sexta-feira, 24 de agosto de 2012

Governo francês quer estimular carreira de professor
Maryline Baumard - Le Monde
O “emprego para o futuro” [emploi d’avenir] de 2013 tem duas faces. De um lado, Michel Sapin, o ministro do Trabalho, propõe aos “sem qualificação ou pouco qualificados”, residentes em zonas urbanas sensíveis (ZUS) e na faixa etária dos 16 a 25 anos, que se candidatem a um dos 94 mil postos de empregos para jovens que ele oferece para 2013 ou a um dos 38 mil previstos para 2014. Do outro, Vincent Peillon, ministro da Educação, apresenta a 6 mil estudantes inscritos no segundo ano da graduação (L2) a possibilidade de um “emprego para o futuro professor” em 2013. Portanto, sob a mesma denominação andarão lado a lado os sem-diploma e futuros professores.
Sapin preferia não ter cedido 18 mil empregos para o futuro em três anos (12% dos 150 mil previstos) ao ministro da Educação, pois não tinha vontade de restaurar uma incubadora de futuros professores com a verba de seu ministério. Peillon prevaleceu. Pela prioridade ao ensino, ele conseguiu até mesmo pré-recrutar seus futuros professores já no segundo ano de estudos.
Seus 18 mil postos – cujo recrutamento deverá começar já em janeiro de 2013 – em três anos, de 2013 a 2015, serão distribuídos entre as regiões onde poucos estudantes se candidatam ao concurso para professores primários, e os estudantes de disciplinas nas quais a substituição é difícil de ser feita nos colégios. É o caso sobretudo de matemática e de física, mas também das línguas antigas.
O projeto de lei que será apresentado ao conselho dos ministros no dia 29 de agosto prevê oferecer os empregos para o futuro professor a jovens bolsistas que querem passar no concurso para lecionar, mas que poderiam ficar tentados a abandonar seus estudos por falta de meios.
Ao contrário dos empregos para o futuro de Sapin, os de Peillon poderiam não se dirigir a jovens que residam obrigatoriamente em ZUS, uma vez que as universidades e seus alojamentos raramente se situam nessas zonas! Além disso, o governo, por uma maior legibilidade política, teria preferido conceder esses empregos 75% subsidiados pelo Estado somente a estudantes bolsistas. O Conselho do Estado questionou o risco de ruptura da igualdade diante dos concursos.
A fórmula tem diversas vantagens, na visão de Peillon. O ministro gostaria de dar à profissão de professor o papel de escada social que por muito tempo ela exerceu. Tanto que o emburguesamento dessa profissão, em andamento há vários anos, se acelerou com a reforma da Licenciatura – que exige um bac+5 [cinco anos de estudos após o colegial] para prestar o concurso para professor. O governo socialista vê ali também um meio de ajudar os jovens mais pobres a realizar estudos mais longos. “Não é aceitável que continuem não oferecendo vagas em um setor tão prioritário quanto a educação, nem que estudantes desistam de se candidatar por razões financeiras”, explica a apresentação dos motivos do projeto de lei.
Apoio escolar
Os empregos para o futuro professor permitirão que os jovens ganhem uma soma média de 900 euros (cerca de R$ 2.280) por mês, “somando o auxílio vinculado ao mecanismo e as bolsas por critérios sociais do ensino superior por meio período dentro de um estabelecimento escolar”. Em troca, a missão deles está prevista para mudar entre o 2º ano de graduação e o 1º da pós. No primeiro ano, poderá ser pedido a eles que atuem como monitores, e, no último, que deem apoio escolar. Mas essas tarefas, que variarão de acordo com as disciplinas e as necessidades, “devem ser pensadas como uma trajetória de inserção profissional com o estabelecimento ao qual o estudante está associado; uma atividade remunerada que permita aprender sua profissão”, estipula o projeto. O número de horas trabalhadas poderá variar ao longo de três anos, uma vez que uma hora de apoio escolar não equivale a uma hora de monitoria.
Os jovens estudantes que se candidatarem “se comprometerão a seguir um treinamento inicial em um estabelecimento de ensino superior e a se inscrever em um concurso de recrutamento do corpo docente do ensino nacional”, especifica o projeto de lei.
O ministério concebe essa fórmula como “um setor de excelência”. Os professores universitários serão encarregados de localizar os jovens dignos de mérito. Para além do papel social da fórmula, e suas virtudes em matéria de pré-formação dos professores, a medida tem como principal justificativa permitir que François Hollande garanta o recrutamento de 60 mil professores que ele prometeu. Sem restaurar a incubadora de candidatos aos concursos, isso teria sido impossível. Com os empregos para o futuro professor, isso não será simples em todas as disciplinas.
Tradutor: Lana Lim

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