domingo, 26 de agosto de 2012

Aumento dos gastos com benefícios ameaça causar falência dos EUA David Brooks -NYT
Digamos que você costume ser um eleitor moderado. Você olha para a chapa Romney-Ryan e vê que eles são bem mais conservadores do que você. Eles não acreditam em aumento de impostos, jamais. Você acha que o aumento de impostos precisa ser uma parte de um acordo orçamentário. Eles querem cortar gastos sociais até o osso. Você acha que isso seria muito duro com os mais vulneráveis e ruim para a coesão social.
Você olha para a chapa Obama-Biden. Você gosta deles pessoalmente. Mas não tem certeza sobre o que eles querem realizar nos próximos quatro anos. O país precisa de grandes mudanças, e eles não parecem estar oferecendo muitas. Onde está a liderança?
Com esta insatisfação, você se pergunta: o que de fato é importante nesta eleição? Bem, a grande questão é o declínio do país. Como podemos garantir que os EUA sejam tão dinâmicos no século 21 quanto foram no século 20?
A maior ameaça ao dinamismo nacional é gastar dinheiro nas coisas erradas. Se você voltar e olhar para os orçamentos federais durante meados do século 20, verá que o eles gastavam dinheiro no futuro – em programas como a Nasa, projetos de infraestrutura, bem-estar infantil, pesquisa e tecnologia. Hoje, gastamos a maior parte do nosso dinheiro no presente – em leis de impostos e saúde para pessoas acima de 65 anos.
Um estudo feito por Jessica Perez e outros no grupo Third Way (Terceira Via) revela os fatos básicos. Em 1962, 14 centavos de cada dólar do governo federal que não iam para o pagamento de juros eram gastos em programas de benefícios. Hoje, 47% de cada dólar é gasto em benefícios. Em 2030, 61 centavos de cada dólar que não é gasto em juros será gasto em benefícios.
O gasto com benefícios está tomando o lugar dos investimentos em nossas crianças e em infraestrutura. Este gasto está ameaçando causar uma falência nacional. Ele aumenta tão rapidamente que não há nenhum aumento de impostos imaginável que possa cobri-lo. E, hoje em dia, o verdadeiro problema dos benefícios é o Medicare.
Então, quando você pensar nas eleições desta forma, a questão crucial é: que candidato poderá desacelerar a explosão de gastos com benefícios para que possamos dedicar mais recursos para o nosso futuro?
Olhando para os candidatos sob este prisma, você verá que o presidente Barack Obama merece algum crédito por reduzir os gastos com benefícios. Ele teve a coragem de cortar cerca de US$ 700 bilhões de reembolsos do Medicare. Ele teve a coragem de colocar algumas reformas do Medicare na mesa de negociação com os republicanos. Ele criou aquele quadro de tecnocratas (altamente circunscrito) que pode espremer o sistema para que ele seja mais eficiente.
Ainda assim, você não chamaria Obama de um reformador apaixonado. Ele cortou as bordas dos benefícios. Ele não fez nada que pudesse alterar fundamentalmente seu curso destrutivo.
Quando você olha para Mitt Romney sob esse prisma, vê uma paixão surpreendente. Ao escolher Paul Ryan como seu colega de chapa, Romney colocou o Medicare no centro do debate nacional. Possivelmente pela primeira vez, ele fez uma coisa politicamente perigosa. Ele deixou claro que reestruturar o Medicare terá alta prioridade.
Isso é impressionante. Se você acreditar que a reforma dos benefícios é essencial para a solvência nacional, então a dupla Romney-Ryan é o único trem na estação.
Além disso, quando você olha para o pacote de reformas do Medicare que Romney e Ryan propuseram, você se surpreende um pouco. Você acha que eles são puristas do mercado livre, mas a proposta mostra uma atividade pesada do governo, flexibilidade e pragmatismo rampante.
O governo federal definirá um pacote de benefícios de saúde obrigatórios. Os seguradores privados e uma agência similar ao atual sistema público Medicare submeteria as ofertas para fornecer cobertura para esses benefícios. O governo daria aos cidadãos mais velhos um pagamento igual à segunda oferta mais baixa em cada região para comprar seguro.
Este sistema forneceria uma rede de segurança básica de saúde. Ele também desencadearia um processo de descoberta. Se a atual estrutura do Medicare se mostrar mais eficiente, então ela dominará o mercado. Se os seguradores privados se mostrarem mais eficientes, eles dominarão. De qualquer forma, nós encontraríamos a melhor forma de controlar os custos do Medicare. De qualquer forma, o fardo de pagar pelo cuidado básico com a saúde cairia sobre o governo, não sobre os norte-americanos mais velhos. (A maior parte das críticas democratas sobre este ponto é baseada numa versão anterior e obsoleta da proposta.)
Você ainda está profundamente desconfortável com muitas outras propostas de Romney-Ryan. Mas vamos do início. A prioridade nesta eleição é conseguir um líder que possa colocar os custos do Medicare sob controle. Então podemos argumentar sobre todo o resto. Neste momento, é mais provável que Romney faça isso.
Tudo isso faz com que você olhe para os democratas e se pergunte: por que eles não têm uma alternativa? Silenciosamente, uma voz em sua cabeça está apelando para eles: corram atrás ou se calem.
Se os democratas não criarem uma alternativa em relação a esta questão crucial, como podem prometer liderar uma nação dinâmica em crescimento?
Tradutor: Eloise De Vylder

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