Palestino é agredido por adolescentes israelenses e sofre parada cardíaca
Vice-primeiro-ministro de Israel classificou episódio de terrorismo
Opera Mundi
Quatro adolescentes palestinos foram vítimas na última sexta-feira (17/08) do linchamento de um grupo de jovens israelenses com idade entre 13 e 15 anos no centro da cidade de Jerusalém.
Uma das vítimas quase foi morta em decorrência do ataque. Jamal Julani, de 17 anos, ficou em estado grave após receber socos e chutes na cabeça. Ele sofreu uma parada cardíaca e só foi ressucitado com a chegada de uma equipe de salvamento.
Indagado por jornalistas que acompanhavam o julgamento da questão em frente à Corte de Jerusalém, um dos suspeitos, de apenas 15 anos, disse que “é melhor que [a vítima do ataque] morra”. Moshe Yaalon, vice-primeiro-ministro de Israel, classificou o linchamento de "terrorismo".
De acordo com a polícia, dezenas de adolescentes começaram a perseguir os jovens pelas ruas gritando "morte aos árabes" e outras expressões de cunho racista. Embora a repressão a palestinos faça parte do cotidiano israelense, autoridades alegam que até então não havia qualquer registro de agressões motivadas por ódio étnico cometidas por pessoas tão jovens.
Nesta segunda-feira (20/08), um magistrado da Corte de Jerusalem determinou que os suspeitos, mesmo sendo menores de idade, permaneçam detidos. De acordo com informações apuradas pela BBC Brasil, outros adolescentes que também se envolveram no ataque serão presos em breve.
Há suspeitas de que foi uma garota a responsável por motivar seus colegas a agredirem os jovens palestinos. Shmuel Shenhav, representante da policia na Corte, alega que o episódio “foi um verdadeiro linchamento”, já que “o ferido perdeu a consciência e era dado como morto até a chegada dos paramédicos” ao local.
De acordo com oficiais, dezenas de pessoas que passavam pelo local testemunharam as agressões, mas não interviram. Para Shenhav, “trata-se de um crime muito grave que, só por um milagre, não terminou em morte”.
Em entrevista à radio Kol Israel, a deputada Zahava Galon, do partido social-democrata Meretz, se disse chocada com o crime cometido pelos adolescentes. Ela atribui a responsabilidade pelo ocorrido ao sistema judiciário que, segundo ela, "não trata de maneira suficientemente enérgica aqueles que incitam o ódio na sociedade israelense".
Consultada pela BBC Brasil, a pedagoga Nurit Peled Elhanan, da Universidade Hebraica de Jerusalem, esclareceu que o comportamento desses adolescentes é uma tradução "da educação que recebem tanto nas escolas como de seus pais". Ela afirma que "o sistema de Educação de Israel ensina as crianças a odiarem os árabes em geral e palestinos em particular".
"As crianças são ensinadas, tanto pelas escolas, como por seus pais, que todos os árabes querem matá-las, e crescem sem desenvolver qualquer sentimento de empatia humana com eles", disse."Daí, até a agressão fisica, a distância não é grande, e agora estamos vendo os frutos da educação que essas crianças recebem", concluiu Elhanan.
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