Hollande vai enfrentar a oposição pública e política do país
Fernando Eichenberg - O Globo
PARIS — Contrariamente às intervenções militares na Líbia, em 2011, e no Mali, em janeiro deste ano, a participação da França numa eventual operação internacional na Síria não colhe unanimidade entre a opinião pública e a classe política no país. O próprio presidente François Hollande sentiu a ameaça dos riscos internos e, no intervalo de dois dias, alterou seu discurso: de uma incisiva defesa da ação militar contra o regime de Bashar al-Assad passou a ressaltar a opção por uma “solução política” para o impasse. Nesta sexta-feira, em uma conversa telefônica com o presidente Barack Obama, ele reiterou a determinação da França de reagir por meio da força.
Os argumentos, pronunciados em diferentes gradações, passam pela exigência de provas concretas de que os gases mortíferos foram lançados pelas Forças Armadas da Síria e o temor de que a ingerência ocidental possa aumentar as graves tensões já existentes no Oriente Médio. Também teme-se que a ofensiva possa incentivar atentados terroristas contra a França e represálias aos cerca de 900 militares do país posicionados no Líbano, na Força Interina das Nações Unidas no Líbano (Unifil). A sessão da Assembleia Nacional convocada de forma extraordinária para debater o tema na quarta-feira promete escancarar as dissensões, mas formalmente o governo não necessita da aprovação parlamentar para deflagrar um ataque contra a Síria.
59% contra participação francesa
Entre a opinião pública, as sondagens revelam a divisão dos franceses. Segundo o Instituto CSA, 45% dos entrevistados se disseram favoráveis a uma intervenção militar da ONU na Síria, e 40% contra. Na amostra do instituto Ifop, os índices foram de 55% a favor e 45% contra. Mas, quando a questão especificava a participação da França, 59% dos entrevistados se opuseram, e 41% se manifestaram a favor.
Para o cientista político Bruno Cautrès, do Instituto de Estudos Políticos de Paris (Sciences-Po), até agora Hollande ainda controla internamente a situação. A questão síria, inclusive, desviou as atenções do anúncio da reforma das aposentadorias esta semana, mas o quadro poderá se inverter.
- Hollande avançou bastante rápido na direção de um ataque militar, e se for obrigado a recuar, certamente será criticado pela oposição por sua pressa e por sua falta de estatura presidencial - opinou.
Quanto à opinião pública, Cautrès acredita que ainda é muito presente a ideia de que Estados Unidos e Reino Unido cometeram um erro ao atacar o Iraque em 2003, baseado na mentira de que o regime de Saddam Hussein possuía armas de destruição em massa:
- A opinião francesa é muito favorável à defesa da população síria e à questão do direito de ingerência humanitária, mas também muito marcada pela doutrina neogaulista de que a França não deve seguir os EUA em tudo.
Os argumentos, pronunciados em diferentes gradações, passam pela exigência de provas concretas de que os gases mortíferos foram lançados pelas Forças Armadas da Síria e o temor de que a ingerência ocidental possa aumentar as graves tensões já existentes no Oriente Médio. Também teme-se que a ofensiva possa incentivar atentados terroristas contra a França e represálias aos cerca de 900 militares do país posicionados no Líbano, na Força Interina das Nações Unidas no Líbano (Unifil). A sessão da Assembleia Nacional convocada de forma extraordinária para debater o tema na quarta-feira promete escancarar as dissensões, mas formalmente o governo não necessita da aprovação parlamentar para deflagrar um ataque contra a Síria.
59% contra participação francesa
Entre a opinião pública, as sondagens revelam a divisão dos franceses. Segundo o Instituto CSA, 45% dos entrevistados se disseram favoráveis a uma intervenção militar da ONU na Síria, e 40% contra. Na amostra do instituto Ifop, os índices foram de 55% a favor e 45% contra. Mas, quando a questão especificava a participação da França, 59% dos entrevistados se opuseram, e 41% se manifestaram a favor.
Para o cientista político Bruno Cautrès, do Instituto de Estudos Políticos de Paris (Sciences-Po), até agora Hollande ainda controla internamente a situação. A questão síria, inclusive, desviou as atenções do anúncio da reforma das aposentadorias esta semana, mas o quadro poderá se inverter.
- Hollande avançou bastante rápido na direção de um ataque militar, e se for obrigado a recuar, certamente será criticado pela oposição por sua pressa e por sua falta de estatura presidencial - opinou.
Quanto à opinião pública, Cautrès acredita que ainda é muito presente a ideia de que Estados Unidos e Reino Unido cometeram um erro ao atacar o Iraque em 2003, baseado na mentira de que o regime de Saddam Hussein possuía armas de destruição em massa:
- A opinião francesa é muito favorável à defesa da população síria e à questão do direito de ingerência humanitária, mas também muito marcada pela doutrina neogaulista de que a França não deve seguir os EUA em tudo.
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