quinta-feira, 29 de agosto de 2013

CÂMARA OU CASA DE TOLERÂNCIA?

Renan nega desgaste do Congresso, mas defende respostas à sociedade
Para Cármen Lúcia, rejeição de cassação de Donadon não foi afronta da Câmara ao Supremo
Líderes no Congresso pedem que votação da PEC que determina voto aberto seja acelerada
Cristiane Jungblut/Isabel Braga - O Globo
BRASÍLIA — O presidente do Senado, Renan Calheiros, disse na manhã desta quinta-feira que a resposta mais eficaz à decisão da Câmara de manter o mandato do deputado Natan Donadon (sem partido) é a aprovação pelo Congresso da chamada PEC 18 — Proposta de Emenda Constitucional que prevê a perda automática de mandato para o parlamentar condenado na Justiça (em processo transitado em julgado).
Na opinião de Renan, a decisão da Câmara não desgasta o Congresso. Ele argumentou que, para manter sua imagem, basta o Legislativo dar resposta rápidas, como a aprovação da PEC. Segundo o presidente do Senado, a sociedade não tolera mais a atual situação.
— Acho que não desgasta a Casa porque precisamos ter respostas prontas, rápidas, céleres e eficazes. E a resposta neste caso é a PEC 18 porque a sociedade não tolera mais essa situação. Não dá mais. Essa situação de compatibilização de prisão com mandato não dá mais — disse Renan.
A rejeição do parecer pela cassação de Donadon também foi comentada pela ministra do Supremo Tribunal Federal (STF) Cármen Lúcia. Ela avalia que o Supremo fez seu papel em julgar o deputado, assim como a Câmara.
— A Câmara cumpriu o papel dela e o Supremo também o seu papel. Se o resultado é benéfico ou não aí compete ao próprio depois verificar — disse. — O Supremo fez seu papel de julgar. No meu entendimento, cassar ou não é competência do Congresso — disse a ministra.
Indagada se não seria uma afronta da Câmara ao manter o mandato do parlamentar, Cármen Lúcia disse que não.
— A meu ver a parte jurídica é que é do Supremo. E o Supremo julgou. Respeito a decisão tomada. O Congresso tem sido respeitoso com o Supremo, cumprindo todas as decisões. Nós tomamos a nossa decisão e eles (os parlamentares) a deles.
No Congresso, líderes da oposição criticaram a manutenção do mandato de Donadon. O líder e presidente do DEM, Agripino Maia (RN), afirmou que vai bloquear todas as votação até que a PEC do voto aberto seja votada
— Foi lamentável o momento que o Congresso viveu na noite de ontem. Isso tem que ser enfrentado porque tem autoridade moral para enfrentar. Vamos bloquear as votações na Câmara até que a PEC do voto aberto seja votada na Casa,
O senador e presidente do PSDB Aécio Neves (MG) também defendeu a votação da proposta.
— Absolutamente lamentável a posição da Câmara. Cabe ao Poder Legislativo cumprir seu dever. Foi uma demostração cabal de que temos que ter voto aberto para este tipo de decisão. É algo incompatível exercer o mandato e estar condenado sem condição de recurso.

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