sábado, 5 de novembro de 2011

O PT SÓ TEM UM ESPORTE: CORRUPÇÃO

Suspeita no Esporte envolve cúpula do governo do DF

Crise motivou saída de ministro e abala administração do PT na capital federal
Ex-titular da pasta e hoje governador do DF, Agnelo Queiroz tem secretário vinculado a ONG sob suspeição

FILIPE COUTINHO/RENATO MACHADO - FSP

O escândalo que derrubou o ex-ministro do Esporte Orlando Silva ( PC do B) envolve alguns dos principais assessores do governador do Distrito Federal, o petista Agnelo Queiroz.
Três de seus seus secretários apresentam ligações com entidades ou pessoas investigadas por desvio de recursos de programas da pasta.
Com a saída de Orlando do Ministério, a crise se concentra agora na capital federal.
Agnelo (2003 a 2006) e Orlando (2006 a 2011) dividiram a titularidade do Esporte nos últimos anos, dentro da cota do PC do B.
O hoje governador do DF, que depois ingressou no PT, é investigado pelo STJ (Superior Tribunal de Justiça) sob a suspeita de que em sua gestão tenha se iniciado desvio de verbas de convênios do programa Segundo Tempo, um dos principais da pasta.
Após deixar o ministério, Agnelo se elegeu governador em 2010, já no PT.
O seu atual secretário de Governo, Paulo Tadeu, é ligado à Cata-Ventos, que teve convênio de R$ 240 mil reprovado pelo próprio ministério. A entidade foi fundada pelo irmão do secretário, José Rosa Vale da Silva.
Segundo a pasta, a Cata -Ventos apresentou várias inconsistências na comprovação da aplicação dos recursos. O ministério já pediu a devolução do dinheiro.
A Folha apurou que pelo menos três pessoas que trabalhavam na organização agora têm cargos comissionados no governo, inclusive no gabinete do secretário.
Já o secretário de Saúde de Agnelo, Rafael Barbosa, deu parecer favorável a uma das ONGs do policial militar João Dias Ferreira, autor das acusações que derrubaram Orlando e que também é investigado como suposto participante do esquema.
O secretário assinou, em 2006, o despacho considerando que o primeiro convênio com o policial não deveria ser renovado por conta de irregularidades. Mesmo assim, Barbosa assinou, seis meses depois, o segundo convênio com a entidade.
Além da medida tomada pelo secretário, o governo de Agnelo apresenta outras ligações com o policial militar. O professor Ronaldo Carvalho Oliveira, vice-presidente de uma das ONGs de João Dias, ganhou um cargo comissionado na Companhia de Planejamento.
A assessoria de Agnelo afirma que Oliveira não chegou a tomar posse e que sua nomeação foi anulada. Mas não há registro da anulação no "Diário Oficial" do DF.
Já a mulher do policial, Ana Paula, usa uma picape que está no nome do subsecretário de Programas Comunitários do GDF, Cirlândio Martins do Santos. À Folha, Santos afirmou que apenas comprou o veículo para a mulher de João Dias, pois ela estava com problemas para adquiri-lo na ocasião.
Agnelo também aparece mantendo diálogos amistosos com o policial João Dias, em grampos feitos durante as investigações.
Devido às suspeitas, o DEM prometeu entrar com um pedido de impeachment contra o governador na próxima semana. Em discurso ontem, o senador Demóstenes Torres (DEM-GO) cobrou coerência do PT, que em 2009 exigiu a saída do então governador José Roberto Arruda, acusado de ser o pivô de esquema de desvio de recursos do DF.
A atual crise também arranhou a relação regional do PT com o aliado PMDB, que não foi consultado por Agnelo na decisão de trocar a cúpula da Polícia Civil.


Agnelo diz que nenhum servidor foi responsabilizado por falhas de ONG


O governador Agnelo Queiroz (PT) disse desconhecer que a ONG Cata-Ventos tenha convênio reprovado com o Ministério do Esporte.
"Temos certeza de que nenhum dos servidores nomeados para cargos em comissão no governo do Distrito Federal foi responsabilizado por falhas em prestação de contas ou execução de convênios dessa ONG", afirmou, por meio de sua assessoria.
O secretário de governo do Distrito Federal, Paulo Tadeu, disse que não pode ser responsabilizado pela ONG Cata-Ventos, fundada pelo irmão. "Sou um apoiador, mas não tenho influência e não pode haver transferência de responsabilidades", afirmou.
O atual presidente da ONG, José Ahyrton da Silva, negou irregularidades e disse que desconhece o pedido de devolução do dinheiro por parte do Ministério do Esporte. "O objeto do convênio foi cumprido corretamente."
O secretário de Saúde, Rafael Barbosa, disse que assinou um segundo convênio com a ONG do policial João Dias Ferreira por orientação da área técnica, apesar de ele ter decidido seis meses antes não renovar um primeiro convênio por irregularidades.
"Não havia nenhuma vedação legal ou parecer técnico contrário que indicasse que o ajuste com a entidade não pudesse ser celebrado."
Agnelo afirmou que o vice-presidente da ONG do policial foi nomeado para cargo comissionado por prerrogativa do presidente da Codeplan, que não está mais no cargo.

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