Grupo de Haddad ameaça aliados de Marta no PT com corte de verba
Petistas ligados a Lula elevam pressão para forçar senadora a desistir e evitar prévias em SP
Ministro, que receberá a adesão de mais três vereadores, diz não ter autorizado retaliação por apoio à adversária
BERNARDO MELLO FRANCO - SÃO PAULO
FSP
Aliados do ministro Fernando Haddad (Educação) aumentaram a pressão para tentar atrair petistas ligados à senadora Marta Suplicy na disputa interna que definirá o candidato do PT à Prefeitura de São Paulo em 2012.
Integrantes do grupo dele usam os nomes do ex-presidente Lula e da presidente Dilma Rousseff e dizem que os colegas que permanecerem fiéis à ex-prefeita podem ser retaliados com perda de espaço no governo e até de verba para futuras campanhas.
O objetivo é agravar o isolamento de Marta no partido e forçá-la a abrir mão da candidatura, o que evitaria a realização de prévias na sigla.
Haddad disse que não tomou conhecimento da prática e não autorizou nem apoia qualquer ameaça a rivais. A Folha apurou que, em conversas de bastidor, articuladores dele têm dito que a fidelidade a Marta será vista como uma insubordinação ao ex-presidente, que faz campanha aberta para lançá-lo.
A pressão combina dois argumentos: 1) Lula pode exercer poder de veto com doadores em futuras campanhas; 2) Quem permanecer ao lado da senadora também enfrentaria dificuldades nas relações com o Planalto -uma referência indireta à distribuição de cargos e verbas federais.
Um dos principais articuladores de Haddad repetiu esses dois pontos à reportagem "No PT, não existe vitória se Lula for derrotado", disse.
O discurso será levado ao deputado Jilmar Tatto, visto como terceira força na disputa pela chapa petista. Se as prévias ocorrerem, o grupo de Haddad quer evitar que ele dê apoio a Marta num eventual segundo turno.
Aliados da senadora dizem que ela não pretende retirar sua pré-candidatura e evitam comentar as pressões. "Não acredito na existência dessas ameaças", disse o deputado José Mentor.
Informado sobre o teor da reportagem, Haddad afirmou: "Alguém pode ter se excedido, mais isso não é política da minha pré-candidatura. Desconheço qualquer ação neste sentido e, se soubesse, reprovaria."
NOVOS APOIOS
Nesta sexta-feira, o ministro deve promover ato para receber apoio de petistas da ala Novo Rumo, que controla 32% do diretório municipal do partido e ocupou postos-chave na gestão de Marta na prefeitura (2001-2004).
São esperados os vereadores Ítalo Cardoso, que coordenou a campanha dela em 2004, e José Américo, seu ex-secretário de Comunicação. A lista ainda inclui a vereadora Juliana Cardoso e os deputados estaduais Adriano Diogo e Isac Reis.
Haddad também quer exibir o apoio de sindicalistas ligados ao líder do governo na Câmara, Cândido Vaccarezza, que chefia a tropa de Marta.
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