Vai que depois eu vou
Eliane Cantanhêde - FSP
BRASÍLIA - Enquanto Dilma enfrenta as feras aliadas, aumenta a perplexidade diante de Lula, que estimula o confronto da pupila e sucessora com o Congresso.
Ao novo líder do governo no Senado, Eduardo Braga (PMDB), Lula teria dito que "a luta é boa" e que é chegado o momento de "novos métodos e práticas políticas".
Soou assim: vai firme, Dilma! Faça, no seu segundo ano de mandato, o que eu não tive coragem nem tentei fazer em oito anos!
Lula tinha biografia, esperteza política e alta popularidade, mas não arriscou um tico de energia para melhorar os métodos, as práticas e os líderes do Congresso.
Refestelou-se confortavelmente na companhia de Romero Jucá, de Renan Calheiros e de José Sarney -seu último ato de governo foi convidar Sarney para o voo de volta para São Paulo. Pois é essa a turma que Dilma tenta agora enfrentar ao nomear Eduardo Braga como seu líder.
Lula também absolveu Fernando Collor para a história, depois de o PT ter sido decisivo para trucidá-lo, defendeu governador que usou dinheiro público para levar até a sogra no Carnaval a Paris, disse que gravações não são prova de nada, reduziu o "mensalão" a caixa dois de campanha e foi quase paternal ao criticar os "aloprados" que carregavam uma mala de dinheiro para pagar dossiês contra adversários.
Além disso, não concluiu a escolha dos caças da Aeronáutica, não iniciou a Comissão da Verdade, adiou a decisão do caso Battisti para as últimas horas de seu governo, promoveu uma gastança na reta final do seu mandato para eleger a sucessora. Deixou, assim, várias bombas para explodir no colo de Dilma.
Com esse "vai firme!", Lula estimula Dilma a ser valente, confrontar o Congresso e mergulhar no escuro -risco que ele, espertamente, se recusou a correr. Se der certo, parte da vitória será dele. Se der errado, ela que se vire. Assim é fácil.
Nenhum comentário:
Postar um comentário