Democracia mundana
Vinicius Mota - FSP
SÃO PAULO - Começa amanhã o intensivão da campanha para prefeito. A exposição ostensiva das candidaturas na TV e no rádio vai tirar o eleitorado da indiferença até a votação de 7 de outubro.
Na capital paulista, é o momento de verificar se Celso Russomanno, do PRB, terá força para romper a profecia da polarização entre PSDB e PT.
Da estreia da votação em dois turnos, em 1992, até 2008, jamais a eleição em São Paulo foi decidida na primeira rodada. Um candidato petista qualificou-se para o segundo turno em todos os cinco certames.
Rival do PT nas três finalíssimas da década de 1990, o malufismo perdeu o posto para o tucanato nas duas eleições seguintes. Com Russomanno, é o malufismo, na sua vertente popular e conservadora, que se insinua de novo, atualizado na figura do vingador televisivo.
É o malufismo desprovido não apenas de Maluf -o novo amigão de Lula-, mas também de uma máquina de fazer campanha à altura da tucana ou da petista.
Para cada dez minutos de exposição de Serra ou Haddad na TV, durante a propaganda obrigatória, Russomanno aparecerá menos de três. Isso sem contar a larga vantagem do PT e do PSDB na capacidade de arrecadar dinheiro.
Ligadas à sigla de Russomanno, a Igreja Universal e a TV Record dificilmente compensarão a desvantagem. Nesse período a Justiça Eleitoral mitiga eventuais vieses na radiodifusão. Além disso, o apoio das denominações evangélicas está distribuído entre as principais candidaturas.
Para usar uma metáfora bíblica, o desafio de Russomanno de manter-se entre os dois mais votados no primeiro turno é como o de Davi contra Golias.
Na mitologia hebraica, Davi prevaleceu, pois era do partido divino. Na realidade mundana de uma democracia em maturação que depura seus partidos, Deus não vai resolver. Tampouco Seus porta-vozes.
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