quinta-feira, 26 de abril de 2012

PERONISTAS MILONGUEIROS EM AÇÃO

Senado argentino aprova expropriação da YPF
Semana que vem será a vez dos deputados, que deverão transformar o projeto kirchnerista em lei, também com uma folgada maioria dos votos
Janaína Figueiredo - O Globo
BUENOS AIRES — O Senado argentino aprovou na noite desta quarta-feira o projeto de lei que prevê a expropriação de 51% da Repsol-YPF, iniciativa anunciada semana passada pela presidente Cristina Kirchner. Como era esperado, o resultado da votação representou uma importante vitória para a Casa Rosada: 63 votos a favor, três contra e quatro abstenções. Semana que vem será a vez dos deputados que deverão transformar o projeto kirchnerista em lei, também com uma folgada maioria de kirchneristas e aliados circunstanciais, entre eles a União Cívica Radical (UCR) e a Frente Ampla Progresista (FAP).
Ambos partidos são opositores mas, neste caso, disseram votar a favor do governo por considerar fundamental que a Argentina recupere um "recurso estratégico" para o país. Também respaldou o governo o Projeto Sul, liderado pelo cineasta e deputado Fernando "Pino" Solanas, que há muitos anos defende a importância de renacionalizar empresas que foram privatizadas na década de 90, pelo governo do ex-presidente Carlos Menem (1989-1999). Ontem, até mesmo Menem, reeleito senador em 2011, votou a favor da expropriação de uma empresa que seu governo privatizou.
Muitos dirigentes da oposição apoiaram a medida, mas acusaram o governo de ser o grande responsável pela crise energética que assola o país e pela deterioração da principal companhia petrolífera com operações no país. Senadores do governo e da oposição lamentaram a perda de reservas da empresa e a queda de sua capacidade de produção.
— Até agora ninguém nos disse como vão recuperar a YPF e qual será o plano energético do governo — disse o senador Mario Cimadevilla, da UCR.
Deputados opositores também questionaram a falta de ações em relação às demais empresas que operam no país e, principalmente, ao grupo Petersen, da família argentina Eskenaki, que controla 25% da YPF e não foi alvo da expropriação. O grupo comprou sua participação entre 2007 e 2011, com o claro respaldo do governo Kirchner.
— Por que o governo não fala nos Eskenaki, porque estamos castigando apenas a Repsol — perguntou a senadora Norma Morandini, do FAP.
Os votos negativos foram pouco. Á senadora Maria Eugenia Estenssoro, da Coalizão Cívica, terminou optando pela abstenção, já que "seu coração lhe dizia que votasse a favor e sua razão contra". A senadora é filha de José Estenssoro, que comandou a YPF antes da privatização, e pertence ao movimento fundado pela deputada Elisa Carrió, para quem este projeto "não representa nem nacionalização, nem expropriação. Representa corrupção".
— Não podemos votar este projeto sem antes investigar a atuação dos funcionários deste governo, que são os culpados pela crise energética e agora administração da YPF — enfatizou Estenssoro.
Para outros senadores, esta quarta foi um dia histórico para o país.
— Já dizia o general Perón: "a energia é para o desenvolvimento de um país o que o alimento é para o desenvolvimento do ser humano" — afirmou a senadora Maria Higonet, do Partido Justicialista (PJ).

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