Israel teme escalada de hostilidade com Egito após quebra de contrato
Discurso do governo israelense, no entanto, é que se trata apenas de uma disputa comercial
Estatal egípcia alegou falta de pagamento ao anunciar a ruptura do fornecimento de gás para o país vizinho
MARCELO NINIO - FSP
O rompimento de um controvertido contrato de fornecimento de gás do Egito para Israel aumentou as dúvidas sobre o acordo de paz entre os países. Embora o discurso oficial seja de que não passa de disputa comercial, o tom de ambos os lados subiu como há muito não ocorria.
A decisão, anunciada no domingo, causou a preocupação em Israel de que o gesto inicie uma escalada de hostilidades que ameace a paz estabelecida em 1979.
A estatal egípcia Egas justificou o fim unilateral do contrato alegando atraso nos pagamentos pelo consórcio responsável, formado por investidores de Egito, Israel, Tailândia e EUA.
Até a revolta que derrubou o ex-ditador Hosni Mubarak, em fevereiro de 2011, o Egito fornecia 40% do gás natural consumido em Israel para geração de eletricidade. Mas uma série de 14 explosões no gasoduto reduziu drasticamente esse fluxo.
A impopularidade do acordo no Egito segue o gasoduto desde que ele começou a funcionar, em 2008. Na visão geral, alimentada pela retórica de políticos nacionalistas e islâmicos, foi uma ação entre amigos de Mubarak para vender o gás egípcio ao inimigo a preço de banana.
Com a queda de Mubarak, o tema voltou e serviu como uma das acusações de corrupção contra o ex-ditador quando ele foi ao banco dos réus. A proximidade da eleição presidencial, marcada para o fim de maio, deu mais força aos ares nacionalistas. Todos os candidatos à Presidência aplaudiram o corte.
Apesar do clima hostil, Mohamed Shoeb, presidente da Egas, disse que o rompimento nada teve a ver com política. O Cairo indicou que aceita negociar novo contrato.
Segundo Shoeb, Israel não paga a conta do gás há quatro meses -afirmação negada pelos israelenses.
O premiê de Israel, Binyamin Netanyahu, minimizou o corte e excluiu motivos políticos, afirmando que a disputa é comercial.
Políticos aliados e da oposição reagiram com menos calma. O ministro das Finanças, Yoval Steinitz, disse que a decisão tem sérias implicações para o acordo de paz.
No âmbito energético, a preocupação é menor. Diante das interrupções constantes do último ano, Israel diz que já vinha buscando alternativas para o gás egípcio.
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