leo Strauss. “Burke chega perto de sugerir que opor-se a uma corrente meticulosamente malévola em relações humanas é perverso se essa corrente é suficientemente poderosa”, escreveu o professor Strauss; “ele ignora a nobreza da resistência extremada.” Ainda que Leo Strauss fosse, no fim da vida, um admirador de Burke, essa observação foi transformada por outros em uma denúncia generalizada contra Burke e como um guia em tempos de revolução.
O ultimo parágrafo de “Thoughts on French Affairs” (1791), de Burke, é a fonte à qual se referem as críticas de Strauss. “Se uma grande mudança está por ser feita em relações humanas”, escreveu Burke, “as mentes dos homens serão encaixadas a ela, as opiniões e os sentimentos gerais traçarão aquele caminho. Todo medo, toda esperança, a seguirá; e então, aqueles que persistem em se opor a essa poderosa corrente em relações humanas parecerão mais resistir aos decretos da Providência do que a meros desígnios dos homens. Eles não serão resolutos e firmes, mas perversos e obstinados.”
Os críticos contumazes de Burke interpretam essa passagem de modo a significar que, na visão de Burke, os princípios mudam com os tempos, e a moral com a atmosfera; e que (antecipando Hegel) não devemos nos opor futilmente à Marcha da História. Mas essa interpretação de Burke ignora a verdadeira trajetória de Burke. Qualquer um interessado no assunto deve reler o “Thoughts on French Affairs”. Nele, Burke não sugere que talvez os campeões da religião e das coisas estabelecidas devem deixar-se serem varridos pela corrente da Revolução Francesa. Ao contrário, ele diz que a oposição efetiva à Revolução deve ser o trabalho de muitas pessoas, agindo inteligentemente e em conjunto; ele professa sua inabilidade, como um velho político aposentado do Parlamento e afastado de seu partido, de fazer algo além de declarar o mal. A “poderosa corrente” pela qual ele anseia é um despertar dos homens com “poder, sabedoria e informação” para o perigo da Revolução; ele pede por um levante da opinião pública em apoio a coisas que não nasceram ontem. A Providência opera ordinariamente através das opiniões e dos hábitos e das decisões dos seres humanos, Burke disse anos antes; e, se a Humanidade negligenciar as leis da conduta humana, então uma providência vingativa pode começar a operar. De todos os homens de seu tempo, Burke era o que mais se opunha veementemente a qualquer comprometimento com o Jacobinismo. Ele teria escolhido a guilhotina à submissão – ou, como ele mesmo colocou, a morte com espada em punho. Ele rompeu com amigos e com o partido, sacrificando sua reputação e se arriscando a ir à falência, ao invés de encorajar a última concessão da facção “pacífica” na Inglaterra.
Nem um devoto irracional do arcaico, tampouco um apóstolo da sociedade utilitarista que estava emergindo perto do fim de sua vida, Edmund Burke surge, em todos os anos de nosso tempo, cada vez mais, como um filósofo relutante que apreendeu a ordem moral e social. Política prática, ele ensinou, é a arte do possível. Não podemos alterar unilateralmente o clima de opinião, ou as instituições de nossos dias, com a adesão altiva a inflexíveis doutrinas abstratas. O estadista prudente, em qualquer época, deve lidar com as opiniões e os costumes prevalentes como ele os encontra – ainda que ele deva agir à luz de princípios perenes (que Burke distinguiu de “abstrações”, ou teorias sem base numa verdadeira compreensão da natureza humana e das instituições sociais como realmente são).
