Bernat Armangue/AP
Judeus da Etiópia desembarcam no aeroporto Ben Gurion, perto de Tel Aviv, em Israel, na última quarta-feira
Cerca de 450 judeus da Etiópia desembarcaram em Israel nesta semana. Foram as últimas chegadas de um programa para relocar a comunidade para a Terra Santa. A campanha, que durou quase 30 anos, tem sido marcada por polêmicas.
Natan Sharansky descreveu-a como um "momento histórico comovente". O chefe da Agência Judaica para Israel --órgão encarregado de supervisionar a imigração-- acompanhou na quarta-feira (28) o último grupo de judeus etíopes em sua viagem à Terra Santa. Cerca de 450 "falashas", como são conhecidos, voaram para um aeroporto próximo a Tel Aviv em dois voos fretados.
Sessenta e cinco anos depois do estabelecimento do Estado-nação de Israel, o país concluiu seu programa de repatriação em massa de judeus etíopes. A chegada do grupo significa que os 3.000 anos de história da minoria religiosa está finalmente fechando um ciclo, disse Sharansky, de acordo com a agência de notícias alemã DPA.
Ao longo das últimas três décadas, cerca de 100 mil judeus foram repatriados do país do leste africano para Israel. O programa começou com três operações, chamadas "Moisés" (1984), "Joshua" (1985) e "Salomão" (1991-1992).
Após a conclusão dessas etapas, o programa entrou num impasse prolongado devido a uma briga política sobre se os Falash Mura --que foram obrigados a se converter ao cristianismo no século 18 e 19, mas mantiveram seus rituais judeus-- deveriam ter direito à cidadania israelense.
Cerca de 500 manifestantes se reuniram em frente à residência oficial do primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu na quarta-feira. Seu objetivo era expandir o programa de repatriação para incluir mais 5.000 etíopes que não haviam sido reconhecidos como judeus praticantes e, portanto, não se qualificaram para a Operação Asa de Pomba. O governo israelense criou uma regra segundo a qual os etíopes que desejam voltar para a Terra Santa só poderão fazer isso por meio de requerimentos individuais.
O grupo minoritário negro costuma enfrentar discriminação em Israel. Em 1996, o jornal diário Maariv do país revelou que o Magen David Adom --o serviço de doação de sangue do país-- estava destruindo todas as amostras de sangue fornecidas por judeus etíopes. No ano passado, a emissora israelense Canal 2 revelou que 120 proprietários na cidade de Kiryat Malakhi, ao sul, tinham concordado em não alugar nem vender suas casas e apartamentos para membros da minoria africana.
Muitos migrantes etíopes vivem em áreas de baixa renda e assentamentos ilegais. Organizações de direitos humanos acusaram o governo israelense de esterilizar à força os membros do grupo minoritário. As autoridades negaram as acusações.
Tradutor: Eloise De Vylder
Judeus da Etiópia desembarcam no aeroporto Ben Gurion, perto de Tel Aviv, em Israel, na última quarta-feira
Cerca de 450 judeus da Etiópia desembarcaram em Israel nesta semana. Foram as últimas chegadas de um programa para relocar a comunidade para a Terra Santa. A campanha, que durou quase 30 anos, tem sido marcada por polêmicas.
Natan Sharansky descreveu-a como um "momento histórico comovente". O chefe da Agência Judaica para Israel --órgão encarregado de supervisionar a imigração-- acompanhou na quarta-feira (28) o último grupo de judeus etíopes em sua viagem à Terra Santa. Cerca de 450 "falashas", como são conhecidos, voaram para um aeroporto próximo a Tel Aviv em dois voos fretados.
Sessenta e cinco anos depois do estabelecimento do Estado-nação de Israel, o país concluiu seu programa de repatriação em massa de judeus etíopes. A chegada do grupo significa que os 3.000 anos de história da minoria religiosa está finalmente fechando um ciclo, disse Sharansky, de acordo com a agência de notícias alemã DPA.
Ao longo das últimas três décadas, cerca de 100 mil judeus foram repatriados do país do leste africano para Israel. O programa começou com três operações, chamadas "Moisés" (1984), "Joshua" (1985) e "Salomão" (1991-1992).
Após a conclusão dessas etapas, o programa entrou num impasse prolongado devido a uma briga política sobre se os Falash Mura --que foram obrigados a se converter ao cristianismo no século 18 e 19, mas mantiveram seus rituais judeus-- deveriam ter direito à cidadania israelense.
Discriminação generalizada
Apesar de alguns rabinos ultraortodoxos ainda se recusarem a reconhecer os integrantes do grupo como judeus, o governo israelense organizou um esforço adicional de repatriação --apelidado de "Operação Asa de Pomba"-- em novembro de 2010. Em outubro passado, o primeiro de um total de 93 voos fretados chegou ao país. Antes de deixar a Etiópia, os Falah Mura passaram vários anos em acampamentos transitórios na cidade de Gondar, ao norte, sendo preparados para a vida em Israel.Cerca de 500 manifestantes se reuniram em frente à residência oficial do primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu na quarta-feira. Seu objetivo era expandir o programa de repatriação para incluir mais 5.000 etíopes que não haviam sido reconhecidos como judeus praticantes e, portanto, não se qualificaram para a Operação Asa de Pomba. O governo israelense criou uma regra segundo a qual os etíopes que desejam voltar para a Terra Santa só poderão fazer isso por meio de requerimentos individuais.
O grupo minoritário negro costuma enfrentar discriminação em Israel. Em 1996, o jornal diário Maariv do país revelou que o Magen David Adom --o serviço de doação de sangue do país-- estava destruindo todas as amostras de sangue fornecidas por judeus etíopes. No ano passado, a emissora israelense Canal 2 revelou que 120 proprietários na cidade de Kiryat Malakhi, ao sul, tinham concordado em não alugar nem vender suas casas e apartamentos para membros da minoria africana.
Muitos migrantes etíopes vivem em áreas de baixa renda e assentamentos ilegais. Organizações de direitos humanos acusaram o governo israelense de esterilizar à força os membros do grupo minoritário. As autoridades negaram as acusações.
Tradutor: Eloise De Vylder
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