Ataque aéreo fracassado foi planejado para arruinar economia americana, diz aspirante a homem do sapato-bomba
Mosi Secret - NYT
Saajid Badat, aspirante a homem do sapato-bomba, depõe em julgamento de terrorismo
Ele deveria ser outro homem do sapato-bomba. Saajid Badat disse que o próprio Osama Bin Laden o enviou para embarcar em um avião com uma bomba costurada em seu sapato, que ele detonaria em pleno ar como parte de um ataque coreografado, que arruinaria a economia americana.
Mas diferente de Richard C. Reid, um membro da Al Qaeda cuja tentativa fracassada em 2001 de detonar explosivos em seus sapatos, em um voo de Paris para Miami, mudou a segurança nos aeroportos, Badat não deu continuidade ao ataque.
Na última segunda-feira (23), mais de 10 anos após ele ter desistido, escondendo o equipamento sob sua cama no Reino Unido, Badat depôs por vídeo seu papel na conspiração do sapato-bomba no Tribunal Distrital Federal no Brooklyn, no julgamento por terrorismo de Adis Medunjanin, um nova-iorquino que é acusado de se unir aos colegas de colégio em uma trama separada para explodir o metrô de Nova York.
Outro terrorista assumido, Bryant Neal Vinas, um homem de Long Island que lutou ao lado da Al Qaeda contra as tropas americanas no Afeganistão, também apareceu no tribunal como uma testemunha do governo. Ele se declarou culpado e está aguardando sua sentença.
O testemunho dos dois homens representou um breve desvio dos fatos da trama de atentado a bomba contra o metrô, que as autoridades federais chamaram de uma das ameaças mais perigosas aos Estados Unidos desde os ataques de 11 de Setembro.
Em vez disso, Badat e Vinas foram chamados para corroborar os fatos sobre o treinamento nos campos da Al Qaeda no Afeganistão e Paquistão.
Medunjanin é acusado de viajar para um desses campos em 2008, juntamente com Zarein Ahmedzay e Najibullah Zazi, que testemunharam na semana passada que eles três aprenderam como fazer bombas e receberam ordens dos líderes da Al Qaeda, que pediram para que retornassem aos Estados Unidos para realizar um ataque terrorista. Ahmedzay e Zazi se declararam culpados.
O depoimento de Badat, que já passou mais de uma década na prisão após se declarar culpado de acusações de terrorismo no Reino Unido, apareceu em um vídeo feito lá. Badat disse que viajou ao Afeganistão em 1999 e entrou em contato com muitos membros da Al Qaeda, que Ahmedzay e Zazi lembraram de ter conhecido no Paquistão nove anos depois.
Entre aqueles que ele encontrou estava Bin Laden. "Estávamos apenas nós dois em uma sala, e ele me explicou sua justificativa para a missão", disse Badat, do sapato-bomba. "Ele disse que a economia americana é como uma corrente. Se você partir um elo da corrente, toda a economia cai", testemunhou Badat. "Essa operação arruinará o setor de aviação e, por sua vez, toda economia ruirá."
Badat disse que Khalid Shaikh Mohammed, o idealizador dos ataques de 11 de Setembro, desejou pessoalmente boa sorte a Reid e Badat na missão deles. Diferente de Reid, Badat nunca embarcou em um voo. Ele depôs que ficou com medo e preocupado que sua família seria envolvida em uma investigação.
Ele contatou seus superiores da Al Qaeda sobre sua decisão, mas não informou as autoridades, dizendo que permanecia comprometido com a "ideologia jihadista". Ele soube posteriormente pelo noticiário que Reid foi impedido por outros passageiros do voo enquanto tentava acender o pavio em seu sapato.
Badat foi preso em novembro de 2003. Ele recebeu inicialmente uma sentença de 13 anos, mas ela foi reduzida para 11 anos quando ele concordou em testemunhar contra outros membros da Al Qaeda.
Ele disse que agora acredita que a liderança do grupo manipulava as pessoas que iam aos campos de treinamento.
Apesar de Badat ter concluído sua pena de prisão no Reino Unido, ainda há acusações de terrorismo pendentes contra ele nos Estados Unidos, o motivo para ter se recusado a ir para o país para testemunhar em pessoa. Reid está cumprindo pena de prisão perpétua.
Tradutor: George El Khouri Andolfato
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