Burke pode ter sido muitas coisas – dentre elas, um grande economista. Adam Smith declarou que o raciocínio econômico de Burke, como expresso em sua obra “Thoughts on Scarcity”, estava mais próximo de seu próprio raciocínio do que qualquer outra pessoa com quem ele não se comunicou diretamente. Como editor do Registro Anual [8] por muitos anos, e arquiteto de peças elaboradas de legislação como a Reforma Econômica, Burke conhecia intimamente a ciência estatística em sua gênese no século XVIII. Ainda assim, Burke expressava freqüentemente seu desgosto por “sofistas, economistas e calculadores”, pelos quais a glória da Europa foi extinta. Em outro ponto das “Reflexões”, ele argumenta que a indústria e o comércio devem muito aos “antigos costumes”, ao espírito cavalheiresco e ao espírito da religião, e falhariam sem o suporte desses costumes antigos; todavia, ele reforça, com algum desgosto, que “comércio, e troca, e manufatura” são “os deuses de nossos políticos econômicos”. Apesar das conexões comerciais dos Whigs, Burke permanece fortemente ligado aos interesses rurais e dos agricultores. Ele reprova a obsessão com questões econômicas, percebendo que a sociedade é algo mais vasto e nobre do que um mero contrato comercial.
Burke revisou favoravelmente “A Riqueza nas Nações” no Registro Anual, e conheceu ocasionalmente Adam Smith no Clube [9], em Londres. Smith foi anfitrião de Burke em Edimburgo, em 1784, e eles se encontraram novamente em 1785; Smith foi nomeado por Burke para a Sociedade Real de Edimburgo. Eles eram amigos, em suma, mas não estreitos colaboradores. Muitos paralelos podem ser traçados entre suas respectivas lições em economia política, mas deve-se notar que Smith, em suas assunções sociais, era muito mais individualista do que Burke. Suspeito que Burke deve ter tido uma relação um pouco desconfortável com Smith em virtude da íntima amizade de Smith com o grande cético David Hume, contra cujos primeiros princípios Burke se opôs (de sua parte, Hume desejou a amizade de Burke, e foi Hume quem apresentou Smith aos escritos de Burke, dizendo a ele para enviar uma cópia de sua “Teoria dos Sentimentos Morais” para “Burke, um cavalheiro irlandês, que escreveu recentemente um belíssimo tratado sobre o Sublime.”).
PUTARIA EM BRASÍLIA (DESCULPE O PLEONASMO).
Petista diz que maior parte dos assessores nunca foi à Câmara
Líder do governo argumenta que funcionários trabalham nos escritórios dos deputados nos Estados, não em Brasília
Cândido Vaccarezza deu declaração em defesa do ministro Carlos Lupi, funcionário-fantasma da Casa por seis anos
FSP - BRASÍLIA
Em uma tentativa de minimizar a crise envolvendo o ministro do Trabalho, Carlos Lupi, o líder do governo na Câmara, Cândido Vaccarezza (PT-SP), disse ontem que a maioria dos assessores de deputados "jamais" colocou os pés na Casa.
Segundo o petista, esses funcionários trabalham nos escritórios políticos nos Estados, não em Brasília.
"A maioria jamais pisou na Câmara. Porque a maioria dos funcionários dos deputados fica nos Estados", disse.
A declaração se deu em resposta à revelação da Folha de que Lupi foi funcionário-fantasma da Câmara por quase seis anos, período em que ocupou um CNE (Cargo de Natureza Especial).
Pelas regras da Casa, ocupantes desses cargos precisam estar nos gabinetes em Brasília. Vaccarezza afirmou depois que se referiu à maioria dos funcionários ligados aos deputados, não aos CNEs.
Os assessores dos gabinetes dos deputados se dividem entre Brasília e os Estados.
"Quem prova que Lupi nunca apareceu para trabalhar? Por que Lupi é fantasma? Porque existe uma campanha contra ele."
O ministro recebeu, de 2000 a 2006, o maior salário pago a um assessor técnico na liderança do PDT na Câmara, mas cumpria apenas atividades partidárias e morava no Rio de Janeiro, contrariando normas da Casa.
Sobre os CNEs, Vaccarezza afirmou que, na época em que Lupi trabalhou na Casa, eles podiam atuar nos Estados, versão corroborada pelo presidente da Câmara, Marco Maia (PT-RS).
"Hoje é terminantemente proibido o trabalho de qualquer CNE fora da Câmara, mas no passado havia essa flexibilidade", disse Maia, apesar de afirmar que a Casa ainda vai analisar se Lupi deve ressarcir a Câmara.
Entretanto, normas da Casa contradizem as declarações dos petistas.
