Sob suspeita, Assembleia faz sessão secreta sobre venda de emendas
SILVIO NAVARRO - FSP
Em decisão tomada a portas fechadas, o Conselho de Ética da Assembleia Legislativa de São Paulo aprovou ontem um convite, sem presença obrigatória, para que o deputado Roque Barbiere (PTB) justifique as afirmações de que há um esquema de venda de emendas na Casa.
O depoimento de Barbiere não só tem caráter opcional como poderá ser feito por escrito na próxima semana.
A manobra, capitaneada pelo presidente estadual do PTB, deputado Campos Machado, foi interpretada nos bastidores como uma operação para abafar o caso.
Foi ele o autor de um requerimento, chancelado pela base governista, para que a sessão fosse secreta.
Segundo ele, a justificativa para fechar as portas seria evitar que deputados da oposição fizessem "jogo para a imprensa e para a torcida".
Em seguida, durante bate-boca com Carlos Gianazzi (PSOL), disparou: "Não tem essa questão de democracia. Isso é demagogia".
O presidente do conselho, Hélio Nishimoto (PSDB), minimizou a presença de Barbiere. "Se vai ser de forma pessoal ou escrita, para nós não é o mais importante."
Formado por nove integrantes, o conselho da Assembleia tem 30 dias, prorrogáveis por mais 30, para apresentar um parecer sobre as afirmações de Barbiere.
Ele afirmou que "25% a 30%" dos 94 deputados estaduais enriqueceram negociando suas emendas ao Orçamento com empreiteiros.
BRUNO COVAS
A base governista também aproveitou a manobra para evitar que fosse votado requerimento da bancada do PT para convocar o secretário estadual de Meio Ambiente, deputado licenciado Bruno Covas (PSDB).
Pré-candidato à Prefeitura de São Paulo no ano que vem, Covas disse ao ªEstado de S.Pauloº ter recebido oferta de propina de um prefeito após aprovação de uma emenda de R$ 50 mil.
O PSDB conseguiu que Covas fale sobre o tema na próxima terça-feira à Comissão de Meio Ambiente da Casa, e não ao Conselho de Ética.
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