Dia de cão
Eliane Cantanhêde - FSP
BRASÍLIA - O mundo está caindo na cabeça de Dilma, que tenta inaugurar "novos métodos e práticas políticas", como teria dito Lula ao novo líder do governo no Senado, Eduardo Braga (PMDB), sem dimensionar bem a capacidade de retaliação da base aliada balofa montada por Lula -e sem plano B. Ela acelerou e bateu de frente com a realidade.
Ontem ficou claro que há, sim, uma crise. A Lei da Copa não pôde ser votada, o Código Florestal não tem nem prazo, o governo não consegue emplacar um nome para a ANTT, origem de tudo. E foram feitos três convites/convocações delicadas.
O presidente da Comissão de Ética Pública, Sepúlveda Pertence, foi chamado para falar sobre o ministro Fernando Pimentel (Desenvolvimento), que tem histórias mal contadas e é um dos maiores amigos de Dilma no governo. E a área econômica poderá ficar na berlinda, com Mantega (Fazenda) exposto a perguntas constrangedoras sobre PanAmericano, Casa da Moeda e "pibinho" de 2,7% em 2011, e Miriam Belchior (Planejamento) se enrolando para explicar falhas do PAC.
Dilma finge que não é com ela, acha que a crise é só espuma e que tudo se resolve com uma tacada de marketing -ou "uma agenda positiva". Hoje, ela reúne 27 empresários e banqueiros pesos-pesados, como se nada estivesse acontecendo.
Pode ter surpresas: assim como o Congresso condena a falta de coordenação política e de diálogo, o PIB vai reclamar da falta de interlocução, do excesso de tributos e da precariedade da infraestrutura.
Os senadores Jarbas Vasconcelos (PMDB dissidente) e Aécio Neves (PSDB) comentavam que a troca do líder Romero Jucá por Eduardo Braga foi um enorme ganho para o governo e para o Congresso, mas a desarticulação é tanta e o Planalto está tão fora do ar que as mudanças "não têm chance de dar certo". Ah! Eles são de oposição? Pois você nem imagina o que falam os governistas...
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