O ato número 45/1996, da Mesa Diretora da Câmara, determinava que o assessor técnico, cargo ocupado por Lupi, deveria "ser encontrado na administração ou nas lideranças" da Casa.
Na defesa de Lupi, o governo apresentou uma exceção à regra, normatizada pelo ato número 11/1995. De acordo com ela, um assessor poderia executar "serviço externo" se fosse autorizado por seus superiores. Esse decisão, no entanto, levaria à perda imediata de 50% do salário.
Questionada, a assessoria de imprensa da Câmara dos Deputados informou que, em nenhum momento, Lupi teve descontados 50% do seu salário. Ou seja, segundo a própria Casa, o pedetista não se enquadrava na exceção.
O descontrole do uso de assessores nos Estados obrigou a Câmara a explicitar a proibição em 2007.
Aliados também negaram que Lupi tenha sido funcionário-fantasma. "Fantasma é aquele que recebe sem trabalhar. Não era o caso do Lupi", afirmou Vieira da Cunha (PDT-RS).
A declaração de Vaccarezza levou deputados a pedir investigações.
O vice-líder do PMDB, Eduardo Cunha (RJ), disse que no partido não há nenhum funcionário-fantasma.
ANDRÉIA SADI, MARIA CLARA CABRAL E FERNANDO MELLO
Líder do governo argumenta que funcionários trabalham nos escritórios dos deputados nos Estados, não em Brasília
Cândido Vaccarezza deu declaração em defesa do ministro Carlos Lupi, funcionário-fantasma da Casa por seis anos
FSP - BRASÍLIA
Em uma tentativa de minimizar a crise envolvendo o ministro do Trabalho, Carlos Lupi, o líder do governo na Câmara, Cândido Vaccarezza (PT-SP), disse ontem que a maioria dos assessores de deputados "jamais" colocou os pés na Casa.
Segundo o petista, esses funcionários trabalham nos escritórios políticos nos Estados, não em Brasília.
"A maioria jamais pisou na Câmara. Porque a maioria dos funcionários dos deputados fica nos Estados", disse.
A declaração se deu em resposta à revelação da Folha de que Lupi foi funcionário-fantasma da Câmara por quase seis anos, período em que ocupou um CNE (Cargo de Natureza Especial).
Pelas regras da Casa, ocupantes desses cargos precisam estar nos gabinetes em Brasília. Vaccarezza afirmou depois que se referiu à maioria dos funcionários ligados aos deputados, não aos CNEs.
Os assessores dos gabinetes dos deputados se dividem entre Brasília e os Estados.
"Quem prova que Lupi nunca apareceu para trabalhar? Por que Lupi é fantasma? Porque existe uma campanha contra ele."
O ministro recebeu, de 2000 a 2006, o maior salário pago a um assessor técnico na liderança do PDT na Câmara, mas cumpria apenas atividades partidárias e morava no Rio de Janeiro, contrariando normas da Casa.
Sobre os CNEs, Vaccarezza afirmou que, na época em que Lupi trabalhou na Casa, eles podiam atuar nos Estados, versão corroborada pelo presidente da Câmara, Marco Maia (PT-RS).
"Hoje é terminantemente proibido o trabalho de qualquer CNE fora da Câmara, mas no passado havia essa flexibilidade", disse Maia, apesar de afirmar que a Casa ainda vai analisar se Lupi deve ressarcir a Câmara.
Entretanto, normas da Casa contradizem as declarações dos petistas.
O ato número 45/1996, da Mesa Diretora da Câmara, determinava que o assessor técnico, cargo ocupado por Lupi, deveria "ser encontrado na administração ou nas lideranças" da Casa.
Na defesa de Lupi, o governo apresentou uma exceção à regra, normatizada pelo ato número 11/1995. De acordo com ela, um assessor poderia executar "serviço externo" se fosse autorizado por seus superiores. Esse decisão, no entanto, levaria à perda imediata de 50% do salário.
Questionada, a assessoria de imprensa da Câmara dos Deputados informou que, em nenhum momento, Lupi teve descontados 50% do seu salário. Ou seja, segundo a própria Casa, o pedetista não se enquadrava na exceção.
