Sem saída, bancos dizem aceitar calote dos gregos
Eles concordam em perdoar parte da dívida; alternativa era perder 100%
Troca por novos papéis, com valor menor e prazo maior, começa no dia 12; vencimento de parcela grega será no dia 20
RODRIGO RUSSO - FSP
A Grécia deve concluir com sucesso hoje, no último dia para adesão, o acordo com os credores da sua dívida.
Com isso, aumentam as chances de enfim receber da "troica" (Banco Central Europeu, Comissão Europeia e Fundo Monetário Internacional) o novo empréstimo aprovado, no valor de € 130 bilhões, e de evitar um calote.
Ontem, o Instituto Internacional de Finanças, que negociou o acordo pelos credores, anunciou que 30 bancos e seguradoras aceitaram voluntariamente perdas nos títulos que detêm em troca de novos papéis, com valor menor e prazo maior.
Entre essas instituições, que no total detêm € 81 bilhões, estão os bancos BNP Paribas, Commerzbank, Deutsche Bank e HSBC e as seguradoras Allianz e Assicurazioni Generali.
Os seis maiores bancos da Grécia e a maior parte de seus fundos de pensão também já declararam adesão ao plano. Segundo cálculos da agência Bloomberg, até agora, o país conseguiu garantir a reestruturação de 58% do total da dívida na mão de credores.
O anúncio da adesão foi precedido, nesta semana, por pressão do governo, que ameaçou não pagar os títulos de credores que não participarem da operação.
A oferta de acordo prevê o acionamento das "cláusulas de ação coletiva", mecanismo pelo qual investidores que se recusarem a aceitar voluntariamente as perdas são obrigados a fazê-lo, desde que haja o apoio de um determinado número de credores.
O governo da Grécia espera contar com um nível mínimo de 75% de adesão, mas sua meta é ter mais de 90% de aceitação ao plano.
Pelas regras do acordo, os credores devem aceitar uma perda de 53,5% (cerca de € 107 bilhões) no valor nominal dos títulos que detêm. A troca dos títulos antigos pelos novos começa na próxima segunda-feira, dia 12.
No dia 20, há o vencimento de uma parte da dívida grega, no valor de € 14,5 bilhões. Com o acordo bem-sucedido e a liberação do empréstimo pela "troica", evita-se o calote, ao menos no curto prazo.
O objetivo do acordo com os credores privados é auxiliar a reduzir a dívida da Grécia, hoje equivalente a 160% de seu PIB (Produto Interno Bruto), para 120,5% em 2020.
Com a notícia, as principais Bolsas se recuperaram ontem do pior dia do ano, na terça-feira, e fecharam em ligeira alta. Em Londres, o índice FTSE 100 subiu 0,44%; em Paris, o CAC 40 teve aumento de 0,89%; em Frankfurt, o DAX ganhou 0,57%.
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