sábado, 31 de agosto de 2013

Primeiro-ministro da Itália cede a Berlusconi para salvar coalizão italiana
Lucia Magi -El Pais
Alessandro Garofalo/Reuters
11.mai.2013 - Manifestantes protestam contra o primeiro-ministro italiano, Silvio Berlusconi, em Brescia. Berlusconi disse neste sábado que manterá seu apoio a Enrico Letta, chefe do governo italiano11.mai.2013 - Manifestantes protestam contra o primeiro-ministro italiano, Silvio Berlusconi, em Brescia. Berlusconi disse neste sábado que manterá seu apoio a Enrico Letta, chefe do governo italiano
O governo de Enrico Letta ganha tempo. Depois de meses de contas e negociações, conseguiu suprimir o imposto sobre a primeira residência introduzido pelo Executivo anterior, de Mario Monti. Tratava-se de um dos principais pontos de discórdia entre os dois partidos que apoiam a coalizão de governo: o Partido Democrático, de Letta (centro-esquerda), queria mudá-lo mas não suprimi-lo, enquanto o de centro-direita Povo da Liberdade (PDL), de Silvio Berlusconi, apostou forte em eliminá-lo.
Finalmente, Berlusconi ganhou a disputa de seu sócio. O governo volta a respirar. Tanto que no dia em que o Supremo deu a conhecer o texto integral da sentença contra o dono da Mediaset ninguém em seu partido ousou ameaçar o gabinete.
Letta e seu ministro da Economia, Fabrizio Saccomanni, encontraram os 4 bilhões de euros que o Estado deveria receber com o Imposto Municipal Único (IMU) em 2013.
Os dois prazos do imposto, que seriam cobrados em setembro e dezembro, serão eliminados, como detalhou Letta depois de uma reunião do governo. A partir do ano que vem, o IMU, cuja arrecadação iria financiar as prefeituras, será substituído pelo chamado "service tax", um imposto também municipal que integrará os serviços à cidadania, como o recolhimento de lixo. Essa nova taxa será incluída nos orçamentos de 2014, que na Itália têm o esperançoso nome de Lei de Estabilidade e que Letta pretende levar ao Parlamento em meados de outubro.
"Missão cumprida!", escreveu na rede social Twitter o ministro do Interior, Angelino Alfano; "a palavra IMU desaparecerá do vocabulário no futuro". O comentário do delfim de Berlusconi deixa claro quão essencial era para o Povo da Liberdade manter a palavra dada na campanha eleitoral de fevereiro: a supressão do IMU foi um de seus principais trunfos eleitorais. Mas o mais satisfeito foi o líder do PDL.
Mais uma vez, Berlusconi teve uma prova irrefutável de até que ponto incide e decide sobre a agenda do governo. E indica o quanto lhe convém manter-se no experimento um tanto estranho de uma coalizão que reúne os eternos rivais da direita e da esquerda.
"Letta respeitou os acordos com o PDL. Os efeitos positivos beneficiarão a todos os cidadãos", comentou Berlusconi.
Com a cessão de Letta, a contagem regressiva para a explosão do Palácio Chigi, a sede do governo, parece ter parado por enquanto. Mas resta resolver o nó da condenação de Berlusconi. O texto integral da sentença do caso Mediaset define preto no branco em um documento de 208 páginas que, segundo os juízes do Tribunal Supremo, o ex-primeiro-ministro foi o instigador do mecanismo ilegal de compra e venda de direitos televisivos que permitiu a suas empresas sonegar impostos. Por isso o condenaram, embora não administrasse mais de forma direta suas empresas, por ser chefe do governo. As consequências da decisão do
Supremo continuarão afetando a coalizão, embora Letta tenha afirmado na quinta-feira que não teme a possível expulsão de Berlusconi do Senado, depois de ter sido condenado a quatro anos de prisão em última instância. Na semana que vem o Senado deverá decidir se Berlusconi mantém ou não seu assento na Câmara.
Tradutor: Luiz Roberto Mendes Gonçalves

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