domingo, 25 de dezembro de 2011

RÚSSIA

Putin vira alvo de novo protesto em Moscou
Oposição conta 100 mil manifestantes nas ruas da capital russa contra fraude eleitoral
MARINA DARMAROS - FSP
Dezenas de milhares de russos foram às ruas da capital Moscou ontem para um protesto não apenas contra as últimas eleições parlamentares, que dizem terem sido fraudadas, mas também pelo fim da influência do premiê Vladmir Putin.
Os manifestantes gritavam frases como "Rússia sem Putin" e "novas eleições".
Os organizadores estimam entre 100 mil e 200 mil pessoas nas ruas da capital -mais do que o megaprotesto de 10 de dezembro, que reuniu 50 mil e foi tido como o maior da era Putin.
O Ministério do Interior, contudo, falou em 29 mil manifestantes no protesto.
O alto comparecimento em um dia de temperatura muito baixa, -5ºC, encorajou os organizadores da manifestação de ontem.
"Eu vejo pessoas suficientes para tomar o Kremlin e a Casa Branca [sedes do governo] agora mesmo", disse o blogueiro Alexei Navalny, um dos líderes do movimento.
"Acredito que as pessoas que se reuniram querem viver em outro país, e enquanto a Rússia estiver concentrada em Putin, os protestos continuarão", disse à Folha o enxadrista Garry Kasparov.
Mikhail Gorbachev, que comandou as reformas que culminaram na dissolução da URSS em 1991, declarou a uma rádio que Putin "deve partir agora".
Entre os manifestantes menos conhecidos, o fazendeiro Vladimir Ivanov, 70, se ocupava em entregar cópias do seu livro "Putin deve sair do poder".
PACÍFICO
Muitos dos manifestantes usavam fitas brancas, símbolo do protesto, e outros carregavam balões e bandeiras que representavam liberais, nacionalistas e os jovens.
Ao contrário dos primeiros protestos, quando houve confrontos com as forças de segurança e ao menos 300 presos, a marcha de hoje ocorreu de forma pacífica.
"O último protesto causou uma grande impressão e eu quero que outros percebam que podem defender seus direitos", disse Andrei Chernyshov, estudante de 22 anos.
Os manifestantes dizem que o Rússia Unida, que venceu as eleições parlamentares, se beneficiou de irregularidades e monitores internacionais disseram que há indícios de favorecimento.
O presidente russo, Dmitri Medvedev, prometeu esta semana reformas eleitorais, em um evidente esforço para conter os manifestantes.
Já Putin, que serviu como presidente de 2000 a 2008 e desde então ocupa o cargo de premiê, nega fraudes e parece não se abalar. Ele já formalizou sua candidatura a presidente em 2012.
"Protestamos para que 4 de março seja o renascimento de uma nova Rússia", afirma Kasparov, sobre a data da eleição presidencial.

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