Quem divide a Igreja
Gabriel Viviani - MSM
O site do Instituto Humanitas Unisinos tem apoiado abertamente a desobediência dos diretores da Pontifícia Universidade Católica do Peru (PUCP) que, chamados a adequar o currículo universitário ao texto da Constituição Apostólica ex corde ecclesiae, querem conservar sua “independência”. Conhecida por defender o progressismo católico e a esquerda radical, a PUCP contou, durante anos, com a presença de Gustavo Gutiérrez Merino, tido como o precursor da Teologia da Libertação.
Ora, se a Pontifícia Universidade Católica do Peru está longe de ser obediente às diretrizes do catolicismo, a Unisinos e todas as outras universidades católicas no Brasil encontram-se nesta mesma situação.
Recentemente, o Instituto Humanitas Unisinos publicou, no site, uma entrevista com Telia Negrão, coordenadora da ONG Coletivo Feminino Plural. O conteúdo é, como se deve supor, a repetição dos mesmos clichês esquerdistas a respeito do aborto como “direito” fundamental da mulher e do cristianismo como opressor do universo feminino.
Segundo Telia Negrão, sendo um problema de saúde pública, o aborto precisa ser legalizado no Brasil, vetando-se, antecipadamente, qualquer argumentação contrária à proposta:
"O aborto inseguro, por exemplo, é um problema de saúde pública, não tem que discutir, tem que acabar com o aborto inseguro, assegurando o acesso à educação sexual, planejamento produtivo, anticoncepção de emergência, informação, acesso ao misoprostol e ao aborto seguro."
Neste ponto, o Instituto Humanitas Unisinos dá abrigo, em seu site, não somente à defesa do infanticídio, como também promove a secularização dos debates, ou seja, a censura prévia de qualquer posicionamento religioso. De fato, Telia Negrão diz ainda que pretende "desmascarar a falsa moral dos argumentos trazidos pelas religiões."
Poder-se-ia supor, talvez, que o posicionamento da coordenadora da ONG Coletivo Feminino Plural não representa o mesmo posicionamento da Unisinos. Não obstante, seguindo o discurso ideológico da Teologia da Libertação, a universidade e seu instituto, fundados por sacerdotes jesuítas, repetidas vezes já admitiram seu apoio às causas da esquerda, como o feminismo radical, o abortismo e aquilo que os teólogos da libertação chamam identidade de gênero (gayzismo).
Questiono: alinhar-se com a agenda do movimento revolucionário é obedecer à Constituição Apostólica ex corde ecclesiae?
Longe de serem centros de formação católica, tanto a Unisinos quanto a PUCP – ou seus similares brasileiros – são, na realidade, núcleos estratégicos do movimento revolucionário. Sequer poderiam ser denominadas católicas, já que desobedecem confessadamente a doutrina da Igreja, enquanto, em contrapartida, promovem as diretrizes dos partidos socialistas. Se a Igreja diz não ao aborto e também ao casamento gay, a Unisinos clama: Morte aos fetos e viva todas as políticas de gênero!
Cumpre-se, portanto, o objetivo da Teologia da Libertação: ser um contraponto ao que vem de Roma, divindindo a Igreja, e lançando-a, como consequência, no estado de confusão e paralisia. Os comunistas infiltrados são, de fato, os verdadeiros promotores da discórdia. São lobos em pele de cordeiro. São mentirosos desde o princípio.
Curiosamente, nestes últimos dias, o padre Paulo Ricardo, sem dúvida o principal representante do clero católico a dedicar-se com seriedade à defesa da ortodoxia, foi acusado, de modo covarde, de desobedecer ao Magistério. Tal acusação, é claro, não pode ter qualquer fundamento, pois ao contrário dos perniciosos militantes travestidos de sacerdotes (se é que usam batina), o padre Paulo Ricardo defende a vida, defende a fé, defende a Igreja.
Se a Igreja Católica contasse com mais homens como o padre Paulo Ricardo, aqui no Brasil, o catolicismo seria forte e resistente, ao invés de estar em frangalhos.
Gabriel Viviani é escritor e reside em São Paulo.
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