Fim da linha
FSP - Editorial
Novas revelações e recomendação da Comissão de Ética tornam insustentável permanência de Carlos Lupi no Ministério do Trabalho
Se reluta em demitir o ministro do Trabalho, Carlos Lupi, para não parecer "refém da mídia", como pensa parte de seus correligionários, a presidente Dilma Rousseff acaba de ganhar mais uma oportunidade para livrar-se do problemático colaborador.
Em decisão unânime e inédita, a Comissão de Ética da Presidência da República recomendou o desligamento do titular da pasta.
A comissão, cabe recordar, não tem primado pela intransigência com desvios. Em maio, por exemplo, quando vieram à tona as informações sobre o enriquecimento veloz do então ministro Antonio Palocci, o órgão julgou que nada havia a ser investigado.
Agora, porém, o colegiado viu motivo para demissão na ausência de explicações convincentes de Lupi sobre as suspeitas de irregularidade na gestão de convênios do ministério com organizações não governamentais -servidores são acusados de cobrar propina de 5% a 15% para liberar os repasses.
Em vez de prestar esclarecimentos, o ministro agarra-se ao cargo em meio a fanfarronadas, recuos e humilhações. Por farsesca que se mostre, essa estratégia tem, até aqui, prevalecido -e é o pedetista Lupi, na realidade, quem parece manter a presidente como refém.
O rol de suspeitas que pesa contra o ministro e sua pasta é extenso. Após as primeiras denúncias de irregularidades nos convênios com as ONGs, surgiram indícios de uma mal explicada relação com o dono de uma das entidades sob suspeita, beneficiária de contratos de mais de R$ 10 milhões.
Lupi disse que não conhecia o empresário, mas foi desmentido em seguida, quando surgiram fotografias mostrando os dois lado a lado. Culpou, então, sua "memória falha" por esquecer que havia até pegado carona no jatinho do tal "desconhecido".
A insistência em manter o ministro, que já era um contrassenso, tornou-se indefensável depois de a Folha ter revelado que ele foi funcionário-fantasma da Câmara dos Deputados de dezembro de 2000 a novembro de 2005. Para piorar a situação, descobre-se agora que acumulou outro cargo, por quase cinco anos, na Câmara Municipal do Rio. Segundo aliados, Lupi pelo menos comparecia ao suposto emprego carioca -mas não se sabe ao certo o que fazia.
Consta que a presidente Dilma prepara uma reforma ministerial para o início do ano, o que tornaria inconveniente uma substituição neste momento. Seria preferível que Lupi fosse afastado no bojo dessa mudança mais ampla.
Compreendem-se os cálculos da mandatária, mas a situação chegou ao limite. Melhor nomear um interino até a reforma do que preservar um ministro cuja presença se tornou insustentável.
Do Blog:
E o dinheiro que esses fdp roubaram? A punição fica só nisso, perder o cargo? Cadê o judiciário nessa zona petista que virou o país? Até no puteiro da Alzira tem leis morais mais eficientes do que em Brasília.
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