O descontrole do uso de assessores nos Estados obrigou a Câmara a explicitar a proibição em 2007.
Aliados também negaram que Lupi tenha sido funcionário-fantasma. "Fantasma é aquele que recebe sem trabalhar. Não era o caso do Lupi", afirmou Vieira da Cunha (PDT-RS).
A declaração de Vaccarezza levou deputados a pedir investigações.
O vice-líder do PMDB, Eduardo Cunha (RJ), disse que no partido não há nenhum funcionário-fantasma.
ANDRÉIA SADI, MARIA CLARA CABRAL E FERNANDO MELLO
É DISSO QUE AS MULHERES ISLÂMICAS QUEREM ESCAPAR: UM GOVERNO DE SELVAGENS REGIDO POR LEIS DO SÉCULO VII
Afegã condenada por ter sido estuprada pede indulto a Karzai
Jovem de 21 anos reúne 5 mil assinaturas para tentar reduzir pena e deixar prisão
O Globo
RIO - Presa desde 2009, Galnuz, de apenas 21 anos, se cansou. Mais uma vítima dos abusos contra mulheres no Afeganistão, decidiu, através de uma advogada americana, pedir perdão diretamente para o presidente Hamid Karzai. Seu crime: ter sido estuprada.
Há dois anos, a jovem foi estuprada por um primo do marido e engravidou. Para a Justiça afegã, ela cometeu adultério e, por isso, foi condenada a 12 anos de prisão - a mesma pena do agressor.
Nos últimos meses, a pena de Galnuz foi reduzida para três anos. Faltaria um a ser cumprido, mas sua advogada, a americana Kimberly Motley, quer tirá-la o quanto antes da prisão, onde divide cela com a filha.
- Se o presidente decidir se mostrar clemente, algo em que acredito, estará mostrando seu apoio às mulheres afegãs - disse.
A advogada reuniu 5 mil assinaturas em uma semana para apresentar o pedido de perdão oficialmente a Karzai.
Em entrevista à rede americana CNN, o agressor negou ter estuprado Galnuz e disse que a jovem, se deixar a prisão, correrá risco de ser vítima de um assassinato de honra - cometido provavelmente por sua própria família.
Gulnaz e outras afegãs foram personagens de um documentário encomendado pela União Europeia sobre a situação das mulheres no Afeganistão. O filme acabou cancelado pelo próprio bloco europeu temendo que as presas, que aparecem com a cara descoberta, sejam alvo de represálias.
Jovem de 21 anos reúne 5 mil assinaturas para tentar reduzir pena e deixar prisão
O Globo
RIO - Presa desde 2009, Galnuz, de apenas 21 anos, se cansou. Mais uma vítima dos abusos contra mulheres no Afeganistão, decidiu, através de uma advogada americana, pedir perdão diretamente para o presidente Hamid Karzai. Seu crime: ter sido estuprada.
Há dois anos, a jovem foi estuprada por um primo do marido e engravidou. Para a Justiça afegã, ela cometeu adultério e, por isso, foi condenada a 12 anos de prisão - a mesma pena do agressor.
Nos últimos meses, a pena de Galnuz foi reduzida para três anos. Faltaria um a ser cumprido, mas sua advogada, a americana Kimberly Motley, quer tirá-la o quanto antes da prisão, onde divide cela com a filha.
- Se o presidente decidir se mostrar clemente, algo em que acredito, estará mostrando seu apoio às mulheres afegãs - disse.
A advogada reuniu 5 mil assinaturas em uma semana para apresentar o pedido de perdão oficialmente a Karzai.
Em entrevista à rede americana CNN, o agressor negou ter estuprado Galnuz e disse que a jovem, se deixar a prisão, correrá risco de ser vítima de um assassinato de honra - cometido provavelmente por sua própria família.
Gulnaz e outras afegãs foram personagens de um documentário encomendado pela União Europeia sobre a situação das mulheres no Afeganistão. O filme acabou cancelado pelo próprio bloco europeu temendo que as presas, que aparecem com a cara descoberta, sejam alvo de represálias.
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