Câmara arquiva processo contra Valdemar Costa Neto
Deputado foi citado em irregularidades nos Transportes e na Feira da Madrugada
Por 16 votos a 2, deputados do PR e da base aliada do governo barraram investigação por quebra de decoro
MARIA CLARA CABRAL - BRASÍLIA - FSP
A Câmara decidiu ontem que não investigará o deputado Valdemar Costa Neto (PR-SP) por quebra de decoro. O requerimento havia sido apresentado pelo PSOL e pelo PPS.
Um dos motivos para o pedido foi uma reportagem da Folha mostrando indícios de negociações de propina na Feira da Madrugada, em São Paulo. Costa Neto seria um dos beneficiados.
A decisão aconteceu menos de um mês depois de o plenário da Casa absolver Jaqueline Roriz (PMN-DF). Ela foi flagrada em vídeos recebendo dinheiro, em um esquema do Distrito Federal -que ficou conhecido como mensalão do DEM.
Na sessão do Conselho de Ética de ontem, o PR mobilizou sua tropa de choque e contou com a solidariedade de partidos da base aliada. "Nunca vi uma pirotecnia tamanha. É um denuncismo barato, sem sentido. Quero parabenizar a todos os colegas que são pelo arquivamento", disse Wlademir Costa (PMDB-PA).
O deputado Amauri Teixeira (PT-BA) também comemorou: "Não queremos jogar às feras um colega nosso". Além do relator Fernando Francischini (PSDB-PR), apenas o deputado Carlos Sampaio (PSDB-SP) votou contra Costa Neto. Ao todo, 16 parlamentares defenderam não levar adiante a investigação.
"O arquivamento inicial das representações sem o mínimo de cuidado, zelo, cautela e espírito público de transparência condenará eternamente os parlamentares e partido político citados perante a opinião pública brasileira", disse o relator.
Ao rejeitar o relatório e o pedido de investigação, o Conselho de Ética evita que o processo seja levado ao Plenário da Câmara, diferentemente do que ocorreu com Jaqueline Roriz.
Após o resultado da votação, Costa Neto foi aplaudido. Já o relator tucano entrou com uma vassoura no plenário e gerou protestos do líder do PR, Lincoln Portela (MG).
"Todas as acusações são sobre crimes que não cometi, acusações feitas sem que houvesse indícios, evidências ou provas dos supostos ilícitos", disse Costa Neto.
TRANSPORTES
A representação contra o deputado citava ainda sua suposta participação em reuniões no Ministério dos Transportes, em que se discutiam contratos com empresários.
E mencionava um vídeo no qual Costa Neto negociava a liberação de recursos da pasta para que o deputado Davi Alves Júnior (MA) ingressasse no PR.
Ontem, Costa Neto alegou que a representação traz atos de mandatos anteriores. Essa não foi a primeira vez que o deputado, réu no processo do mensalão, teve seu mandato ameaçado. Em 2005, ele renunciou antes da abertura do processo de cassação na Câmara.
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