domingo, 11 de dezembro de 2011

CASA DE TOLERÂNCIA ALESP.

Até vereador tem cargo na Assembleia de SP
Lista de servidores publicada após 11 anos de disputa judicial revela casos de nepotismo e favorecimento de aliados
Eleito em 2008 pelo município de Tietê, Manoel David Korn diz que sua profissão é assistente parlamentar
PAULO GAMA/DANIELA LIMA - FSP
Deputados estaduais de São Paulo empregam na Assembleia Legislativa parentes, aliados e até vereador, revela lista de funcionários publicada ontem no "Diário Oficial" do Estado.
A Casa travou uma batalha judicial por 11 anos para evitar a divulgação dos dados e a lista só foi publicada após ordem do STF (Supremo Tribunal Federal), em maio.
Manoel David Korn é vereador pelo PSD no município de Tietê (156 km de São Paulo), mas acumula ilegalmente cargo de assessor da deputada Rita Passos, sua companheira de partido. "Não sou o único, tem vários nessa situação", disse Korn à Folha.
"Tem vereador leiteiro, vereador vidraceiro, vereador delegado de polícia. O meu trabalho é ser assistente da deputada", completou.
Korn diz que é coordenador regional da deputada Rita Passos na região de Tietê e que vai à Assembleia uma vez por semana: "Fico atendendo vereadores e prefeitos da região para a deputada".
O vereador contou que recebe dois salários: R$ 1.500 da Câmara de Tietê e R$ 3.000 da Assembleia Legislativa. Segundo especialistas ouvidos pela reportagem, o acúmulo de vencimentos pode configurar improbidade administrativa.
EM FAMÍLIA
Já o deputado Vitor Sapienza (PPS) empregou por oito anos a mulher de seu cunhado, Marilucia Pardini Olbrich. Ela chegou à Assembleia em 1995 e trabalhou diretamente com Sapienza até 2003. No ano seguinte, foi para a liderança do PPS e depois voltou ao gabinete de Sapienza. Atualmente está na segunda vice-presidência.
"Ela trabalha comigo desde 1983. Não podia demitir só porque gostou do meu cunhado. É castigar duas vezes", disse Sapienza, aos risos.
Súmula do STF que proibiu o nepotismo veda a nomeação em cargo comissionado de parentes até o terceiro grau, caso de Marilucia.
Em 2007, a Folha mostrou que Sapienza empregou o filho e a cunhada. Ambos não estão na lista de ontem.
Entre os servidores também estão parentes de aliados dos deputados. José Fernando Tavares Papa, irmão do prefeito de Santos, João Paulo Papa, foi levado para a Assembleia pelo deputado Paulo Alexandre Barbosa (PSDB), que se licenciou para assumir a Secretaria de Desenvolvimento do governador Geraldo Alckmin.
Alexandre disputará a Prefeitura de Santos no ano que vem, com o apoio de Papa.

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