sexta-feira, 25 de novembro de 2011

OS PILANTRAS QUEREM CENSURAR A MÍDIA PARA PROTEGÊ-LA

Rui Falcão usa eufemismos: 'Temos que proteger a imprensa'


Presidente do PT nega intenção de controlar os meios de comunicação, mas alega que sem regulamentação a imprensa fica exposta à 'lei da selva' no mercado

Carolina Freitas - VEJA
O presidente nacional do PT, deputado estadual Rui Falcão, fingiu fazer um mea-culpa pelas declarações de companheiros de partido que voltaram à carga contra a imprensa em um seminário do partido para discutir um marco regulatório para as comunicações, nesta sexta-feira, em São Paulo. “Assim como a imprensa critica e é direito dela, ela também pode ser objeto de crítica”, disse Rui Falcão. E seguiu representando o papel de bom moço, que evitava atacar os meios de comunicação: “Nosso papel não é ficar julgando a imprensa”.
Questionado se o PT desistiu de controlar a imprensa por meio de uma tal “sociedade civil”, Falcão reagiu: “Não queremos controlar ninguém. Queremos mais participação, para que a população também possa produzir essa informação. Não há uma palavra em nossas resoluções que aponte na direção do controle.” Em um caderno distribuído aos participantes do evento, não constam mecanismos de controle, mas há referência vaga à participação social na elaboração de políticas de comunicação.
O documento defende ainda o fortalecimento da cultura brasileira e da indústria nacional criativa. E aí Falcão mostrou seu objetivo: suavizar o termo "controle", substituindo-o por "proteção". “Onde não existe regulação, quem domina é o mercado; e o mercado é a lei da selva”, disse Falcão. “Temos que proteger a imprensa nacional.”
Radicais - O falso comedimento de Rui Falcão não engana nem os próprios companheiros petistas, que escacaram o tom de revanche contra a imprensa nas discussões do seminário. A começar pela fala em uma entrevista antes do encontro de um convidado de honra, o deputado cassado por corrupção José Dirceu. Ele lamentou não haver jornais pró-governo e pró-PT no Brasil.
No auditório ocupado por pouco mais de cem pessoas – a maioria delas dispersa em conversas paralelas e risos abafados –, choveram teorias conspiratórias. O professor aposentado da Universidade de Brasília (UnB) Venício Lima vociferou contra a “grande mídia”. “A questão central é o poder. A liberdade de expressão tem sido confundida com a liberdade da grande mídia”, disse.
A secretária nacional de Comunicação da Central Única dos Trabalhadores (CUT), Rosane Bertotti, completou a tese. “A mídia é contra a liberdade de expressão. Quando eles não mostram a realidade do Norte, eles cerceiam a liberdade de expressão do Norte.”
À tarde, o ex-ministro das Comunicações Franklin Martins fará uma palestra sobre o marco regulatório. Ele é autor de um anteprojeto, formulado durante o governo de Luiz Inácio Lula da Silva, para regulamentar as comunicações.

Nenhum comentário: