quinta-feira, 26 de abril de 2012

BRASIL X ARGENTINA

Petrobras vê choque 'caliente' com Argentina
Presidente Graça Foster diz que empresa buscará seus direitos; estatal teve concessão cancelada em província
Na Câmara, ela descartou mais investimentos no país vizinho; senadores argentinos votam a expropriação da YPF
SOFIA FERNANDES/VALDO CRUZ - FSP
A presidente da Petrobras, Graça Foster, fez ontem uma defesa dos direitos da estatal brasileira na Argentina e diz que será "caliente" (quente, em espanhol) o embate caso o país vizinho desrespeite os contratos com o Brasil.
"Será bastante 'caliente', bastante aquecida a discussão com a Argentina em relação àquilo que nós entendemos que não devemos perder, porque cumprimos o conteúdo exploratório, o programa exploratório exigido", disse.
Durante uma audiência pública na Câmara, Foster defendeu o Brasil como um bom destino de investimentos e soltou uma indireta em relação ao país vizinho: "É seguro investir em energia elétrica, é seguro investir em petróleo no Brasil. Não rasgaremos contratos, como acontece em outros países."
Em abril, a província de Neuquén, no sul da Argentina, cancelou a concessão de um poço da Petrobras.
Ontem, a presidente Cristina Kirchner disse que seu governo "se comporta melhor" com "empresas que se comportam bem".
O ministro do Planejamento argentino, Julio De Vido, esteve na semana passada em Brasília e assegurou ao governo que as negociações com as autoridades de Neuquén estavam "avançadas".
Na Argentina, as províncias têm autonomia sobre as decisões referentes a suas reservas minerais. Segundo De Vido, Cristina trabalha para reverter o cancelamento da concessão, mas sem prazos.
De Vido esteve no Brasil, sobretudo, para pedir investimentos da Petrobras no país uma semana após a Argentina expropriar ações da espanhola Repsol na petroleira YPF. Ontem, o Senado argentino deveria aprovar a medida.
Na ocasião, o ministro Edison Lobão (Minas e Energia) afirmou que o país é um lugar de investimento seguro, e que a intenção do Brasil era "investir o máximo na Argentina, seja porque é um bom negócio para a Petrobras, seja porque é do interesse argentino".
Mas Foster disse que não há planos para ampliar investimentos do lado de lá da fronteira. "Não há indícios hoje de que vamos aumentar investimentos além do previsto há um ano, quando aprovamos o plano de negócios 2011-2015."
De acordo com o Ministério de Minas e Energia, a Petrobras investe US$ 500 milhões/ano na Argentina e tem participação de cerca de 8% do mercado de exploração, processamento de petróleo e distribuição de combustível. O governo argentino propôs elevar a 15% a participação.
Segundo apurou a Folha, o governo decidiu, depois de avaliar as possibilidades de aumentar os investimentos na Argentina, não fazer nenhuma alteração no plano de negócios da empresa deste ano. Vai manter os investimentos previstos no país vizinho, sem modificações.
O governo transferiu para 2013 um possível aumento nos investimentos na Argentina. O motivo é priorizar investimentos no pré-sal.
Politicamente, o argumento é que, com isso, o Brasil ganha tempo para analisar o desenrolar da situação envolvendo Argentina e Espanha.

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