Philippe Wojazer/EPA/EFE
O presidente francês, François Hollande, explica que o "enxugamento" é necessário e imediato
"É um saco, mas é assim". Nos corredores do palácio do Eliseu, a declaração desse embaixador francês afronta a linguagem diplomática. O alvo de sua irritação diz respeito à "mudança da rede diplomática" instaurada pelo ministro das Relações Exteriores, Laurent Fabius.Para esse embaixador, presente em Paris, no dia 27 de agosto, para a conferência anual que reúne todos os diplomatas em atividade, isso equivale a uma redução no número de funcionários dentro da representação diplomática que ele dirige. Ele até que está bem. Outros quatorze, como na Jamaica ou no Nepal, deverão deixar suas residências, colocadas à venda pelo Estado francês, ou verão suas embaixadas serem simplesmente extintas.
Em uma carta de 15 de abril endereçada ao presidente François Hollande, da qual o "Le Monde" obteve uma cópia, o chefe da diplomacia francesa havia descrito a lógica dessa mudança que, de acordo com o ministro, atende aos objetivos de "enxugamento do estilo de vida do Estado respeitando a exigência de modernização da ação pública." De 2013 a 2015, 600 postos serão suprimidos.
A "marca França"
Devido a esse princípio de economia, "serão fechados postos diplomáticos nos países onde nossos interesses são inexistentes". Dentre eles estão: Maláui, Gâmbia, Serra Leoa e São Tomé e Príncipe. A lógica econômica neste caso se sobrepõe à da universalidade, graças à qual a rede diplomática francesa ainda é a 3ª maior do mundo (163 embaixadas bilaterais e 16 representações multilaterais), atrás dos Estados Unidos e da China.
Em seu discurso aos embaixadores, na terça-feira, François Hollande havia lembrado que "a rede cultural é também uma alavanca para afirmar a 'marca França'". No entanto, em breve 22 postos ou institutos culturais vão fechar as portas, sendo 13 na Europa. A Bósnia será particularmente afetada, com o fechamento programado de Banja Luka, Mostar e Tuzla. As cidades de Düsseldorf, Dresden, Saragoza e Veneza também serão afetadas, sem contar a Cracóvia, já programada. "Suas situações financeiras são difíceis, sem que sua influência seja demonstrada", explica o ministro.
No início de maio, um relatório do Tribunal de Contas fazia um balanço crítico da evolução da rede diplomática francesa desde 2007, enfatizando sobretudo as fragilidades do restruturamento para países emergentes e o aumento de custos. O Tribunal de Contas também se mostrou apreensivo com o fato de que, apesar de uma redução de 5% dos efetivos do Ministério das Relações Exteriores desde 2007, o custo da rede tenha dado um salto de 20%.
Tradutor: Lana Lim
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