quinta-feira, 29 de março de 2012

O descenso da Nova República
Nivaldo Cordeiro - MSM
É preciso responsabilizar os reais autores pela oclocracia instalada. A imprensa, infiltrada de agentes gramscianos, a classe letrada como um todo, o acovardamento das lideranças empresariais, e os partidos políticos, todos eles socialistas em diferentes graus.
O artigo de Marco Antônio Villa publicado hoje na Folha de São Paulo (“O assunto é democracia brasileira”) está muito bom, por recordar os fatos políticos da nossa história recente, embora eu tenha severas objeções a alguns pontos de vista nele contido. O prólogo do artigo não poderia ser mais sombrio: “Fracassamos. Há despolitização, corrupção nos três Poderes e oligarcas como Sarney. A Nova República fez aniversário, ninguém lembrou. Havia motivo?”
Recordemos que a chamada Nova República levou ao poder “tudo isso que está aí”, Fernando Henrique Cardoso, Lula e tutti quanti. Ela representou um mergulho em uma forma degenerada de democracia, movida a ódios e a maus instintos, com propósitos nitidamente revolucionários. Estamos vendo que décadas depois ainda temos comissões da verdade sendo formadas para a vingança dos vencidos pelas armas. Vemos também que os tentáculos externos dos guerrilheiros na OEA fazem reboliço com fatos antigos, como foi noticiado hoje o caso do Herzog, como se esses colegiados tivessem jurisdição sobre o Brasil.
Mas tem coisas piores, quando comparamos a Nova República com o regime militar. A corrupção é fato maiúsculo hoje em dia, que degenerou em todos os órgãos públicos. A propina sofreu franco processo de metástase e se “democratizou”. Qualquer barnabé agora se sente à vontade para achacar o distinto público. Desafio aqui quem possa proclamar que não pagou algum tipo de propina, que não paga. E não venham me falar de corruptores, porque não é o caso. É puro e simples achaque o que acontece e quem se recusa a pagar simplesmente tem a sua vida prática prejudicada.
No regime militar havia um elemento aristocrático, típico da hierarquia castrense, que dava à autoridade pública um senso de honra, que foi perdido. Um ministro daqueles tempos jamais diria que “fomos além do limite da irresponsabilidade”. Havia pudor e senso se dever.
Marco Antonio Villa pecou por malhar os oligarcas como Sarney, como se estes fossem os responsáveis maiores pela oclocracia instalada. É claro que eles também são responsáveis, na medida em que se tornaram sócios minoritários dos novos governantes e não serviram de anteparo em defesa da Nação. Mas é preciso dizer que os responsáveis maiores foram os agentes gramscianos, como Fernando Henrique Cardoso, que laboraram noite e dia para elevar a tributação e o arbítrio do Estado sobre a vida privada dos cidadãos. E para puxar para si o monopólio do poder de Estado.
Em defesa dos oligarcas é bom que se diga que são a única força que tem segurado o assalto final dos revolucionários ao poder total. Lembremos que foram eles que derrotaram a CPMF e impediram o terceiro mandato de Lula, que seria o ensaio no rumo do totalitarismo. Basta ver o que tem havido no Senado Federal: nas coisas capitais o PT ter perdido todas, fato que tem levado aquele partido a cogitar até na descuntinuidade do Senado.
É preciso responsabilizar os reais autores pela oclocracia instalada. A imprensa, infiltrada de agentes gramscianos, a classe letrada como um todo, especialmente as que compõem as universidades, e o acovardamento das lideranças empresariais, que mais e mais se tornaram clientes do poder de Estado. E os partidos políticos, todos eles socialistas em diferentes graus. Só por um milagre o totalitarismo aberto não tomou conta do país. E também é preciso responsabilizar as novas gerações de comandantes militares, que fecharam os olhos às malfeitorias dos novos governantes. Omitiram-se.
O articulista esqueceu-se de ver que a grande tragédia do Brasil foi a vitória esmagadora da revolução gramsciana, que destruiu todas as forças da direita. A oligarquia que persistiu faz “oposição de resultados”, sempre na defensiva e sem respaldo na opinião pública qualificada. Reconstruir uma verdadeira força de oposição, fundada nas universidades e nas Igrejas, com presença marcante nos órgãos de imprensa, é o passo a ser feito imediatamente, sob pena de não haver mais tempo para resistir ao totalitarismo da democracia degenerada.
Marco Antonio Villa tem o mérito grande de levantar a questão e não deixar que o silêncio imperasse nessa ação insidiosa da forças deletérias. Infelizmente, sua crítica está incompleta, por não responsabilizar os autores da degeneração moral de política do Brasil.

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