terça-feira, 24 de abril de 2012

ALÉM DE ANÊMICA, A INDÚSTRIA NACIONAL PADECE DE MIASTENIA

Cabe à indústria responder aos incentivos do governo
O Estado de S.Paulo
Os exportadores foram beneficiados, nas últimas semanas, por uma série de fatores que deveriam elevar as vendas ao exterior. O fato negativo é a ausência de mercados, por causa da crise na Europa e da lenta recuperação da economia norte-americana.
As medidas adotadas para permitir à indústria aumentar sua agressividade não são desprezíveis: redução de impostos; alívio dos gastos vinculados a leis trabalhistas; revitalização dos financiamentos à exportação; eliminação da "guerra" dos portos; redução das taxas de juros e ampliação do volume do crédito; e intervenção bem-sucedida do Banco Central no mercado cambial, permitindo desvalorizar o real ante o dólar, que atingiu ontem R$ 1,90, valor acima da taxa de janeiro de 2008 (R$ 1,77). Além disso, a indústria se aproveita nas últimas semanas de uma redução do preço das commodities.
Todos esses fatores reunidos deveriam permitir à indústria brasileira aumentar sua competitividade inclusive diante de produtos provenientes da China, onde os salários foram aumentados, e que são onerados pelo custo do transporte. No entanto, os exportadores de produtos manufaturados consideram que esses estímulos não são suficientes.
É verdade que a maior queixa diz respeito às flutuações da taxa cambial, que não estaria dando segurança no que se refere ao retorno das vendas ao exterior. Porém o governo também tomou medidas para que os exportadores recorram a operações financeiras que permitem hedging sem pagar o Imposto sobre Operações Financeiras (IOF).
Raras empresas reconhecem que voltaram a ter competitividade e, mais, também recuperaram sua margem de lucros. A resistência em reconhecer isso se pode atribuir ao fato de que muitas empresas se acostumaram a importar componentes que antes produziam aqui, chegando a fechar algumas linhas de produção. Caberia ao governo analisar caso por caso esses fechamentos de linhas e verificar se não seria possível recuperá-las reunindo diversos consumidores e melhorando o conteúdo tecnológico desses componentes.
Sem dúvida, a falta de competitividade tem relação estreita com a falta de inovação: o Brasil deve liberar-se da ideia de que cabe a outros países realizar pesquisas para produzir bens de alta tecnologia. Para isso, é preciso que se desenvolva uma íntima cooperação entre universidades e empresas. Finalmente, cabe ao governo trabalhar para que o Brasil possa ter acordos com mercados suficientemente importantes para a aquisição dos nossos produtos.

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