Os rebeldes também estão se deslocando, buscando se distanciar de quaisquer alvos militares –assim como de forças do governo que possam ficar enfurecidas e com desejo de sangue após algum ataque. Alguns rebeldes disseram que esperam tirar proveito do caos após quaisquer ataques para realizarem seus próprios.
A perspectiva de uma intervenção militar direta do Ocidente contra o presidente Bashar al-Assad para puni-lo pelo ataque com gás venenoso na semana passada (21), atribuído às suas forças pelos Estados Unidos, Reino Unido e França, pode adicionar um novo elemento volátil à guerra civil da Síria, minando suas forças, unindo seus adversários e endurecendo a divisão internacional sobre como parar uma guerra civil que já matou mais de 100 mil pessoas.
Apesar do governo permanecer desafiador, negando ter usado armas químicas e prometendo se defender, muitos sírios estão se preparando para o pior, alguns com um senso profundo de fatalismo.
"Eu comprei comida e álcool suficientes, de modo que morrerei feliz", brincou uma vendedora de 22 anos que disse apenas seu primeiro nome, Nour, em Damasco, onde as filas cresciam nos mercados, bancos e repartições públicas de passaportes.
Muitos sírios veem a perspectiva de ataques pelo prisma da profunda desconfiança dos motivos dos Estados Unidos. Mesmo muitos que odeiam Assad odeiam ainda mais os Estados Unidos por seu apoio a Israel. Também influenciando a percepção estão as lembranças amargas da invasão liderada pelos Estados Unidos ao vizinho Iraque, em 2003, e da guerra civil que se seguiu, que enviou centenas de milhares de refugiados para a Síria.
Esses legados deixam muitos na oposição profundamente relutantes em apoiar ataques americanos –mesmo os vendo como sendo necessários, após o ataque com gás venenoso da semana passada, que deixou centenas de mortos perto de Damasco.
"Nós chegamos a um estado em que as ideias de ter dignidade e se importar com a soberania de seu país não são mais algo que podemos manter quando nosso povo está sendo morto desse modo indigno", disse Rami Jattah, um sírio que dirige a Associação de Notícias dos Ativistas, com sede no Cairo. "Eu não estou feliz, mas não há outra solução. Eu sei que, se não fizermos algo, nós perderemos."
Apesar de a extensão dos preparativos do governo não estar clara, os moradores de Damasco disseram que as forças de segurança interditaram o trânsito em algumas das estradas principais e retiraram pessoal das barreiras.
Um professor de Damasco que deu apenas seu primeiro nome, Hazem, disse que o Ministério da Educação entregou o controle de várias escolas aos serviços de segurança.
"Como as escolas são protegidas internacionalmente, muitas estão ocupadas pelas forças de segurança, e eles transferiram para elas seu equipamento e arsenais", ele disse.
Alguns dos grupos rebeldes díspares da Síria e membros da oposição disseram que deixaram suas casas e bases por temerem que os ataques possam provocar uma resposta dura do governo.
"Se os Estados Unidos decidirem atacar, nós esperamos mais brutalidade e massacres do regime por toda a Síria", disse Bassel Darwish, um ativista da região central da Síria, que disse que tinha fugido para as montanhas. "Nós tememos que os ataques possam atingir os quartéis-generais tanto do Exército Livre quanto das forças do governo, e que o regime possa atacar ferozmente os vilarejos, matando mais civis."
Hwaida Saad, em Beirute; Karam Shoumali, em Antakya (Turquia); Hala Droubi, em Dubai (Emirados Árabes Unidos); e funcionários do "The New York Times" em Damasco (Síria) e em Beirute, contribuíram com a reportagem.
Tradutor: George El Khouri Andolfato
A perspectiva de uma intervenção militar direta do Ocidente contra o presidente Bashar al-Assad para puni-lo pelo ataque com gás venenoso na semana passada (21), atribuído às suas forças pelos Estados Unidos, Reino Unido e França, pode adicionar um novo elemento volátil à guerra civil da Síria, minando suas forças, unindo seus adversários e endurecendo a divisão internacional sobre como parar uma guerra civil que já matou mais de 100 mil pessoas.
Apesar do governo permanecer desafiador, negando ter usado armas químicas e prometendo se defender, muitos sírios estão se preparando para o pior, alguns com um senso profundo de fatalismo.
"Eu comprei comida e álcool suficientes, de modo que morrerei feliz", brincou uma vendedora de 22 anos que disse apenas seu primeiro nome, Nour, em Damasco, onde as filas cresciam nos mercados, bancos e repartições públicas de passaportes.
Muitos sírios veem a perspectiva de ataques pelo prisma da profunda desconfiança dos motivos dos Estados Unidos. Mesmo muitos que odeiam Assad odeiam ainda mais os Estados Unidos por seu apoio a Israel. Também influenciando a percepção estão as lembranças amargas da invasão liderada pelos Estados Unidos ao vizinho Iraque, em 2003, e da guerra civil que se seguiu, que enviou centenas de milhares de refugiados para a Síria.
Esses legados deixam muitos na oposição profundamente relutantes em apoiar ataques americanos –mesmo os vendo como sendo necessários, após o ataque com gás venenoso da semana passada, que deixou centenas de mortos perto de Damasco.
"Nós chegamos a um estado em que as ideias de ter dignidade e se importar com a soberania de seu país não são mais algo que podemos manter quando nosso povo está sendo morto desse modo indigno", disse Rami Jattah, um sírio que dirige a Associação de Notícias dos Ativistas, com sede no Cairo. "Eu não estou feliz, mas não há outra solução. Eu sei que, se não fizermos algo, nós perderemos."
Apesar de a extensão dos preparativos do governo não estar clara, os moradores de Damasco disseram que as forças de segurança interditaram o trânsito em algumas das estradas principais e retiraram pessoal das barreiras.
Um professor de Damasco que deu apenas seu primeiro nome, Hazem, disse que o Ministério da Educação entregou o controle de várias escolas aos serviços de segurança.
"Como as escolas são protegidas internacionalmente, muitas estão ocupadas pelas forças de segurança, e eles transferiram para elas seu equipamento e arsenais", ele disse.
Alguns dos grupos rebeldes díspares da Síria e membros da oposição disseram que deixaram suas casas e bases por temerem que os ataques possam provocar uma resposta dura do governo.
"Se os Estados Unidos decidirem atacar, nós esperamos mais brutalidade e massacres do regime por toda a Síria", disse Bassel Darwish, um ativista da região central da Síria, que disse que tinha fugido para as montanhas. "Nós tememos que os ataques possam atingir os quartéis-generais tanto do Exército Livre quanto das forças do governo, e que o regime possa atacar ferozmente os vilarejos, matando mais civis."
Hwaida Saad, em Beirute; Karam Shoumali, em Antakya (Turquia); Hala Droubi, em Dubai (Emirados Árabes Unidos); e funcionários do "The New York Times" em Damasco (Síria) e em Beirute, contribuíram com a reportagem.
Tradutor: George El Khouri Andolfato
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